Por HYLDA CAVALCANTI
Da Rede Brasil Atual
Está sendo velado no município de Paulista, em Pernambuco, o corpo do engenheiro mecânico e político Bruno Maranhão, um dos fundadores do PT naquele Estado. Desde a última quarta-feira, Maranhão, que se recuperava há dois anos de uma trombose venal cerebral (TVC), apresentava quadro de falência múltipla de órgãos e sobrevivia com a ajuda de aparelhos. Ele faleceu no início da noite de ontem (25), no Hospital Memorial São José, em Recife.
Com 74 anos, Bruno Albuquerque Maranhão teve uma trajetória de vida marcada por histórias inusitadas. Costumava ser chamado de “usineiro com espírito de pobre” por integrantes das comunidades que costumava percorrer e de “ovelha negra da família”. Filho de tradicional família de usineiros pernambucanos, sempre foi ligado à esquerda, tendo, inclusive, participado de assaltos a bancos para financiar a resistência contra a ditadura. Também foi um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), que chegou a dirigir – legenda que teve 12 integrantes mortos e desaparecidos durante o regime militar.
Um dos episódios mais comentados nacionalmente que contou com sua participação ocorreu em 2006, quando foi acusado de ter promovido a invasão de militantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) ao Congresso Nacional. Na ocasião, janelas de vidro foram quebradas e várias pessoas tiveram de ser socorridas com ferimentos. Cerca de 200 manifestantes do MLST foram presos por conta da invasão, ao lado de Bruno, que na verdade não estava presente no momento das agressões e argumentou que desceu ao local para conter a fúria dos manifestantes. Por conta do episódio, ele ficou detido 39 dias no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.
Alguns anos atrás, em entrevista à revista Piauí, Maranhão afirmou que embora os anos de militância política não tivessem atenuado o seu porte e jeito de usineiro – herdado dos dois lados da família (o pai e a mãe descendiam de ramos diferentes de donos de usinas de cana-de-açúcar tidos como a “nobreza pernambucana”), sempre teve preocupação com a luta dos trabalhadores. “Eu sou do casarão e da lona preta dos acampamentos, essa é a minha contradição”, declarou, para completar em seguida: “Desde menino, convivia com os filhos dos trabalhadores das usinas. Não entendia direito por que eles não tinham o que eu podia ter”.