A dor orofacial é toda dor associada a tecidos moles e mineralizados (pele, vasos sanguíneos, ossos, dentes, glândulas ou músculos) da cavidade oral e da face. As condições clínicas associadas mais frequentemente são dores de dentes e gengivas, disfunção temporomandibular (muscular ou articular), dores nos nervos, tumores, trauma dos tecidos e doenças autoimunes. O ortodontista Pedro Miranda, especialista em DTM (Disfunção Temporomandibular) e Dor Orofacial, explica que é comum que a dor esteja associada a cervicalgias, cefaleias primárias, fibromialgia e doenças reumáticas como artrite reumatóide.
A DTM se refere às anormalidades que atingem as ATMs (Articulações Temporomandibulares) e/ou os músculos da mastigação. De acordo com um estudo apresentado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, em 2023, cerca de 37% da população brasileira apresenta, pelo menos, um sintoma relacionado ao problema. “Entre os mais comuns estão a dificuldade, dor ou limitação para abrir ou movimentar a boca, ruídos nas ATMs, travamento da mandíbula, dores na face e próximo ao ouvido, cansaço nos músculos da face, certos tipos de dores de cabeça, entre outros”, detalha o especialista.
O especialista destaca que não existe uma causa específica para a DTM, mas fatores que podem provocar, prolongar e colaborar para que a dor e disfunção se apresentem. Entre eles estão traumas, estresse emocional, apertamento constante dos dentes quando acordado, bruxismo do sono, hábitos como mascar chicletes e roer unhas e até predisposição genética para dores crônicas. Já os sinais podem surgir como dores de cabeça, mais frequentemente relatadas pelos pacientes. A cefaleia afeta pessoas de todas as idades (54,2% adultos, 51% adolescentes e 24% idosos) e de ambos os sexos, sendo mais comum em mulheres. Já a dor na cabeça pode ser em pressão, localizada nas têmporas, e do mesmo lado da ATM. Esta dor recebe a denominação de dor de cabeça secundária, ou seja, causada pela presença da DTM.
Entretanto, é muito comum que o paciente apresente dor de cabeça primária (quando a dor é a própria doença) e DTM ao mesmo tempo. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, entre os tipos de dores de cabeça mais comuns na população brasileira estão a migrânea ou enxaqueca (15,2%), a cefaleia tensional (13%) e a cefaleia crônica diária (6,9%). Também é bastante frequente o relato de dor no ouvido em pacientes com DTM, assim como hipoacusia (perda parcial ou total da audição), tinido (sons/zumbido no ouvido), vertigens e tonturas (sensação de desequilíbrio).
Tratamentos – A maioria das DTMs apresentam envolvimento muscular com indicação de tratamentos conservadores. “Estes, a exemplo do autocuidado, medicação, placa de mordida, fisioterapia, entre outros, apresentam excelentes resultados. A automedicação não é indicada. Para o diagnóstico e tratamento da condição é importante buscar um profissional capacitado, com formação na área de DTM/DOF. A cirurgia é indicada apenas para uma pequena porcentagem de casos, em que há alterações específicas nas ATMs”, orienta o profissional.
Crianças e Adolescentes – Uma pesquisa epidemiológica recente sugere que cerca de 35% de crianças possui pelo menos um sinal/sintoma de DTM/DOF. Esses, em pacientes na fase de crescimento e desenvolvimento, são transitórios (vêm e voltam), flutuantes (com pioras e melhoras) e autolimitantes (quando podem desaparecer sem que haja tratamento). Mesmo assim, podem apresentar efeitos negativos sobre a qualidade de vida. “Os sinais mais comuns da DTM/DOF são estalos nas ATM durante o movimento da mandíbula, dificuldades de abrir ou de fechar a boca, dores de cabeça, dores nas bochechas, na região da orelha e cansaço durante a mastigação”, relata o ortodontista.
Pedro Miranda – Formado, há 27 anos, em Odontologia, é especialista em DTM (Disfunção Temporomandibular) e Dor Orofacial; Ortodontia (aparelho fixo, aparelho estético – porcelana e alinhadores – Invisalign). É professor de Ortodontia, DTM e Dor Orofacial, com experiência em Odontologia do Sono (Ronco e Apneia) e Bruxismo. Faz parte da Comissão de Odontologia do Sono do Conselho Regional de Odontologia-PE (CRO-PE), junto com as profissionais Sandra Jordão, Ana Regina da Matta, Eleonora Burgos, Renata Grinfeld e Vânia Cristina.