Por Miguel Saldivar
Foi-se a época em que apenas a região Sudeste do Brasil era foco de decisões, investimentos e inovação das empresas brasileiras. Atualmente, o Nordeste vem conquistando atenção do restante do país, tanto pela chegada de novos parques industriais que apostam na região como pela expansão das companhias regionais. E todo esse movimento reflete diretamente no setor de Tecnologia da Informação (TI).
Dados da consultoria IDC revelam que entre os cinco estados brasileiros que mais aumentaram os investimentos em TI, na comparação entre 2012 e 2011, Pernambuco, Ceará e Bahia estão no topo da lista, considerando os segmentos de hardware, software e serviços.
Outro estudo da empresa Page Personnel, que entrevistou 850 profissionais nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, também comprova que as companhias do Nordeste têm direcionado grande parte de seus investimentos para tecnologia. No quesito “prioridade para receber orçamentos no ano passado”, a área ficou atrás apenas de operações (57,9%) e foi mencionada por 42,1% dos entrevistados. Ainda, se comparado com as regiões Sul e Sudeste, o Nordeste se destaca, pois a pretensão de investimento em tecnologia foi mencionada por apenas 26,8% dos consultados no Sul e por 21,5% no Sudeste.
Diferentemente do que muitos pensam sobre o tema, o conceito de tecnologia não se resume apenas às empresas que fabricam computadores ou aos sistemas que estão por trás dos smartphones ou dos famosos tablets. Toda e qualquer empresa, independentemente de porte e segmento de atuação, precisa investir em sistemas e infraestrutura de TI, e pode tirar proveito dos benefícios que a tecnologia tem para oferecer. Imagine uma organização sem sistemas que integram todos os dados e processos em uma única plataforma? Sem isso fica praticamente impossível ter uma visão global das informações da companhia e conseguir assertividade na geração de dados, relatórios e informações para a tomada de decisões.
É difícil imaginar, por exemplo, que hoje empresas de engenharia e construção, alimentos, telecomunicações ou uma siderúrgica, consigam gerenciar suas receitas, considerando a diversidade de produtos financeiros e modalidades de vendas que precisam administrar, sem um sistema que organize todos esses dados e gere informações inteligentes. Até mesmo as companhias de grande porte, que já fazem uso da tecnologia, não deveriam lidar com plataformas independentes e que não estão integradas para gerenciar os negócios. Isso obviamente reflete na ponta do processo. A gestão de várias infraestruturas não traz eficiência, agilidade e pouco contribui para a geração de dados assertivos.
Hoje, inclusive, já é possível estar um passo a frente e potencializar os benefícios que os sistemas de gestão trazem aos negócios, com tecnologias mais avançadas como a mobilidade e a computação em nuvem. Porém só é possível saltar para este segundo nível se a primeira etapa e as complexidades das ferramentas que dão sustentação aos negócios estiverem bem encaminhadas. A iniciativa exige análise, tempo e investimento.
Para as companhias que desejam apostar na área, seja por necessidade ou pensando no crescimento futuro dos negócios, o primeiro passo é avaliar os investimentos que já têm em TI (sistemas e infraestrutura atuais, parque tecnológico etc.). A terceirização com empresas especialistas também é uma opção para consultoria e direcionamento dos melhores investimentos.
Vejo essa discussão, na verdade, como uma grande oportunidade para as empresas locais. A maturidade das companhias na região para esse tipo de negócio está evoluindo, na mesma proporção do crescimento de seu parque industrial e profissionalização das empresas. Sistemas tecnológicos caseiros, ou seja, aqueles desenvolvidos dentro de casa, podem não suportar essa expansão e por isso o tema deveria ser discutido entre os líderes e gestores não só de TI, mas das áreas de negócios. A boa gestão de uma empresa é fruto de uma boa gestão da tecnologia. A minha expectativa é que, em breve, o mercado nordestino esteja um passo a frente e se concentre fortemente na chamada “Era Digital”, usufruindo ainda mais do mundo de possibilidades que a tecnologia pode trazer aos negócios.
Miguel Saldivar é CEO da Softtek no Brasil, empresa global que oferece serviços de Tecnologia da Informação