O bairro de Santo Antônio, na região central do Recife, ganhará uma nova cara. Importante área da cidade, onde se localizam o Palácio do Campo das Princesas, o Palácio da Justiça e o Teatro de Santa Isabel, o bairro agora será uma das referências na área de economia criativa. O governador João Lyra Neto enviou à Assembleia Legislativa de Pernambuco projeto de lei autorizando a cessão por parte do Governo do Estado de dois imóveis para o Núcleo de Gestão do Porto Digital.
Os locais poderão pelo prazo de 10 anos, ser utilizados para captação e instalação de empresas de tecnologia da informação e comunicação, além de atividades ligadas à gestão, administração e revitalização dos imóveis cedidos. O projeto de lei já foi distribuído para as comissões específicas daquela Casa Legislativa.
Os imóveis cedidos pelo Estado estão situados na Praça do Diário, sem número, e na rua Marquês do Recife, número 32. No primeiro, funcionou durante muitos anos como sede do jornal Diário de Pernambuco, e foi adquirido pelo estado há cerca de dez anos, quando o periódico mudou de endereço. Já o segundo abrigou o antigo Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (Iapas). Juntos, os imóveis possuem potencial construtivo de 10 mil metros quadrados.
“Essa iniciativa é um importante passo na perspectiva de requalificar a região da Guararapes e seu entorno, contribuindo com o esforço que a Prefeitura do Recife também tem feito para a revitalização de suas áreas centrais degradadas a partir de atividades economicamente sustentáveis”, destacou o governador João Lyra Neto.
O antigo prédio do Diário de Pernambuco sempre foi uma área de concentrações políticas e de luta pela democracia. Na ditadura Vargas, o advogado Demócrito de Souza Filho e o carvoeiro Manoel Elias foram assassinados nas escadarias do prédio, durante um comício que teve o sociólogo Gilberto Freyre como orador principal. O imóvel foi adquirido ainda na gestão Jarbas Vasconcelos/Mendonça Filho, e sua destinação vinha sendo estudada desde então.
O diretor presidente do Porto Digital, Francisco Saboya, afirmou que a restauração dos dois imóveis e sua transformação em edifícios empresariais ajudarão a atrair novos empreendimentos, solucionando ainda uma grande lacuna do polo. “Vamos suprir um problema real que temos no Porto, que é a insuficiência de imóveis no Recife para dar conta da nossa estratégia de expansão. Estamos perdendo empregos na área de Tecnologia da Informação por conta dessa insuficiência, inclusive. Esses imóveis atenderão a uma demanda real e existente, e hoje represada. E também ajudará a dinamizar aquela área do bairro de Santo Antônio, requalificando a região do ponto de vista urbano”, explicou.
Segundo Saboya, a expectativa para a restauração dos prédios é de “dois anos, no máximo”, e poderá provocar mudanças na atual estrutura do Porto Digital. “Diante do potencial desses edifícios, vamos considerar a possibilidade da transferência do Porto para o imóvel onde esteve sediado o Diário de Pernambuco, por ser um grande polo, e também por todo o valor simbólico do imóvel. Será uma decisão a ser tomada pelo conselho, obviamente, no momento adequado. Mas a área locável desses dois imóveis é similar à área que temos hoje”, relatou Saboya. A sede do Porto Digital fica no Bairro do Recife, no prédio onde funcionava o Bandepe.
PORTO DIGITAL – Fundado em julho de 2000, o Porto Digital foi reconhecido como o maior parque tecnológico do Brasil em faturamento e número de empresas. Hoje, são 250 empresas instaladas no porto, sendo três incubadoras (Cais do Porto, Portomídia e CESAR), duas instituições de ensino, quatro entidades empresariais, entre outros. O Porto Digital colabora para a geração de 7.100 empregos diretos, proporcionando um faturamento anual de R$ 1 bilhão.
As metas de crescimento do Porto Digital preveem a geração de cerca de 13 mil novas vagas até 2022, totalizando 20 mil empregos nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Economia Criativa. Da mesma forma, a expectativa é dobrar o faturamento das empresas nesse cenário, contribuindo para a atração líquida de receita para o Recife de estimados R$ 1,32 bilhões por ano, já a partir de 2020.