Em meio à crise de confiança deflagrada pela invasão do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) exonerou, desde o início do ano, 362 agentes. Hoje, o ministério é responsável pela segurança dos palácios presidenciais e por parte da segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O número corresponde, em média, a dez demissões por semana.
Na terça-feira, o GSI exonerou o coronel Carlos Onofre Serejo Luz Sobrinho, que ocupava a função de coordenador-geral de Operações de Segurança Presidencial. O militar é alvo de requerimento de quebras de sigilos na CPI do 8 de Janeiro no Congresso, que investiga o envolvimento de militares nos atos golpistas do início do ano, quando os prédios dos três Poderes foram invadidos e depredados.
Segundo o requerimento, assinado pela relatora da CPI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), uma sindicância interna apontou a participação do coronel.
“Na sindicância instaurada no âmbito do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para apurar as ocorrências relacionadas ao 8 de janeiro de 2023, e compartilhada com esta CPMI, o agente público acima foi identificado como envolvido, depondo sobre os fatos”, diz o requerimento assinado pela relatora da CPI.
Na semana passada, o Globo mostrou que um segurança da equipe de Lula foi exonerado após o GSI descobrir que ele fazia parte de um grupo no WhatsApp com militares da ativa que defendiam as invasões do 8 de janeiro. Antes de fazer parte da equipe de segurança de Lula, ele era diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial, nomeado em abril. O militar, como mostrou o colunista do GLOBO Lauro Jardim, viajou ao menos seis vezes ao lado do presidente.
Lula chegou a acusar “gente das Forças Armadas” de ter sido conivente com a invasão do Palácio do Planalto e afirmou estar convencido de que as portas da sede do Executivo foram abertas para os golpistas. Ele disse ainda que não pode ficar “nenhum suspeito de ser bolsonarista raiz” no Palácio.
Originalmente, o GSI era responsável pela segurança do presidente e de seus familiares, além da segurança dos palácios presidenciais. A pasta, no entanto, tem sido esvaziada aos poucos desde o início da gestão petista.
Em janeiro, Lula passou sua segurança para as mãos da Polícia Federal por meio da Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata, uma estrutura provisória com vigência prevista até 30 de junho.
Vencido o prazo, o presidente decidiu montar uma estrutura híbrida em sua segurança envolvendo os militares do GSI e agentes da Polícia Federal. Apesar da decisão de Lula, a equipe de segurança da primeira-dama Janja da Silva segue sendo feita exclusivamente pela Polícia Federal.
Desde o início do mandato, Lula também tirou do guarda-chuva do GSI a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O órgão, responsável pelas informações de inteligência do governo, foi transferida para a Casa Civil da Presidência da República.
O ápice da crise envolvendo o GSI e o governo Lula ocorreu em abril, quando o então ministro da pasta, general Gonçalves Dias, foi exonerado após a divulgação de imagens do circuito interno de câmeras de segurança do Palácio do Planalto mostrarem ele caminhando e interagindo com os invasores do 8 de janeiro.
Outros militares do governo dispensados
Ao longo do ano, em meio à crise de desconfiança de Lula com a atuação dos militares do Palácio do Planalto, o governo exonerou levas de militares. Menos de dez dias depois das invasões, por exemplo, o governou exonerou de uma só vez 40 integrantes das Forças Armadas que atuavam na Coordenação de Administração do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. O departamento, no entanto, é vinculado à Secretaria-Geral da Presidência da República.