O Setembro em Flor – de conscientização dos cânceres ginecológicos – traz discussões em torno do diagnóstico que acomete mais de 30 mil brasileiras por ano, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Por isso a importância do alerta para a prevenção dos cânceres que atingem o aparelho reprodutor feminino (útero, ovário e endométrio). Idealizada pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) – instituição parceira da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) – a campanha deste ano ressalta que mais de 90% dos casos de câncer do colo do útero estão ligados ao HPV.
O médico oncologista Alexandre Sales, com atendimento no Núcleo de Oncologia do Agreste (NOA), em Caruaru, Pernambuco, chama atenção para a importância da vacinação anti-HPV, triagem adequada e tratamento das lesões precursoras, a partir do exame preventivo de Papanicolau. Essas são formas de prevenção para a neoplasia maligna. “A vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para meninas e meninos entre 9 e 14 anos de idade. Além de imunizar contra o câncer do colo do útero, também pode ajudar a prevenir os cânceres de vulva, vagina, ânus, orofaringe e pênis”, destaca o médico. Pacientes com câncer, HIV e transplantados até os 45 anos de idade também podem tomar a vacina pelo sistema público de Saúde. O oncologista diz, inclusive, que a cobertura vacinal no país está abaixo do esperado para a eliminação da doença, nas décadas que estão por vir.
Sinais e Sintomas – Os sinais e sintomas dos cânceres ginecológicos podem variar segundo os subtipos, de acordo com o SBOC. Em cânceres do útero, corpo e colo, os sinais mais comuns são sangramento vaginal anormal, dor durante as relações sexuais e corrimento genital de odor fétido. Já o câncer de ovário, considerado grave e silencioso, é descoberto em estágios avançados em cerca de 75% dos casos porque os sintomas são muito inespecíficos. “Por isso, é preciso ficar atento a sintomas como inchaço abdominal, sensação de empachamento, dor pélvica ou pressão abaixo do umbigo. Falta de apetite e perda de peso sem motivo (10kg ou mais) também podem estar relacionadas a esses tipos de cânceres, explica o oncologista.
Diagnóstico precoce – As lesões pré-malignas do câncer do colo do útero podem ser identificadas de forma antecipada, através do exame Papanicolau. “Isso é muito importante, pois o tratamento é mais complexo e as chances de cura menores, quando o câncer do colo uterino é identificado em casos mais avançados”, enfatiza o especialista. A prevenção é mais complexa nos casos de câncer de ovário e endométrio. Não existe recomendação de rastreio dessas doenças para a população em geral. Nos casos em que os sintomas forem percebidos, o que ajuda é procurar atenção médica o mais rapidamente possível.
Fatores de Risco – Entre os fatores de risco do câncer do colo do útero, estão infecção por HPV de alto risco, AIDS, tabagismo e constante troca de parceiros sem uso de preservativos. Já entre os do câncer de ovário, estão menarca precoce (menstruação antes dos 12 anos) ou menopausa após os 52 anos, bem como mulheres que nunca tiveram filhos ou que possuam histórico da doença na família. Com o câncer de endométrio, entre os fatores de risco estão menarca precoce (antes dos 12 anos) ou menopausa após os 52 anos, assim como mulheres que nunca tiveram filhos, com idade acima dos 50 anos, obesidade, diabetes ou que realizaram terapia de reposição hormonal à base de estrogênio após a menopausa.
Prevenção – O câncer do colo do útero pode ser prevenido através da vacinação contra o HPV e uso de preservativos durante a relação sexual, assim como a realização do exame do Papanicolau, uma vez por ano, a partir dos 25 anos. “Em caso de não haver alterações, após certo período, o exame pode ser feito uma vez a cada três anos. Já os cânceres de útero e endométrio podem ser prevenidos por meio da prática regular de exercícios físicos e da manutenção de uma dieta equilibrada. Em caso de suspeita de síndrome familiar de câncer, é importante procurar um oncologista”, enfatiza o oncologista.
Tratamento – O subtipo da doença, do estadiamento das neoplasias e da condição clínica da paciente vão determinar o tratamento, a exemplo de radioterapia, cirurgia, quimioterapia, braquiterapia ou a combinação de dois ou mais tratamentos.