Estudo mostra que música pode potencializar tratamento contra hipertensão

Agência Brasil

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostra que a música pode intensificar os efeitos de medicamentos contra a hipertensão arterial. O estudo, desenvolvido em parceria com a Faculdade de Juazeiro do Norte, a Faculdade de Medicina do ABC e a Oxford Brookes University (Inglaterra), identificou os benefícios da associação em 37 pacientes.

Os participantes da pesquisa foram avaliados durante dois dias. No primeiro, logo após ingerir a medicação, eles escutaram música durante uma hora. No segundo, os remédios eram administrados, mas eles apenas usavam os fones sem nenhuma melodia. “Nós concluímos que a música intensificou, em curto prazo, os efeitos benéficos do medicamento anti-hipertensivo sobre o coração”, disse o coordenador do estudo, o professor do Departamento de Fonoaudiologia da Unesp Vitor Engrácia Valenti.

Para verificar os efeitos da música, foi usado o método da variabilidade da frequência cardíaca, que tem mais precisão e sensibilidade para avaliar as alterações no coração. Entre os efeitos observados estão a desaceleração dos batimentos e a redução da pressão arterial.

Música pop

Os pacientes foram estimulados com músicas instrumentais das cantoras pop Adele e Enya. “Nós pensamos nessas músicas porque são mais popularmente aceitas”, comentou Valenti sobre a escolha. O grupo tem pesquisado desde 2012 os efeitos da música sobre o coração. Nos experimentos anteriores havia sido usada música erudita.

A partir de estudos feitos em animais, a hipótese dos pesquisadores para os resultados da associação entre o medicamento anti-hipertensão e a música é que a combinação aumenta a absorção dos remédios pelo organismo. “[A música age sobre] um nervo que estimula o sistema gastrointestinal, causa uma vasodilatação, aumenta a absorção do intestino nos animais. Uma hipótese é que a música acelerou a absorção do medicamento pelo intestino”, explicou o coordenador do trabalho.

Além de potencializar o tratamento em pacientes cardíacos ou hipertensos, Valenti acredita que a música pode se tornar um método auxiliar para prevenir o desenvolvimento da doença em pessoas com essa propensão. “A música pode ser associada com o medicamento para melhorar ainda mais a saúde dos pacientes, até preventivamente, quando a pessoa tem risco de desenvolver uma doença cardiorrespiratória”, acrescentou.

Mercado financeiro reduz projeção da inflação de 3,54% para 3,53%

Agência Brasil

O mercado financeiro reduziu pela décima semana seguida a estimativa para a inflação este ano. Hoje, (9), a projeção do mercado para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi levemente reduzida de 3,54% para 3,53%, de acordo com o boletim Focus, publicação semanal do Banco Central (BC) sobre os principais indicadores econômicos.

A projeção segue abaixo do centro da meta de 4,5%, mas acima do limite inferior de 3%. Para 2019, a estimativa para a inflação foi ajustada de 4,08% para 4,09%, abaixo do centro da meta (4,25%).

Para alcançar a meta, o BC usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 6,5% ao ano. Quando o Copom aumenta a Selic, a meta é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação.

De acordo com a previsão das instituições financeiras, a Selic encerrará 2018 em 6,25% ao ano e subirá ao longo de 2019, encerrando o período em 8% ao ano.

A estimativa para o crescimento este ano do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, caiu pela segunda vez seguida, ao passar de 2,84% para 2,80%. Para 2019, a projeção é mantida em 3%.

Estado propõe criação de nova unidade de conservação na Caatinga

A proposta de criação de uma unidade de conservação que busca proteger uma área de 301,2 hectares da propriedade Sítio Baixa Verde, numa região conhecida como Serra do Giz, nos limites dos municípios de Carnaíba e Afogados da Ingazeira, de grande riqueza da fauna e da flora do Bioma Caatinga será debatida com a sociedade em duas consultas públicas que acontecem amanhã e quarta-feira (10 e 11/04), às 9h, no Teatro José Fernandes de Andrade, em Carnaíba e na Câmara de Vereadores de Afogados, na região do Pajeú. Os encontros sobre a UC de proteção integral Refúgio de Vida Silvestre promovidos pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e Agência CPRH têm como objetivo receber contribuições e sugestões dos representantes de órgãos públicos, da sociedade civil e da iniciativa privada, ONGs, pesquisadores, empresários, proprietários, sindicatos rurais, além das comunidades e quilombolas da região.

Os estudos técnicos e levantamento das características ambientais da região foram contratados por meio de um Termo de Cooperação firmado entre a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e a Prefeitura Municipal de Afogados da Ingazeira e realizados através da consultoria do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan). De acordo com os dados sobre as características ambientais, socioeconômicas, culturais e históricas, a região é rica em diversidade da flora, algumas ameaçadas de extinção, como é o caso da aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva). Além disto, com relação aos animais identificados nos estudos, há espécies da fauna classificadas como vulneráveis ou em risco de extinção, como o gato do mato (Leopardus tigrinus).

Outros bens de natureza cultural e histórica identificados na região pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) são os sítios arqueológicos, catalogados no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (SNSA/SGPA) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, entre eles a Serra da Queimada Grande, o Riacho do Leitão e o Sítio dos Leitões, que abrigam registros pré-históricos formados por inscrições, pinturas e grafismos. Um dos sítios de destaque é o da Serra (ou Serrote) do Giz, com importantes inscrições de arte rupestre, que inspirou o nome da nova unidade proposta pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

De acordo com o Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, “o Governo de Pernambuco está dando continuidade à sua estratégia de conservação da biodiversidade nesta região tão vulnerável às mudanças climáticas que é o semiárido. Iremos nas duas consultas públicas apresentar e debater com os atores locais a criação de mais uma unidade de proteção integral na Caatinga”, destacou Carlos Cavalcanti.

Entre as principais justificativas para criação de um Refúgio de Vida Silvestre que, de acordo com os Sistemas Nacional e Estadual de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC e SEUC, tem como objetivo “proteger os ambientes naturais onde se assegurem condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória”, é principalmente conservar as áreas de Caatinga, evitando-se assim a diminuição da diversidade desta região. Para Samanta Della Bella, “além de promover ações de proteção à biodiversidade, que incluem a gestão, a fiscalização e o monitoramento, outro benefício é a apropriação pela comunidade local desse bem ambiental, além da proteção do patrimônio arqueológico”, ressaltou a gerente de conservação da biodiversidade da Semas.

Visando garantir uma ampla divulgação da proposta e a participação da sociedade nas consultas públicas, as equipes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e da Agência CPRH, com o apoio do Cepan, realizaram mobilização nos municípios que irão abrigar a UC entre os dias 2 e 5 de abril.

SERVIÇO – CONSULTA PÚBLICA SOBRE A UC REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE DA SERRA DO GIZ

DATA: 10 de abril – Carnaíba
HORÁRIO: 9h
LOCAL: Teatro José Fernandes de Andrade – Praça de Eventos Milton Bezerra Chagas – Centro – Carnaíba

DATA: 11 de abril – Afogados da Ingazeira
HORÁRIO: 9h
LOCAL: Câmara de Vereadores – Rua Dr. Roberto Nogueira Lima, 236 – Afogados da Ingazeira.

Central perde para o Náutico na final do Estadual

náutico

Com informações do JC

Não foi dessa vez que um campeão Pernambucano saiu do interior. O Central perdeu por 2×1 do Náutico na final do Estadual 2018, em jogo realizado no último domingo (8), na Arena Pernambuco.

Depois de 14 anos, o grito voltou a explodir da garganta alvirrubra. O presente veio com uma Arena de Pernambuco lotada, com mais de 40 mil pessoas. A vitória resgata a auto-estima dos alvirrubros após temporada sofridas, com rebaixamentos e campanhas ruins.

A primeira etapa foi marcada por reviravoltas. Nos primeiros 15 minutos, só deu Náutico, que entrou em campo com uma postura bem ofensiva, com três atacantes e dois meias no time titular. No abafa, quase abriu o placar logo aos quatro minutos. De falta, Wallace Pernambucano carimbou o poste esquerdo de França. A bola ainda passou na frente da barra centralina e saiu.

Depois, foi a vez do Central dominar. Com posse de bola, o time caruaruense chegou em três oportunidades. Com 25, Fernando Pires arrematou de longe e goleiro Bruno espalmou para escanteio. Dois minutos depois, Gildo abriu o placar. Após lançamento, o atacante driblou Camutanga e só tirou do arqueiro alvirrubro. A arbitragem marcou impedimento polêmico, o que revoltou a torcida do Central. Aos 35, Dudu Gago cruzou e Douglas Carioca acertou a rede no lado de fora.

No seu pior momento, o Náutico abriu o placar. Com 43 minutos, Júnior Timbó arrancou pela esquerda e cruzou. Ortigoza chutou, a bola desviou em Danilo Quipapá e matou França. Explosão alvirrubra na Arena de Pernambuco.

Na segunda etapa, o técnico Roberto Fernandes garantiu a vitória com uma mudança. Saiu Wallace Pernambucano, mais uma vez apagado, e entrou Jobson. Novamente nos primeiros minutos de um tempo, o Timbu pressionou. Com oito, Ortigoza até balançou as redes após dividir com França, mas a arbitragem marcou toque de mão do paraguaio e o advertiu com amarelo.

Com 13 minutos, o golpe que deixou os alvirrubros com a mão na taça. Do papai Jobson, que antes do primeiro jogo da final descobriu que vai ser pai. Ele deu uma pintura de presente para todos os torcedores. Após passe açucarado de Rafael Assis, driblou dois defensores do Central e chutou cruzado, sem chances para França.

Aguerrido, o Central não desistiu e foi pra cima do Náutico no fim. Com 26 minutos, até conseguiu diminuir com Júnior Lemos, após pênalti de Kevyn. Oito minutos depois, a mesma trave tirou outro gol na partida. Desta vez do Central. Após chute cruzado de Júnior Lemos, a bola novamente acertou o poste esquerdo, passou na frente do gol e saiu. No último apito de Nielson Nogueira Dias, o fim do sufoco: o Timbu volta a ser campeão do Estadual!

FICHA DE JOGO – NÁUTICO 2X1 CENTRAL

NÁUTICO – Bruno; Thiago Ennes, Camutanga, Camacho e Kevyn; Negretti, Júnior Timbó e Wallace Pernambucano (Jobson); Rafael Assis, Ortigoza e Robinho. Técnico: Roberto Fernandes.

CENTRAL – França; Eduardo Gago, Danilo Quipapá, Vitão e Charles; Eduardo Erê, Douglas Carioca (Itacaré), Fernando Pires e Júnior Lemos (Mateus Issa); Leandro Costa e Gildo (Lucas Silva). Técnico: Mauro Fernandes.

Local: Arena de Pernambuco. Árbitro: Nielson Nogueira Dias (PE). Assistentes: Clóvis Amaral e Cleberson Nascimento (ambos de PE). Gols: Ortigoza, aos 43 min do 1ºT; Jobson, aos 12 min do 2ºT, e Júnior Lemos, aos 26 min do 2ºT. Cartões amarelos: Thiago Ennes, Camacho, Kevyn e Jobson (N). Dudu Gago e Eduardo Erê (C).

Foto: JC

Uninter aposta em tendências para as graduações de Jornalismo a distância

De acordo com o relatório Tendências e Previsões para o Jornalismo, Mídia e Tecnologia em 2018, produzido pela Reuters Institute e Oxford University, este será um ano crítico para empresas de tecnologia e para a indústria do jornalismo. As plataformas digitais estão cada vez mais conscientes dos danos sofridos em suas reputações, ao mesmo tempo em que muitos editores buscam quebrar a dependência a essas ferramentas.

O estudo informou que o ano será de renovação na busca por desenvolvimento de dados, já que a habilidade de coletar, processar e usá-los com eficiência é visto como diferencial na construção da notícia. Para construir relacionamentos efetivos e capazes de oferecer serviços cada vez mais personalizados, os veículos de comunicação também exigirão de seus usuários que saiam do status de “anônimo” para “conhecido” na hora de consumir notícias.

Em 2017, o Centro Universitário Internacional Uninter lançou a graduação a distância de Jornalismo (com duração de quatro anos). O curso forma profissionais para atuarem em empresas jornalísticas e meios de comunicação, impressos, eletrônicos ou on-line, bem como em assessorias de imprensa, agências de notícias, revistas, telejornais, radiojornais, programas, debates, documentários, sites e páginas da internet.

“O formando será capacitado para exercer a profissão de forma consciente, atualizada e criativa, além de dominar as ferramentas e as técnicas de comunicação”, explica Benhur Gaio, reitor do Centro Universitário.

Para auxiliá-lo na formação, os futuros jornalistas têm acesso ao pacote Adobe Creative Cloud com mais de 30 softwares disponíveis e o kit My Studio, com câmera fotográfica, filmadora digital, tripé e gravador de voz. “A partir do segundo ano, eles recebem o kit e podem aliar o aprendizado à prática de forma autônoma. É um grande passo na formação de nossos alunos”, comemora Benhur.

A Uninter é a única instituição de ensino superior do Brasil a oferecer de forma gratuita esse pacote completo de vantagens extras aos seus alunos.

Mais informações: https://www.uninter.com/graduacao-ead/curso-jornalismo/ ou 0800 702 0500.

Conselho Nacional do Trabalho retoma discussão sobre tabela de categorias

O Conselho Nacional do Trabalho (CNT) decidiu retomar a discussão referente à tabela de categorias, incluindo os trabalhadores rurais, durante a sua 6ª Reunião, ocorrida em Brasília. Com esse objetivo, foram criados dois grupos bipartites, dos quais participarão representantes sindicais dos trabalhadores, dos empregadores e o Ministério do Trabalho.

O conselho pretende codificar e organizar as categorias profissionais. Os grupos também irão deliberar sobre o desmembramento e a dissociação das categorias, de forma que estas possam especificar e delimitar sua representatividade sindical e respectiva abrangência territorial.

De acordo com o ministro do Trabalho interino, Helton Yomura, a divisão em grupos para discutir o assunto é uma solução inteligente. “Será mais eficaz para que a bancadas representativas consigam apresentar sugestões e avançar nos debates”, pondera o ministro, que preside o CNT.

O CNT também avançou no sentido de harmonizar normas e procedimentos para a concessão de registros sindicais. Segundo o secretário-adjunto da Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do Ministério do Trabalho, Luis Carlos Barbosa, harmonizar as normas é de extrema importância para “a segurança jurídica e a transparência das decisões”.

Socorro Pimentel e Miguel Ricardo se filiam ao PTB

filiação

O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de Pernambuco filiou, no sábado (7), momentos antes de se realizar o quarto encontro do movimento “Pernambuco Quer Mudar”, em Ipojuca, a deputada estadual Socorro Pimentel e o empresário Miguel Ricardo. O ato de filiação aconteceu no Hotel Marulhos, em Muro Alto, Porto de Galinhas. O evento contou com as presenças de várias lideranças e autoridades.

Na ocasião, o senador Armando Monteiro (PTB-PE) comemorou as novas filiações ao partido. “É uma honra para o partido contar com Miguel e Socorro em seus quadros. Quero celebrar essas duas conquistas ao nosso projeto, que tenho certeza que será bem sucedido”, comentou. O deputado estadual José Humberto, presidente PTB-PE, presidiu a cerimônia e destacou a importância de chegada dos novos quadros ao partido.

Parceiro político de Miguel Ricardo, o deputado federal Jorge Côrte Real (PTB-PE) participou do evento e reconheceu a competência de Miguel. “É um jovem competente, que traz novas ideias para nosso partido”, confirmou Côrte Real.

Estiveram presentes no ato de filiação os ex-governadores Joaquim Francisco (PSDB) e João Lyra Neto (PSDB), o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), o ex-ministro e deputado federal Bruno Araújo (PSDB), o ex-ministro deputado federal Mendonça Filho (DEM), entre outras autoridades.

Foto: Divulgação

Joaquim Barbosa assina ficha de filiação ao PSB

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa assinou ficha de filiação ao PSB na noite desta sexta-feira (6/4), em São Paulo. O presidente Carlos Siqueira saudou a filiação do ministro. “Joaquim Barbosa é um homem público honrado, de trajetória admirável, que vem reforçar e qualificar os quadros do partido.

É uma satisfação contar com o ministro no PSB neste momento tão desafiador do nosso país”, afirmou. Siqueira ressaltou a atuação de Barbosa à frente da Suprema Corte. “Ele deixou sua marca pessoal de firmeza e independência, e, ao colocar em discussão na corte pautas progressistas contribuiu para um significativo avanço civilizatório da sociedade brasileira”, disse.

Trajetória

Ministro do STF de 2003 a 2014, Barbosa foi presidente da corte entre 2012 e 2014 e desempenhou papel de destaque no julgamento da Ação Penal 470. Doutor e mestre pela Universidade de Paris-II Panthéon-Assas, o ex-ministro é professor licenciado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Em sua longa carreira pública, antes de chegar ao Supremo, atuou quase 20 anos como procurador do Ministério Público Federal.

Natural de Paracatu (MG), Barbosa mudou-se para Brasília nos anos de 1970, concluiu os estudos secundários e ingressou no curso de Direito da Universidade de Brasília.

Blog traz na íntegra discurso de Lula antes de se entregar à PF

Num discurso de 55 minutos, o ex-presidente Lula conclamou as forças que o apoiam a fazerem manifestações, reafirmou sua inocência e voltou a atribuir sua condenação judicial a um processo de perseguição política, envolvendo grandes veículos de mídia, o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal.

As declarações de Lula foram dadas logo após uma cerimonia religiosa, nesse sábado (07), no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, em homenagem a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que completaria 68 anos. Lula se entregou à Polícia Federal (PF) por volta das 18h45 de ontem. No mesmo dia, o petista foi levado à Superintendência da PF em Curitiba.a

Íntegra do discurso de Lula em texto:

“[Lula faz saudações e agradecimentos a diversas pessoas presentes]… Em 1979, esse sindicato fez uma das greves mais extraordinárias. E nós conseguimos fazer um acordo com a indústria automobilística que foi talvez o melhor. E eu tinha uma comissão de Fábrica com 300 trabalhadores. E o acordo era bom. E eu resolvi levar o acordo para Assembleia. E resolvi pedir pra comissão de fábrica ir mais cedo para conversar com a peãozada. E eu fazia assembleia de manhã pra evitar que o pessoal bebesse um pouquinho a tarde, porque quando a gente bebe um pouquinho a gente fica mais ousado.

Mesmo assim não evitava porque o cara levava litro de conhaque dentro da mala e quando eu passava tomava uma ‘dosinha’ para a garganta ficar melhor – coisa que não aconteceu hoje. Pois bem, nós começamos a colocar o acordo em votação e 100 mil pessoas no Estádio da Vila Euclides não aceitavam o acordo. Era o melhor possível. A gente não perdia dia de férias, não perdia décimo terceiro e tinha quinze por cento de aumento. Mas a peãozada tava tão radicalizada que queria 83 ou nada. E nós conseguimos. E passamos um ano sendo chamado de pelego pelos trabalhadores.

A gente, Guilherme, ia na porta de fábrica… [Lula começa a fazer saudações diversas]. Então companheiros e companheiras, nós conseguimos… os trabalhadores não aprovaram o acordo… [interrupção para atendimento médico à pessoa na multidão]. Eu ia dizendo pra vocês que nós não conseguimos aprovar a proposta que eu considerava boa e o pessoal então passou a desrespeitar a diretoria do Sindicato. Eu ia na porta da fábrica ninguém parava. E a imprensa escrevia: “Lula fala para os ouvidos moucos dos trabalhadores”.

Nós levamos um ano para recuperar o nosso prestígio na categoria. E eu fiquei pensando com ar de vingança: “Os trabalhadores pensam que eles podem fazer 100 dias de greve, 400 dias de greve, que eles vão até o fim. Pois eu vou testá-los em 1980”. E fizemos a maior greve da nossa história. A maior greve. 41 dias de greve. Com 17 dias de greve fui preso e os trabalhadores começaram depois de alguns dias a furar greve e nós então – eu sei que Tuma, eu sei que o doutor Almir eu sei que Teotônio Vilela ia dentro da cadeia e falava assim pra mim: “Ô Lula cê precisa acabar com a greve, cê precisa dar um conselho para acabar com a greve”. E eu dizia: “Eu não vou acabar com a greve. Os trabalhadores vão decidir por conta própria”.

O dado concreto é que ninguém aguentou 41 dias porque na prática o companheiro tinha que pagar leite, tinha que pagar a conta de luz, tinha que pagar gás, a mulher começou a cobrar o dinheiro do pão, ele então começou a sofrer pressão e não aguentou. Mas é engraçado porque na derrota a gente ganhou muito mais sem ganhar economicamente do que quando a gente ganhou economicamente. Significa que não é dinheiro que resolve o problema de uma greve, não é 5%, não é 10%, é o que está embutido de teoria política de conhecimento político e de tese política numa greve.

Agora, nós estamos quase que na mesma situação. Quase que na mesma situação. Eu tô sendo processado e eu tenho dito claramente: “O processo do meu apartamento, eu sou o único ser humano que sou processado por um apartamento que não é meu”. E ele sabe que o Globo mentiu quando disse que era meu. A Polícia Federal da Lava Jato quando fez o inquérito mentiu que era meu, o Ministério Público quando fez a acusação mentiu dizendo que era meu e eu pensei que o Moro ia resolver e ele mentiu dizendo que era meu e me condenou a nove anos de cadeia.

É por isso que eu sou um cidadão indignado, porque eu já fiz muita coisa com meus 72 anos. Mas eu não os perdoo por ter passado para a sociedade a ideia de que eu sou um ladrão. Deram a primazia dos bandidos fazer um pixuleco pelo Brasil inteiro. Deram a primazia dos bandidos chamarem a gente de petralha. Deram a primazia de criar quase um clima de guerra negando a política nesse país. E eu digo todo dia: nenhum deles, nenhum deles, tem coragem ou dorme com a consciência tranquila da honestidade, da inocência que eu durmo. Nenhum deles. [aplausos].

Eu não estou acima da justiça. Se eu não acreditasse na justiça eu não tinha feito partido político. Eu tinha proposto uma revolução nesse país. Mas eu acredito na justiça, numa justiça justa, numa justiça que vota um processo baseado nos autos do processo, baseado nas informações das acusações, das defesas, na prova concreta que tem a arma do crime o que eu não posso admitir é um procurador que fez um powerpoint e foi pra televisão dizer que o PT é uma organização criminosa que nasceu para roubar o Brasil e que o Lula, por ser a figura mais importante desse partido, o Lula é o chefe, e portanto, se o Lula é o chefe, diz o procurador, “eu não preciso de provas, eu tenho convicção”.

Eu quero que ele guarde a convicção deles para os comparsas deles, para os asseclas deles e não para mim. Certamente um ladrão não estaria exigindo prova. Estaria de rabo preso com a boca fechada torcendo para a imprensa não falar o nome dele. Eu tenho mais de 70 horas de Jornal Nacional me triturando. Eu tenho mais de 70 capas de revista me atacando. Eu tenho mais de milhares de páginas de jornais e materias me atacando. Eu tenho mais a Record me atacando. Eu tenho mais a Bandeirantes me atacando, eu tenho a rádio do interior me atacando. E o que eles não se dão conta é que quanto mais eles me atacam mais cresce a minha relação com o povo brasileiro.

Eu não tenho medo deles. Eu até já falei que gostaria de fazer um debate com o Moro sobre a denúncia que ele fez contra mim. Eu gostaria que ele me mostrasse alguma coisa de prova. Eu já desafiei os juízes do TRF-4 que eles fossem prum debate na universidade que ele quiser, no curso que ele quiser, provar qual é o crime que eu cometi nesse país. E eu as vezes tenho a impressão e tenho a impressão porque eu sou um construtor de sonhos.

Eu há muito tempo atrás sonhei que era possível governar esse país envolvendo milhões e milhões de pessoas pobres na economia, envolvendo milhões de pessoas nas universidades, criando milhões e milhões de empregos nesse país, eu sonhei, eu sonhei que era possível um metalúrgico, sem diploma universitário, cuidar mais da educação que os diplomados e concursados que governaram esse país e cuidaram da educação. Eu sonhei que era possível a gente diminuir a mortalidade infantil levando leite feijão e arroz para que as crianças pudessem comer todo dia. Eu sonhei que era possível pegar os estudantes da periferia e colocá-los nas melhores universidades desse país para que a gente não tenha juiz e procuradores só da elite, daqui a pouco vamos ter juízes e procuradores nascidos na favela de Heliopólis, nascidos em Itaquera, nascidos na periferia. Nós vamos ter muita gente dos Sem Terra, do MTST, da CUT formados.

Esse crime eu cometi.

Eu cometi esse crime que eles não querem que eu cometa mais. É por conta desse crime que já tem uns dez processos contra mim. E se for por esses crimes, de colocar pobre na universidade, negro na universidade, pobre comer carne, pobre comprar carro, pobre viajar de avião, pobre fazer sua pequena agricultura, ser microempreendedor, ter sua casa própria. Se esse é o crime que eu cometi eu quero dizer que vou continuar sendo criminoso nesse país porque vou fazer muito mais. Vou fazer muito mais.

[Povo começa a gritar “Lula, guerreiro do povo brasileiros]

Companheiros e companheiras, eu em 1990, em 1986 eu fui o deputado constituinte mais votado na história do país. E nós, ficamos descobrindo, que dentro do PT, Manuela, companheiros, o Ivan era do PT na época, havia uma desconfiança que só tinha poder no PT quem tinha mandato.. Quem não tivesse mandato era tido… [começa a fazer saudações]. Então companheiros, quando eu percebi que o povo desconfiava que só tinha valor no PT quem era deputado, Manoela e Guilherme sabe o que eu fiz? Deixei de ser deputado. Porque eu queria provar ao PT que ia continuar sendo a figura mais importante do PT sem ter mandato porque se alguém quiser ganhar de mim no PT só tem um jeito: é trabalhar mais do que eu e gostar do povo mais do que eu, porque se não gostar não vai ganhar. Pois bem: nós agora estamos num trabalho delicado.

Eu talvez viva o momento de maior indignação que um ser humano vive. Não é fácil o que sofre a minha família. Não é fácil o que sofrem meus filhos. Não é fácil o que sofreu a Marisa e eu quero dizer que a antecipação da morte da Marisa foi a safadeza e a sacanagem que a imprensa e o Ministério Público fizeram contra ela. Eu tenho certeza. Essa gente eu acho que não tem filho, não tem alma e não tem noção do que sente uma mãe ou um pai quando vê um filho massacrado, quando vê um filho sendo atacado. Eu então, companheiros, resolvi levantar a cabeça.

Não pense que eu sou contra a Lava Jato não. A Lava Jato, se pegar bandido, tem que pegar bandido mesmo que roubou e prender. Todos nós queremos isso. Todos nós a vida inteira dizíamos: “Só prende pobre, não prende rico”. Todos nós dizíamos. E eu quero que continue prendendo rico. Eu quero. Agora qual é o problema? É que você não pode fazer julgamento, subordinado à imprensa. Porque no fundo, no fundo, você destrói as pessoas na sociedade, na imagem da pessoas e depois os juízes vão julgar e vão dizer “eu não posso ir contra a opinião pública tá pedindo pra caçar”.

Quem quiser votar com base na opinião pública largue a toga e vá ser candidato a deputado, escolha um partido político e vá ser candidato. Ora, a toga ela é o emprego vitalício. O cidadão tem que votar apenas com base nos autos do processo, aliás eu acho que ministro da Suprema Corte não deveria dar declaração de como vai votar. Nos EUA termina a votação e você não sabe em quem o cidadão votou exatamente para que ele não seja vítima de pressão.

Imagina um cara sendo acusado de suicídio e não tenha sido ele o assassino. O que a família do morto quer? Que ele seja morto, que ele seja condenado. Então o juiz tem que ter, diferentemente de nós, a cabeça mais fria, mais responsabilidade de fazer a acusação ou de condenar. O Ministério Público é uma instituição muito forte. Por isso esses meninos que entram muito novo fazem um curso direito e depois faz três anos de concurso porque o pai pode pagar, esses meninos precisavam conhecer um pouco da vida, um pouco de política para fazer o que eles fazem na sociedade brasileira. Tem uma coisa chamada responsabilidade.

E não pense que quando eu falo assim eu sou contra. Eu fui presidente e indiquei quatro procuradores e fiz discurso em todas as posses e eu dizia: “Quanto mais forte for a instituição mais responsável os seus membros tem que ser”. Você não pode condenar a pessoa pela imprensa para depois julgá-la. Vocês estão lembrados de que quando eu fui prestar depoimento lá em Curitiba, eu disse para o Moro: “Você não tem condições de me absolver porque a globo tá exigindo que você me condene e você vai me condenar.

Pois bem, eu acho que tanto o TRF-4, quanto o Moro, a Lava Jato e a Globo, eles têm um sonho de consumo. O sonho de consumo é que primeiro, o Golpe, não terminou com a Dilma. O golpe só vai concluir quando eles conseguirem convencer que o Lula não possa ser candidato a presidência da república em 2018. Não é que eu não vou ser, eles não querem que eu participe porque existe a possibilidade de cada um se eleger, eles não querem o Lula de volta porque pobre na cabeça deles não pode ter direito. Não pode comer carne de primeira. Pobre não pode andar de avião. Pobre não pode fazer universidade. Pobre nasceu, segundo a lógica deles, para comer e ter coisas de segunda categoria.

Então, companheiros e companheiras, o outro sonho de consumo deles é a fotografia do Lula preso. Ah, eu fico imaginando o tesão da Veja colocando a capa comigo preso. Eu fico imaginando o tesão da Globo colocando a minha fotografia preso. Eles vão ter orgasmos múltiplos.

“Eles decretaram a minha prisão. E deixa eu contar uma coisa pra vocês: eu vou atender o mandado deles. E vou atender porque eu quero fazer a transferência de responsabilidade. Eles acham que tudo que acontece neste país acontece por minha causa. Eu já fui condenado a 3 anos de cadeia porque um juiz de Manaus entendeu que eu não preciso de arma, eu tenho uma língua ferina, então precisa me calar, porque se não me calar, ele vai continuar falando frases como eu falei, t´a chegando a hora da onça beber água, e os camponeses mataram um fazendeiro e eles achavam que era a senha.

Eles já tentaram me prender por obstrução de justiça, não deu certo. Eles agora querem me pegar numa prisão preventiva, que é uma coisa mais grave, porque não tem habeas corpus. O Vaccari já tá preso há três anos. O Marcelo Odebrecht gastou R$ 400 milhões e não teve habeas corpus. Eu não vou gastar um tostão. Mas vou lá com a seguinte crença: eles vão descobrir pela primeira vez o que eu tenho dito todo dia. Eles não sabem que o problema deste país não chama-se Lula, o problema deste país chama-se vocês, a consciência do povo, o partido dos trabalhadores, o PCdoB, o MST, o MTST, eles sabem que tem muita gente.

E aquilo que a nossa pastora disse, e eu tenho dito em todo discurso, não adianta tentar de me impedir de andar por este país, porque tem milhões e milhões de boulos, de manuelas, de dilmas rousseffs neste país para andar por mim. Não adianta tentar acabar com as minhas idéias, elas já estão pairando no ar e não tem como prendê-las. Não adianta parar o meu sonho, porque quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça de vocês e pelos sonhos de vocês.

Não adianta achar que tudo vai parar o dia que o Lula tiver um enfarte, é bobagem, porque o meu coração baterá pelos corações de vocês, e são milhões de corações. Não adianta eles acharem que vão fazer com que eu pare, eu não pararei porque eu não sou um ser humano, sou uma ideia, uma ideia misturada com a ideia de vocês, e eu tenho certeza que companheiros como os sem-terra, o MTST, os companheiros da CUT e do movimento sindical sabem, e esta é uma prova, esta é uma prova, eu vou cumprir o mandado e vocês vão ter de se transformar, cada um de vocês, vocês não vão se chamar chiquinho, zezinho, joãozinho, albertinho…

Todos vocês, daqui pra frente, vão virar Lula e vão andar por este país fazendo o que você tem que fazer, e é todo dia! Todo dia! Eles tem de saber que a morte de um combatente não para a revolução. Eles tem de saber. Eles tem de saber que nós vamos fazer definitivamente uma regulação dos meios de comunicação para que o povo não seja vítima das mentiras todo santo dia. Eles têm de saber que vocês, quem sabe, são até mais inteligentes que eu, e queimar os pneus que vocês tanto queimam, fazer as passeatas, as ocupações no campo e na cidade; parecia difícil a ocupação de São Bernardo, e amanhã vocês vão receber a notícia que vocês ganharam o terreno que vocês invadiram.

Companheiros, eu tive chance, agora, eu estava no Uruguai, entre Livramento e Vera, e as pessoas diziam assim, ô, Lula, você finge que vai comprar um “uisquizinho”, e você vai para o Uruguai com o Pepe Mujica e vai embora e não volta mais, pede asilo político. Você pode ir na embaixada da Bolívia, do Uruguai, da Rússia, e de lá você fica falando… Eu não tenho mais idade. Minha idade é de enfrentá-los com olho no olho e eu vou enfrentá-los aceitando cumprir o mandado.

Eu quero saber quantos dias eles vão pensar que tão me prendendo e quantos mais dias eles me deixarem lá mais lulas vão nascer neste país e mais gente vai querer brigar neste país, porque numa democracia, não tem limite, não tem hora para a gente brigar. Eu falei para os meus companheiros: se dependesse da minha vontade eu não ia, mas eu vou porque eles vão dizer a partir de amanhã que o lula tá foragido, que o lula tá escondido, e não! Eu não to escondido, eu vou lá na barba deles pra eles saberem que eu não tenho medo, que eu não vou correr, e para eles saberem que eu vou provar minha inocência. Eles têm de saber isso. E façam o que quiserem. Façam o que quiserem.

Eu vou pegar uma frase que eu peguei em 1982 de uma menina de 10 anos em catanduva, e essa frase não tem autor. Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais poderão deter a chegada da primavera. E a nossa luta é em busca da primavera. Eles tem de saber que nós queremos mais casa, mais escola, nós queremos menos mortalidade, nós não queremos repetir a barbaridade que fizeram com a Marielle no Rio de janeiro. Não queremos repetir a barbaridade que se faz com meninos negros neste país. Não queremos mais a mortalidade por desnutrição neste país. Não queremos mais que um jovem não tenha esperança de entrar numa universidade, porque este país é tão cretino, que foi o ultimo país do mundo a ter uma universidade. O último! Todos os países mais pobres tiveram, porque eles não queriam que a juventude brasileira estudasse. E falavam que custava muito; é de se perguntar quanto custou não fazer há 50 anos atrás.

Eu quero que vocês saibam que eu tenho orgulho, profundo orgulho, de ter sido o único presidente da república sem ter um diploma universitário, mas sou o presidente da república que mais fiz universidade na história deste país para mostrar para essa gente que não confunda inteligência com a quantidade de anos na escolaridade, isso não e inteligência, é conhecimento. Inteligência é quando você tem lado, inteligência é quando você não tem medo de discutir com os companheiros aquilo que é prioridade, e a prioridade é garantir que este país volte a ter cidadania. Não vão vender a petrobras! Vamos fazer uma nova constituinte! Vamo revogar a lei do petróleo que eles tão fazendo! Não vamos deixar vender o BNDES, não vamos deixar vender a Caixa, não vamos deixar destruir o Banco do Brasil! E vamos fortalecer a agricultura familiar, que é responsável por 70% do alimento que nós comemos neste país.

E com essa crença, companheiros, de cabeça erguida, como eu to falando com vocês, que eu quero chegar lá e dizer ao delegado: estou à disposição. E a história, daqui a alguns dias, vai provar que quem cometeu crime foi o delegado que me acusou, foi o juiz que me julgou e foi o Ministério Público que foi leviano comigo. Por isso companheiros, eu não tenho lugar no meu coração pra todo mundo, mas eu quero que vocês saibam que se tem uma coisa que eu aprendi a gostar neste mundo é da minha relação com o povo.

Quando eu pego na mão de um de vocês, quando eu abraço um de vocês… porque agora eu beijo homem e mulher igualzinho, não mistura mais… Quando eu beijo um de vocês, eu não to beijando com segundas intenções, eu to beijando porque quando eu era presidente, eu dizia: eu vou voltar pra onde eu vim. E eu sei quem são meus amigos eternos e quem são os eventuais. Os de gravatinha, que iam atrás de mim, agora desapareceram. E quem está comigo são aqueles companheiros que eram meus amigos antes de eu ser presidente da república. É aquele que comia rabada no Zelão, que comia frango com polenta no Demarchi, é aquele que tomava caldo de mocotó no Zelão, esses continuam sendo nossos amigos. São que tem coragem de invadir terreno pra fazer casa, são aqueles que têm coragem de fazer uma greve contra a previdência, são aqueles que ocupam no campo pra fazer uma fazenda produtiva, são aqueles que na verdade precisam do estado.

Companheiros, eu vou dizer uma coisa pra vocês. Vocês vão perceber que eu vou sair desta maior, mais forte, mais verdadeiro, e inocente, porque eu quero provar que eles é que cometeram um crime, um crime político de perseguir um homem que tem 50 anos de história política, e por isso eu sou muito grato. Eu não tenho como pagar a gratidão, o carinho e o respeito que vocês tem dedicado a mim nesses anos todos. E quero dizer a vocês Guilherme, e à Manuela, a vocês dois, que para mim é motivo de orgulho pertencer a uma geração, que está no final dela, ver nascer dois jovens disputando o direito de ser presidente da república neste país.

Por isso, grande abraço, e podem ficar certos: esse pescoço aqui não baixa, minha mãe já fez o pescoço curto pra ele não baixar, e não vai baixar, porque eu vou sair de lá de cabeça erguida e de peito estufado porque eu vou provar a minha inocência. Um abraço companheiros, obrigado, mas muito obrigado, pelo que vocês me ajudaram, um beijo, querido, muito obrigado!”

Luís Inácio Lula da Silva, 07 de Abril de 2018“.

Prisão de Lula é destaque na imprensa internacional

A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi destaque nos principais jornais dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França, Alemanha, Espanha, Argentina, do Uruguai, da Bolívia e Venezuela. Todos colocaram na capa imagens do ex-presidente, citaram sua biografia e as repercussões políticas em torno do episódio.

Nos Estados Unidos, o Washington Post lembrou que o homem chamado pelo ex-presidente norte-americano Barak Obama de “o político mais popular do mundo” converteu-se no “prisioneiro mais famoso da região”. O New York Times, em sua versão em espanhol, colocou na manchete a “virada” na carreira de um operário metalúrgico, que enfrentou a ditadura e chegou à Presidência da República.

<< Condenado, Lula ainda enfrenta quase uma dezena de processos na Justiça

O britânico The Guardian também noticiou que Lula se entregou, depois de desafiar o pedido de prisão do juiz Sérgio Moro e de afirmar inocência. Segundo o jornal britânico, a prisão dele representa o fim de “uma era da esquerda no Brasil” . Na França, o Le Monde ressalta que Lula demorou para se entregar à Polícia Federal e conta a trajetória política dele afetada por questões na Justiça.

O EL Pais, da Espanha, na versão para a América Latina, fez um editorial em que defendeu a necessidade de o Brasil promover eleições presidenciais em clima de estabilidade. O alemão Deutsche Welle ressalta a prisão de Lula e a tentativa de impedi-lo de deixar o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP).