Uma década após estar à frente da nação em meio a uma série de protestos com adesão história no Brasil, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) assina o prólogo do livro Junho de 2013: a rebelião fantasma”, organizado por Breno Altman e Maria Carlotto e lançado pela editora Boitempo. No texto, a petista mostra uma visão mais crítica sobre os atos da época e, dez anos após o conturbado mês, enxerga nas ruas o germe da ascensão conservadora que ganhou poder no país nos anos seguintes.
Em trecho do prólogo, Dilma avalia que a insatisfação com o sistema mostrada nos atos de 2013 permitiu o crescimento da extrema direita, culminando na eleição de Jair Bolsonaro cinco anos depois. A petista reforça a importância do estudo das jornadas de junho para o entendimento da conjuntura do país e aponta os desafios para a reconstrução da esquerda brasileira.
“As ruas se levantaram, em 2013, também contra esse sistema, ainda que somando narrativas fragmentadas e contraditórias. Essa insatisfação com seu funcionamento, cinco anos depois, permitiria a ascensão de uma extrema direita falsamente antissistema, cujo discurso conseguiu ganhar amplo lastro eleitoral. Um dos grandes desafios estratégicos da esquerda brasileira é reconstruir uma perspectiva antissistema, de radicalização da democracia como ferramenta para a soberania e a justiça social”, escreve.
As jornadas de junho marcaram uma queda vertiginosa na aprovação de Dilma. A presidente tinha sua gestão apontada como positiva por 65% dos brasileiros em março de 2013, segundo o Datafolha. Após os protestos, esse índice caiu para 30%. A petista se recuperou razoavelmente nos anos seguintes e conseguiu se reeleger ao cargo em 2014. No entanto, ela não completou o mandato, sendo destituída em 2016 após votação de impeachment no Congresso Nacional.
“Junho de 2013: a rebelião fantasma”
Organizado por: Breno Altman e Maria Carlotto (orgs.)
128 páginas.
Editora Boitempo
R$ 45,00