|
|
Arquivo/Agência Brasil |
Após o resultado do primeiro turno das eleições de 2018, os procuradores que integram a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba consideraram articular um pedido de impeachment do ministro do STF, Gilmar Mendes – tratado como inimigo da operação. O fato foi revelado nos novos diálogos divulgados pelo site The Intercept em parceria com o UOL.
Deltan Dallagnol, chefe da operação em Curitiba, nutria certa animosidade em relação a Gilmar Mendes. No dia 10 de junho de 2018, uma entrevista do ministro ao jornal Estado de S. Paulo, deixou o procurador indignado com a maneira como Gilmar criticou o seu projeto chamado “10 medidas contra a corrupção”. Na ocasião, o ministro chegou a chamar algumas iniciativas de nazifascistas, considerando “coisa de tarado institucional”. Crítica a que Deltan retrucou em chat privado com os colegas da seguinte forma: “Vou responder dizendo que Gilmar é um brocha institucional”.
O resultado do primeiro turno da eleição de 2018 no Congresso foi classificado pelos procuradores como uma vitória. O fato de que 24 novatos assumiram a maior parte das cadeiras disputadas para reeleição no Senado gerou empolgação para o possível pedido de impeachment.
Ainda durante a apuração do primeiro turno, cenários para um possível impeachment começaram a ser traçados pelos procuradores no chat ‘Filhos de Januário 3’.
“Da pra sonhar com impeachment do gm [Gilmar Mendes]?”, perguntou o procurador Diogo Castor, então integrante da força-tarefa. A pergunta foi respondida por Laura Tessler: “Sonhar sempre pode, Diogo. Mas não tem chance de se concretizar”.
Na madrugadado do dia 8 de outubro, o procurador Paulo Roberto Galvão voltou a comentar o caso: “Olha aí. Agora sim, pela primeira vez é possível sim de se pensar em costurar um impeachment de Gilmar. Mas algo pensado e conversado e não na louca sem saber onde vai dar”.
Diogo Castor passou então a fazer as contas dos votos necessários: “Precisamos de 54 senadores (…) Se tem onze comprometidos com as medidas contra a corrupção, faltam 43 de 70”.
O procurador Orlando Martello Junior considerou que o pedido de impeachment não seria viável, mas pensou em uma estratégia para desgastar a imagem do ministro como alternativa.
“Impeachment, diria, é impossível. Talvez costurar um pedido de convocação, em q ele fique exposto, com cobranças, puxão de orelha e coisa tal, é mais factível. Os novos senadores, q não tem o rabo preso, podem ver isso como uma alavancagem”, comentou. “Sem falar q o quórum para aprovação deve ser bem menor ou mesmo pode ser feito no âmbito de uma das comissões, talvez a de justiça (não vi o regimento!)”, completou.
Senado
A nova legislatura do Senado vem sendo marcada pelo desgaste com os ministros do STF, que são considerados inimigos da Operação Lava Jato. Em fevereiro deste ano foi protocolado um pedido de CPI para investigar supostos abusos comentidos por Cortes superiores. A proposta foi chamada de CPI da Lava Toga e contou com o apoio de 27 senadores.
Em junho, o senador Randolfe Rodrigues (Rede), tentou dar sequência a um pedido de impeachment contra o ministro Gilmar Mendes, que não seguiu em frente.
Nesta terça-feira (6), o site El País em parceira com o Intercept divulgou uma reportagem que demonstra que os procuradores da Lava Jato em Curitiba buscaram coletar dados e informações sobre Gilmar Mendes, tendo como objetivo sua suspeição ou impeachment.
A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba informou a reportagem do UOL que nunca realizou representação pelo impeachment de Gilmar Mendes e afirmou não reconhecer as mensagens trocadas pelos procuradores através do aplicativo Telegram.