Por Daniel Finizola
Há alguns meses que estamos assistindo nas mídias tradicionais e alternativas a disseminação de um “ódio” como nunca antes visto no país. Quem não lembra de todo o pessimismo entrono na Copa? A imprensa nacional e internacional transformaram o Brasil num inferno. Nada iria funcionar. De repente o quadro muda, e Copa passou a ser aclamada como a Copa das Copas. Quem estava errado? Quem formou esse opinião pública massificada e pouco informada? Vai prevalecendo a informação frente à comunicação. O problema é: quem produz esse informação e a quem serve?
Lógico que o brilho da Copa não anula os absurdos que aconteceram para que ela fosse realizada. Falta de transparência e desapropriações arbitrárias são apenas alguns dos problemas que se acumulam no processo, mas o fato é que muitos tiveram que engolir o seu excessivo pessimismo em relação ao evento no país.
Ouvi algumas pessoas falando “estou triste por não ter comprado um ingresso para assistir um jogo”. Uma dessas pessoas admitiu que não procurou comprar um ingresso porque ficou decepcionada e assustada com tudo que saiu na imprensa sobre o mundial de futebol no Brasil. Enquanto isso, os brasileiros dão um show de simpatia e alegria. Lógico que vários problemas também aconteceram, mas nada capaz de acabar com o brilho do mundial.
Além do pessimismo, comentários infelizes são vistos na grande mídia. Muitos são preconceituosos, racistas. Cheio de valores que contribuem para a segregação em nosso país. Pior é ver que esses comentários são proferidos por pessoas tidas como referência e que construíram isso fazendo uso da mídia tradicional, contribuindo para formar a opinião pública.
A última foi a do jornalista, historiador e escritor Eduardo Bueno, que em um programa da SportTV mandou a frase “o Nordeste é uma bosta”. Lógico que não faltaram críticas. Bueno ganhou notoriedade nacional com seus quadros sobre história do Brasil na TV aberta em programas como o Fantástico. O historiador já declarou que está preparando um vídeo para as redes sociais e rasga o verbo: “O Nordeste é uma bosta porque o Brasil é uma bosta”.
É importante entender que o Brasil é uma país complexo, de dimensões continentais, com uma diversidade cultural impar. Lógico que isso não é novidade para o historiador Bueno, que sabe muito bem a origem dos desafios desse país, mas, talvez, seja novidade para muitos dos pessimistas que tomam o país.
É preciso criticar quando necessário, fiscalizar, interagir e cobrar. Esses são alguns dos caminhos que possibilitarão um país diferente desse que muitos criticam, ora com razão, ora com interesses escusos e hipócritas. A ditadura militar no país propagou o slogan “Brasil: ame-o ou deixo-o”. Hoje, temos várias pessoas que – aparentemente – detestam o Brasil e nem por isso são obrigados a deixar o país. Seria muito melhor que essas pessoas fizessem a disputa política a partir das instituições pública que propiciam a participação e interação social. Esse é o caminho para acabar com os resquícios dos Anos de Chumbo.
@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br