O deputado federal Felipe Carreras pronunciou-se na manhã desta terça (16), via Instagram, a respeito da repercussão que seu voto a favor da reforma da previdência tem tomado. Na última sexta (12), durante a votação em plenário dos destaques do projeto, Carreras foi assediado por colegas pernambucanos filiados a partidos aliados e oposição. O socialista que, segundo informações de bastidores, estava bastante chateado por ter sido chamado de traidor pelo presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, ouviu palavras de apoio no sentido de, caso a expulsão se concretizar, pudesse ter certeza de que não lhe faltará legendas com a disposição de abrigá-lo.
No longo texto postado na rede social, ele começa afirmando que há momentos de ouvir, mas que “agora chegou o de falar”. Reitera que não se considera um réu político por votar de acordo com as suas convicções e da maioria dos eleitores que a ele confiaram o voto. “Não há um brasileiro em sã consciência que não acredite ser importante uma reforma na previdência. Inclusive os partidos de esquerda! Eu sempre falei que não votaria pela aprovação do texto original”, explicou.
Afirmou, ainda, que a Câmara, sob liderança do presidente Rodrigo Maia, mudou pontos importantes como BPC, trabalhador rural, desconstitucionalização, capitalização, dentre outros, e que, atendidas estas exigências, não poderia votar de forma diferente. “Não há reforma perfeita. Independente da versão, todos vamos precisar abrir mão de algo. Temos agora, porém, uma reforma que vai garantir o futuro de várias gerações. É impossível agradar num voto a todos. Votei por convicção”, continuou.
Na postagem, o deputado ainda agradeceu a solidariedade de colegas de partido como o governador Paulo Câmara, o prefeito Geraldo Júlio e os também deputados João Campos e Danilo Cabral, dentre outros, além do de parlamentares de outras siglas a exemplo de André de Paula, Raul Henry, Fernando Bezerra Coelho e Sílvio Costa Filho. Concluiu afirmando que não irá devolver as agressões deferidas pelo dirigente do seu partido. “A ele, falei em seus olhos a minha decisão, um dia antes da votação. Tenho equilíbrio e respeito pelos colegas de partido que pensam diferente de mim. Não vou adjetivar ninguém. Todos possuem suas convicções. Sigo de cabeça erguida e focado em trabalhar por um Brasil melhor. Mais justo, mais tolerante. Menos desigual. Contem comigo sempre!!”, finaliza.
Confira, na íntegra, o texto postado por Felipe Carreras:
Há momento de ouvir. Agora chegou o de falar. Não me considero um réu político por votar de acordo com as minhas convicções e da maioria dos eleitores que me confiaram o voto. Não há um brasileiro em sã consciência que não acredite ser importante uma reforma na previdência. Inclusive os partidos de esquerda! Eu sempre falei que não votaria pela aprovação do texto original. A Câmara, sob liderança do Presidente @rodrigomaiarj, mudou pontos importantes: BPC, trabalhador rural, desconstitucionalização, capitalização, etc. Atendidas essas exigências, não tinha como não votar. Não há reforma perfeita. Independente da versão, todos vamos precisar abrir mão de algo. Porém, temos agora uma reforma que vai garantir o futuro de várias gerações. É impossível agradar num voto a todos. Votei por convicção. Quero aqui agradecer os gestos de solidariedade dos meus amigos, dos colegas do PSB de longas datas. Aliás, meu único partido, há 23 anos. Obg @paulocamara40 @Geraldojulio40, aos deputados federais @JoaoCampos e @danilocabral., os deputados estaduais @isaltino.nascimento, Francismar, @lucasramospe, @sivaldoalbino, @simonesantanape, @diogomoraespsb, @aluisiolessaoficial, @clodoaldomagalhaes, Adalto Santos, @aglailson_victor, @waldemar_borges e a vários outros amigos, entre eles o ex-secretário @sergio_xavier, que nos apoiaram neste momento, meu muito obrigado. Não posso deixar de agradecer também aos colegas de outras siglas como @andredepaula55, @raulhenryoficial, @fbezerracoelho, @wandersonflorencio1, @dep_albertofeitosa, @danielcoelho23, @silviocostafilho, @sebastiaooliveira22 @brunoaraujo456, e @augustocoutinhope que sempre me trataram com cordialidade e solidariedade. Por fim, gostaria de dizer que não vou aqui devolver as agressões públicas deferidas pelo dirigente do meu partido. A ele, falei em seus olhos a minha decisão, um dia antes da votação. Tenho equilíbrio e respeito pelos colegas de partido que pensam diferente de mim. Não vou adjetivar ninguém. Todos possuem suas convicções. Sigo de cabeça erguida e focado em trabalhar por um Brasil melhor. Mais justo, mais tolerante. Menos desigual. Contem comigo sempre!!
A possibilidade da direção nacional do PSB expulsar os 11 deputados que votaram a favor da reforma da Previdência acendeu o sinal de alerta de outros partidos, já de portas abertas para receber os dissidentes. A disposição dos partidos não é apenas de abrigar os “sem partidos” e aumentar o peso de suas respectivas bancadas na Câmara. Está em jogo também a disputa eleitoral de 2020 e essa lógica vale para Pernambuco, onde o único socialista a se posicionar contra a decisão do PSB de fechar questão contra a proposta, deputado Felipe Carreras, é um dos nomes que desponta entre os possíveis candidatos à Prefeitura do Recife em 2020.
Na última sexta-feira, durante a votação em plenário dos destaques do projeto, Carreras foi assediado por colegas pernambucanos filiados a partidos aliados e oposição. O socialista que, segundo informações de bastidores, estava bastante chateado por ter sido chamado de traidor pelo presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, ouviu palavras de apoio e, no caso da expulsão se concretizar, a certeza de que não lhe faltará legendas com a disposição de abrigá-lo.
Entre os partidos que abriram as portas para o socialista estão o MDB, PSD, PRB, Solidariedade, Avante e PSL, entre outros. Já o PSDB acenou publicamente para Felipe Carreras. O presidente nacional da sigla, o pernambucano Bruno Araújo, chegou a declarar que pagaria o valor do fundo partidário (R$ 1,3 milhão), que a direção nacional ameaça cobrar dos dissidentes a devolução. Questionado se teria recebido o retorno de Carreras, o tucano respondeu: “se acontecer sentaremos para conversar”, resumiu.
Levando em consideração a trajetória construída no PSB, segundo fontes revelaram ao Diario, pareceu estranho o fato dele ter recebido a solidariedade de oposicionistas e nenhum apoio da direção estadual e dos caciques locais do partido (Geraldo Julio e Paulo Câmara, que é vice-presidente nacional da sigla). Além de chamá-lo de traidor, Carlos Siqueira declarou que Carreras mudou de lado ao votar a favor da Previdência. A omissão de defesa dos dirigentes locais está sendo vista como uma forma de “empurrar” o deputado para fora do partido.
Oficialmente, o partido, através do presidente estadual, Sileno Guedes, só se manifestou, através de nota, no sábado, três dias após a aprovação do texto-base na Câmara, ponderando sobre o peso que se deve dar às punições de acordo com a história de cada parlamentar. “Em Pernambuco, por exemplo, o deputado Felipe Carreras, apesar da sua decisão, tem uma trajetória de muitos anos no PSB e isso não se pode negar. Defendo que haja atenuantes levando-se em conta a história e a renovação de compromissos de cada um”, diz o texto. O deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE), através do Twitter, também no sábado, manifestou-se no mesmo sentido, afirmando que sua expulsão não é justificada.