Wagner Gil
Na manhã da última quarta-feira (10), o mundo religioso foi pego de surpresa com a renúncia, por idade, do Bispo Diocesano de Caruaru, Dom Bernardino Marchió. Ele será substituído por Dom José Ruy Gonçalves Lopes, que será transferido da Diocese de Jequié, na Bahia. Ele assume as funções no dia 21 de setembro. Até lá, Dom Dino, como é carinhosamente chamado, continua a frente da Diocese.
O comunicado da mudança de direção na Igreja Católica ocorreu ao meio dia no horário de Roma (7h no horário de Brasília), e divulgado no site do Vaticano e da CNBB. Dom Dino solicitou à Assessoria de Comunicação da Diocese de Caruaru para publicar a decisão.
Nascido em Busca, na Itália, em 06 de setembro de 1943, Dom Dino já passou pelas paróquias de Palmares e Pesqueira. Durante entrevista coletiva realizada na Cúria Diocesana, na manhã da quarta-feira, ele anunciou que iria manter residência fixa em Caruaru. Tendo completado 75 anos em 2018, Dom Dino enviou solicitação de renúncia do ofício, procedimento exigido pelo cânon 401, § 1 do Código de Direito Canônico, promulgado pelo Papa João Paulo II, em 1983.
Com a aprovação do pedido de renúncia, o parágrafo 1 do Cânon 402 prevê a emeritude do bispo. Para a Igreja Católica, o processo de emeritude é apresentado como uma espécie de aposentadoria episcopal. A partir daí, o bispo emérito fica desobrigado das funções administrativas da Diocese. Isso não significa que ele deixará de ser bispo: até o fim da sua vida continua vinculado à Igreja de acordo com sua Ordem ou Congregação.
Na Diocese de Caruaru houve um caso de emeritude, quando em 1992, Dom Augusto Carvalho renunciou o ministério episcopal, tornando-se Bispo Emérito de Caruaru. Seu sucessor, Dom Antônio Soares Costa, foi bispo diocesano de 1993 a 2002, ano de seu falecimento. Em 2002, Dom Bernardino Marchió foi transferido da Diocese de Pesqueira para Caruaru e tomou posse no dia 12 de janeiro de 2003. Durante 16 anos, esteve à frente das 19 cidades que compõem a Diocese de Caruaru. Em Pesqueira, Dom Dino pastoreou de 1993 a 2002.
Até a data da posse do novo Bispo – 21 de setembro deste ano – Dom Bernardino Marchió continuará como Administrador Apostólico da Diocese. Ele conversou com a reportagem VANGUARDA. “Gostaria de agradecer a todos os que aqui trabalharam comigo. Foram dias difíceis, de muito trabalho e fé. Conseguimos alcançar nossos objetivos e só tenho a agradecer!”, disse Dom Dino.
Durante a coletiva, ele revelou que sua maior alegria na cidade foi o contato com a população local. “Aqui conheci pessoas maravilhosas. Essas pessoas são padres, colaboradores e a Imprensa também. A vocês (Imprensa), meus sinceros agradecimentos. Por tudo que vocês nos ajudaram a fazer pelas igrejas e pelas pessoas”, finalizou.
O NOVO BISPO DE CARUARU
Dom José Ruy Gonçalves Lopes, OFMCap., nasceu no dia 6 de agosto de 1967 (51 anos), em Feira de Santana – Bahia. Ele fez seus votos religiosos na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap.) em 10 de janeiro de 1988 (31 anos) e foi ordenado presbítero no dia 5 de dezembro de 1993 (26 anos) em Feira de Santana- BA.
Dom José Ruy estudou filosofia e teologia na Universidade Católica de Salvador, e cursou pós-graduação em teologia moral na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, na Arquidiocese de São Paulo. Ele foi pároco em Valéria-BA e capelão no Leprosário de Águas Claras, em Salvador-BA. Dom José foi ainda definidor provincial e ecônomo provincial. Posteriormente, foi ministro provincial e vice-presidente da Conferência dos Capuchinhos do Brasil. Era diretor do Colégio Santo Antônio, quando foi nomeado bispo de Jequié.
Ele foi nomeado bispo de Jequié pelo Papa Bento XVI no dia 4 de julho de 2012 e recebeu a ordenação episcopal no dia 7 de setembro desse mesmo ano.
Dom José enviou carta à Imprensa de Caruaru e mostrou conhecimento de nossas riquezas e tradições. “Neste dia em que o Santo Padre, o Papa Francisco nomeia um humilde operário da vinha do Senhor, como quinto bispo diocesano desta já querida Diocese de Caruaru, quero expressar uma cordial saudação a todos!”, disse.
Veja a carta na íntegra:
Trago em meu lema episcopal, “Ex toto Corde”, o primado de Deus e da caridade, dentro do mandamento do amor, o imperativo do coração. (Mt 22,37)
Com este fundamento, me apresento tão somente como um homem de fé, crendo que o amor a Deus é capaz de construir pontes, não apenas aquelas entre pessoas e instituições, mas sobretudo e especialmente, aquela grande ponte que liga o ser humano a Deus, Criador e Pai.
Sei que na “terra do barro”, onde a criatividade de mestres, artesãos e escultores que elaboraram obras de arte, não faltará a matéria prima da fé a fim de que com a Graça de Deus, possamos construir esta grande ponte para o Céu.
Desta forma, seguindo as pegadas do confrade querido e venerável Frei Damião de Bozzano, meu coração calça as sandálias franciscanas ao me dirigir a cada pessoa de fé e de boa vontade, inicialmente pelos sacerdotes, primeiros colaboradores, para que tenham a convicção de minha paternidade espiritual; de cada homem e mulher de fé, leigos e leigas de boa vontade; seminaristas; ida consagrada e religiosa; enfim, pedindo a licença para ter acesso ao coração de cada um com o propósito de semear a paz e o bem.
Uma saudação especial, permeada de agradecimentos, a Dom Dino Marchió por todo o bem plantado e por toda solicitude desde o primeiro momento da escolha para sucedê-lo. Que Nosso Senhor o guarde neste novo tempo de sua vida!
Suplico a intercessão da sempre bem-aventurada Nossa Senhora das Dores, a quem sempre me refugiei em seu colo, desde quando há pouco mais de trinta anos ingressei na Província dos Capuchinhos de Nossa Senhora da Piedade. Peço à Mãe de Nosso Senhor o amparo e a proteção para seguir junto com vocês o caminho que sempre nos leva ao Pai. À Nossa Senhora sempre pedi o que o povo canta em oração: “Por este Senhor que tendes nos braços, pelas vossas dores dirigi meus passos”.
Coloco-me à disposição de todos nesta perspectiva de uma caminhada de fé e esperança, parafraseando o “mártir” capuchinho, Dom Vital, “peçam-nos tudo, nunca porém, o sacrifício da nossa consciência”.
Enfim, dentro em breve, dia 21 de setembro, haverei de sentar-me nesta honrosa cátedra para tão somente servi-los (e esse é o sentido do ministério ordenado) no grande horizonte que a Igreja Católica é para a humanidade: a salvação e a paz!
Dom José Ruy Gonçalves Lopes