Pernambucano que matou dois ao dirigir bêbado e na contramão no Recife é extraditado de Portugal

Um pernambucano de 40 anos, que matou duas pessoas ao dirigir embriagado e na contramão, na praça da Convenção, em Beberibe, Zona Norte do Recife, em 16 de janeiro de 2011, foi preso em Portugal e extraditado ao Brasil pela Interpol. Segundo a Polícia Federal (PF), que divulgou o caso no final da noite de domingo (4), o voo com o homem chegou à capital pernambucana na última quinta-feira (1º).

A prisão do recifense, que não teve o nome divulgado pela polícia, ocorreu em 2 de fevereiro deste ano. Condenado a 25 anos de prisão pelas duas mortes três anos após o crime de trânsito, em 2014, ele estava foragido e morando em Portugal.

De acordo com a PF, o nome do pernambucano foi incluído na chamada “difusão vermelha” da Interpol, uma lista com criminosos procurados em vários países, em agosto de 2022, por solicitação da Justiça do Estado.

Em 2011, o pernambucano conduzia um veículo em alta velocidade na praça da Convenção, que fica na avenida Beberibe, quando colidiu com uma moto e um veículo e atropelou três pessoas. David Timóteo de Carvalho e Gildo Alves Pereira Júnior morreram e Ingrid Maria de Lima sobreviveu. O homem estava embrigado e dirigindo na contramão.

O homem chegou ao Recife às 22h da quinta-feira no Aeroporto Internacional, localizado no bairro da Imbiribeira, na Zona Sul. Ele foi escoltado por policiais e conduzido até o Instituto de Medicina Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito.

ICIA lembra aos destinadores do Imposto de Renda a importância do envio do DARF

O Instituto do Câncer Infantil do Agreste (ICIA), é uma instituição que se dedica ao tratamento e apoio a crianças e adolescentes com câncer e tem um papel importante nessa causa. Com o final do prazo da declaração do Imposto de Renda, a Instituição lembra aos destinadores a importância do envio do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) e do comprovante de pagamento, para a comprovação da destinação de 3% do valor recolhido.

Essa ação é fundamental para o recolhimento dos valores destinados, permitindo que o ICIA continue seu trabalho essencial e desempenhado um papel crucial no cuidado e no apoio a crianças e adolescentes com câncer de todo estado, oferecendo tratamento médico, suporte psicológico, apoio familiar e diversos recursos necessários para ajudar os pacientes a enfrentarem esse desafio.

“O envio do DARF e do comprovante de pagamento é um procedimento indispensável para garantir que as doações destinadas à instituição estejam de acordo com as regras estabelecidas pela Receita Federal. Cada destinação recebida faz a diferença para que possamos continuar oferecendo tratamento e suporte a essas crianças e adolescentes que enfrentam o desafio do câncer”, reforça Amanda Marques, responsável pelo setor de captação de recursos do ICIA.

Esse procedimento é necessário para que a Instituição possa comprovar e recolher os valores destinados, garantindo que os recursos sejam aplicados de forma efetiva no combate ao câncer infantojuvenil. Para mais informações sobre como enviar o DARF e o comprovante de pagamento, entre em contato com o ICIA pelos canais de comunicação abaixo:

E-mail: ir@icia.org.br

WhatsApp: (81) 9.9538-3555

Junte-se ao ICIA e faça parte dessa causa nobre, apoiando crianças e adolescentes com câncer através da destinação do seu Imposto de Renda. Envie o DARF e o comprovante de pagamento e faça a diferença.

Tradicional Caminhada do Tareco e Mariola é realizada no bairro do Vassoural

O domingo (04) foi marcado pela 15ª edição da Caminhada do Tareco e Mariola, no bairro do Vassoural.

A comida gigante neste ano conta com 40 quilos de tareco e dois metros de mariola. Além disso, a distribuição também é feita com 4 mil saquinhos de mais tareco e mariola.

A festa teve início com um pedido dos moradores do bairro a Dona Marta, que era representante da comunidade do Vassoural. “Há 15 anos iniciamos o tareco e mariola por conta da música de Petrúcio Amorim, que é do bairro do Vassoural, aqui em Caruaru, e a música dele estava em alta naquele ano”, explicou.

A Caminha percorreu a rua do Vassoural tendo um trio elétrico que conduziu os forrozeiros da caminhada e teve fim em frente a Fundac, no Parque 18 de Maio.

Terceira edição do Bolo Engorda Marido será realizada neste sábado (10)

A terceira edição do Bolo Engorda Marido será realizada, neste sábado (10), no Bairro do Salgado, a partir das 18h. Evento contará com a participação do Trio Pé de Serra Carrapicho, Companhia de Dança Flávio Barbosa, Banda de Pífanos Nossa Senhora das Graças, Batalhão de Bacamarteiros 28 e muito mais.

A ideia, que surgiu em 2019 entre uma conversa de duas irmãs, Nici e Juci, ganhou as ruas do bairro do Salgado. Em sua terceira edição, a comida tem, ao todo, oito metros de largura e pesa mais de 170 quilos. Será usado 35 quilos de trigo, 35 quilos de açúcar, 30 de coco ralado, 20 de margarida, oito quilos de leite em pó e 30 litros de leite de coco. Para o preparo, as irmãs tem ajuda de vizinhos e amigos.

PRF recupera veículo furtado com porta-malas cheio de equipamento policial

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu, na noite deste domingo (04), alguns equipamentos policiais como colete balístico, coldres de armamento, rádio comunicador, distintivo e roupa tática com descrições das polícias civil e penal. Todo o material estava no porta-malas de um veículo Captiva, para o qual foi dada ordem de parada enquanto transitava pela BR-232, em Caruaru.

Ao se dar conta que seria abordado, o motorista não obedeceu a solicitação de parada e acelerou o veículo. Por cerca de 1km ele tentou fugir da viatura policial que o perseguiu até o momento em que o suspeito quase capota ao “jogar” o veículo numa vala a margem da BR. Após a manobra arriscada, o condutor saiu do carro pela porta do passageiro e fugiu em meio à vegetação.

Os PRFs fizeram buscas no local com o apoio do 1º Batalhão Integrado Especializado (BIEsp), mas o suspeito não foi localizado. Já a vistoria minuciosa no veículo, na qual observou-se indícios de adulteração nos sinais identificadores, trouxe a informação de que tratava-se de um Captiva furtado. De acordo com o boletim de ocorrência, o veículo foi furtado em dezembro de 2022 no bairro Universitário, em Caruaru.

Ainda no local, os PRFs acionaram uma equipe técnica da Polícia Civil, que fizeram uma perícia no veículo, especialmente com foco na identificação de quem dirigia o automóvel. A suspeita é de que alguém esteja se passando por policial ou agente penal para praticar crimes. O carro foi levado posteriormente para a Central de Flagrantes da Polícia Civil em Caruaru.

Circuito Ibra conta com a participação de 123 mesatenistas na 1 etapa

A primeira etapa do circuito ibra tênis de mesa aconteceu no último final de semana na sede da ibra e contou com a participação de 123 mesatenistas de todo o estado.

Os principais clubes do estado confirmaram participação como: Ibratm, Drive pong, Águias, Sport clube Recife, Mata Sul, UNICAP e GRA camocim.

No sábado dia 03/06 aconteceu as categorias Ping pong voltada para iniciantes no tênis de mesa com 7 categorias e com a participação de 56 inscrições. No domingo aconteceram as categorias com atletas federados com 5 categorias em disputas, com a participação de 67 inscrições.

A principal categoria do evento contou com grandes nomes do tênis de mesa Pernambucano, com ótimos jogos que levaram o público presente a assistirem pontos de alto nível técnicos.

O campeão da 1 divisão foi o mesatenista Lucas Souza da ibra que venceu o atleta Thiago leite da UNICAP. Na primeira divisão feminina a vencedora foi a atleta Lays Rodrigues do Sport clube Recife que venceu Atleta Thais Barbosa da ibra.

A próxima etapa do circuito ibra acontecerá nos dias 30/6, 1 e 2/07 e a expectativa é ter mais participações de atletas iniciantes e federados.

O circuito ibra tênis de mesa tem o patrocínio: AGS refrigeração, RC Associados e o Apoio da Federação pernambucana de tênis de mesa e prefeitura de Caruaru

Cultura, música, alegria e diversão marcam o primeiro final de semana da Estação Ferroviária

Quem vem para Caruaru curtir o Maior e São João do Mundo precisa incluir no seu roteiro turístico o passeio pela Estação Ferroviária, segundo maior Polo da festa junina. O espaço é em um dos pontos turísticos mais antigos da cidade. A decoração do local é um espetáculo à parte e atraiu centenas de turistas e caruaruenses que lotaram o espaço nesses dois primeiros dias de festa.
O primeiro fim de semana da festa junina mais popular do país foi marcado pelas  tradicionais apresentações culturais que acontecem no local. O polo conta ainda com Vila Cênica, quadrilhas, banda de pífanos, desfiles de bacamarteiros e muito mais.
“Queria parabenizar a todos pelo São João deste ano. Fazia muito tempo que eu não via Caruaru tão cheia e com uma estrutura que a cidade já vinha merecendo a tempos e, este ano, estamos podendo ver. A decoração está linda! Meu filho ainda não conhecia e, hoje, eu trouxe. Ele ficou encantado com tudo!”, disse Letícia Batista.
Um dos muitos polos que funcionam na Estação Ferroviária é o Polo Camarão, dedicado ao autêntico ‘Forró Pé de Serra’. Na noite deste domingo (4), o espaço contou com a apresentação das bandas: SP Forró – Trio Beijo de Moça, Trio da Lua, Ailtom Martins, Bernadete França e Trio Sabiá.
O Coletivo SP Forró, de forma inédita, se apresentou, neste domingo, no Maior e Melhor São João do Mundo. As cinco atrações são residentes do Estado de São Paulo. O cantor do Trio da Lua falou da emoção de se apresentar no Agreste de Pernambuco. “É a realização de um sonho. Pela primeira vez na história, um coletivo de São Paulo vindo para Caruaru, trazer um ritmo que é tradição e  que nasceu aqui”, disse o artista, Wagner Ufracker.
Na ocasião, o vice-presidente da Fundação de Cultura de Caruaru, Hérlon Cavalcanti, falou sobre a importância desse intercâmbio cultural no São João. “Fizemos uma ponte entre São Paulo e Caruaru, no ano passado, para que esses artistas pudessem participar do edital e estarem aqui, no São João de Caruaru. Hoje, a programação do palco é feita por nordestinos que foram morar em São Paulo. Em agosto, a ideia é fazer o movimento contrário, levando uma comitiva de Caruaru para São Paulo”, disse o vice-presidente.

Assassinato de Bruno e Dom completa um ano; veja linha do tempo

Manifestante em frente a imagem de jornalista britânico Dom Phillips e de indigenista Bruno Pereira em Brasília

O jornalista inglês Dom Phillips chegou a Atalaia do Norte (AM) no começo de junho de 2022, com o propósito de entrevistar lideranças indígenas e ribeirinhos para um novo livro-reportagem que planejava escrever. Colaborador do prestigiado jornal britânico The Guardian, Phillips já tinha um nome provisório para sua futura obra: Como Salvar a Amazônia.

Além de já ter estado na região algumas vezes e de falar bem o português, o inglês de 57 anos viajaria na companhia do experiente indigenista Bruno Araújo Pereira. Ex-servidor da então Fundação Nacional do Índio (Funai, que hoje se chama Fundação Nacional dos Povos Indígenas), o pernambucano de 41 anos chegou à cidade poucos dias antes de Phillips e do início daquela que seria a última viagem da dupla.

Bruno estava licenciado da Funai desde o início de fevereiro de 2020. Servidor de carreira da fundação, ele tinha sido dispensado da Coordenação-Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato apenas quatro meses antes. Insatisfeito com os rumos que a equipe de governo do então presidente Jair Bolsonaro impunha à política indigenista, Pereira optou por se licenciar para “tratar de assuntos pessoais” e passou a trabalhar como consultor técnico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

“O Bruno é considerado um grande nome do indigenismo brasileiro. Sua atuação não estava calcada apenas no trabalho em si. Havia toda uma preocupação não só com os povos indígenas, mas também com as comunidades do entorno das terras indígenas”, disse à Agência Brasil o procurador jurídico da Univaja, Eliesio Marubo.

À frente de projetos que buscavam garantir às comunidades proteger seus territórios e os recursos naturais neles existentes, o indigenista seguia contrariando os interesses de grupos que ameaçam o bem-estar e a integridade de parte da população local. Em função de sua atuação, recebeu mais de uma ameaça de morte, devidamente relatadas ao Ministério Público.

Insegurança

Localizada na tríplice fronteira amazônica (Brasil, Colômbia e Peru), Atalaia do Norte tem cerca de 21 mil habitantes que, há décadas, convivem com as consequências da presença insuficiente do Poder Público e do avanço de garimpeiros, madeireiros e pescadores ilegais sobre a região. Pressão que se faz sentir principalmente sobre a Terra Indígena Vale do Javari – segunda maior área do país destinada ao usufruto exclusivo indígena e a que abriga a maior concentração de povos isolados em todo o mundo.

Em 2010, Atalaia do Norte registrou o terceiro pior resultado nacional no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Desde então, aos problemas decorrentes da cobiça despertada pelos recursos naturais somaram-se às consequências da atuação de organizações criminosas dedicadas ao tráfico internacional de drogas e da falta de alternativas econômicas para a população. Na cidade, em 2020, apenas 7% da população de 15 mil habitantes tinha uma ocupação econômica regular, segundo o IBGE.

Foi neste contexto que Bruno e Phillips deixaram Atalaia do Norte no dia 3 de junho. Segundo a Univaja, o indigenista tinha agendado reuniões e encontros com lideranças de ao menos cinco comunidades localizadas fora do território indígena e levaria o jornalista inglês com ele. Viajando em uma lancha a motor pertencente à Univaja, os dois chegaram às proximidades de uma base de vigilância da Funai, no Rio Ituí, na região conhecida como Lago Jaburu, ainda no mesmo dia 3 de junho. Esta primeira parada proporcionaria a Phillips entrevistar integrantes de uma das equipes de vigilância indígena mantidas pela Univaja.

No domingo (5), os dois deixaram o local logo cedo, com destino à comunidade São Rafael, onde Bruno se encontraria com um líder comunitário conhecido pelo apelido de Churrasco, que não encontraram em sua casa. Após conversar com a esposa da liderança, a dupla seguiu viagem. Por segurança, Bruno sempre comunicava, antecipadamente, à Univaja toda sua movimentação. Ele previa percorrer os 72 quilômetros até Atalaia do Norte em cerca de duas horas, chegando com Dom à cidade por volta das 9h daquele domingo. Porém, eles nunca chegaram ao destino.

Desaparecidos

Bruno e Dom desapareceram logo após serem vistos navegando próximo à comunidade São Gabriel, povoado vizinho a São Rafael, último lugar em que pararam. Com o avançar das horas e sem notícias da dupla, a Univaja acionou suas equipes mais próximas para que realizassem buscas. No início da tarde, uma primeira embarcação partiu de Atalaia do Norte. Poucas horas depois, um segundo grupo saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior.

No dia seguinte (6), quando surgiram as primeiras informações de que um jornalista estrangeiro tinha desaparecido em plena Floresta Amazônica, os órgãos públicos passaram a tratar o assunto publicamente. A Marinha informou à imprensa que tinha sido notificada do desaparecimento naquela manhã e que já tinha enviado uma equipe de busca e salvamento da Capitania Fluvial de Tabatinga para o local. A PF também informou que “diligências” já estavam sendo “empreendidas” e logo seriam detalhadas. Na prática, contudo, as equipes da Univaja seguiam tocando sozinhas as buscas iniciais a Bruno e Phillips, então considerados desaparecidos.

Limitando-se a informar que estava acompanhando o caso, a diretoria da Funai se apressou a destacar que, embora Bruno continuasse pertencendo ao quadro de servidores da fundação, não tinha viajado ao Vale do Javari em missão institucional, pois estava de licença para “tratar de interesses particulares”. Quatro dias depois de Bruno e Dom desaparecerem na selva, ou seja, na quinta-feira (9), o então presidente da fundação, Marcelo Xavier, participou do programa A Voz do Brasil e disse que a dupla tinha ingressado em território indígena sem avisar ou pedir a autorização dos órgãos responsáveis.

“A Funai não emitiu nenhuma permissão para ingresso. É importante que as pessoas entendam que, quando se vai entrar numa área dessas, existe todo um procedimento”, disse Xavier antes de complementar: “É muito complicado quando duas pessoas apenas decidem entrar na terra indígena sem nenhuma comunicação aos órgãos de segurança e à Funai.”

“O Bruno e o Dom não estavam dentro da terra indígena. Mesmo que estivessem, o Bruno estava exercendo uma função própria da organização indígena, prestando auxílio a uma das equipes da Univaja, na condição de consultor técnico. E nós, indígenas, bem como nossas organizações, não precisamos de autorização da Funai para entrar em nossos próprios territórios”, rebateu, na última quinta-feira (1º), o procurador jurídico da Univaja, Eliesio Marubo, para quem a diretoria da Funai foi omissa à época.

Há duas semanas, a PF indiciou Marcelo Xavier e o ex-vice-presidente da Funai Alcir Amaral Teixeira por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Para os delegados responsáveis pelo caso, os dois principais responsáveis pelas decisões tomadas pela fundação indigenista tinham conhecimento do risco de morte a que os servidores do órgão estavam expostos no Vale do Javari e nada fizeram para protegê-los. A reportagem não conseguiu contato com Xavier e Teixeira.

Prisões

À medida que o tempo passava, o desaparecimento do correspondente do The Guardian e do indigenista ameaçado de morte em plena Floresta Amazônica ganhava destaque no noticiário internacional. Crescia, também, a sensação de que algo de muito ruim podia ter acontecido, já que Teixeira conhecia muito bem a região e dificilmente teria se perdido.

“O que me pergunto é: será que o caso teria toda esta repercussão se não houvesse um jornalista estrangeiro entre as vítimas?”, ponderou a atual presidenta da Funai, Joenia Wapichana, ao conversar com a reportagem da Agência Brasil, na última quinta-feira. “Temos vários casos envolvendo [agressões de todos os tipos contra] os povos indígenas e que, geralmente, recebem pouca divulgação”, acrescentou Joenia após elogiar o trabalho de Dom Phillips.

No dia 6 de junho de 2022, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento para apurar o caso e acionou forças de segurança federais e estaduais, além da Marinha, para que auxiliassem as equipes de busca da Univaja. A Polícia Civil do Amazonas também instaurou um inquérito. A partir dos depoimentos de testemunhas e de um primeiro suspeito, os investigadores chegaram a Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, detido no dia 7.

Inicialmente, Pelado negou envolvimento com o desaparecimento de Bruno e Dom, mas, além do testemunho de pessoas que afirmaram ter presenciado ameaças dele ao jornalista e ao indigenista, peritos da PF identificaram vestígios de sangue no barco ele usava no dia em que a dupla desapareceu. Em 12 de junho, bombeiros encontraram objetos pertencentes a Bruno e Dom, reforçando a suspeita de que, àquela altura, os dois já estavam mortos.

Diante dos indícios, Pelado acabou admitindo ter participado dos assassinatos e da ocultação dos cadáveres do indigenista e do jornalista, indicando o local onde os corpos da dupla estariam enterrados. As informações levaram às prisões do irmão de Pelado, Oseney da Costa de Oliveira, o Dos Santos, detido no dia 14 de junho, e à expedição de um mandado de prisão contra Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, que se entregou à Polícia Civil em Atalaia do Norte quatro dias depois.

No dia 15 de junho, policiais federais localizaram “remanescentes humanos” em um ponto de difícil acesso indicado por Pelado. Apenas dois dias depois, peritos da PF confirmaram que ao menos parte dos vestígios humanos encontrados era de Bruno e Dom. No mesmo dia, a Câmara dos Deputados aprovou a criação de uma comissão parlamentar externa para acompanhar, fiscalizar e propor providências sobre o desaparecimento do indigenista e do jornalista, conforme proposta da então deputada federal e atual presidenta da Funai, Joenia Wapichana. Na ocasião, ao votar a favor da iniciativa, a deputada Fernanda Melchionna reverberou as críticas ao governo federal. “Os primeiros a começarem as buscas foram justamente os indígenas. O governo [federal] começou só três dias depois.”

Em 23 de junho, Gabriel Pereira Dantas se apresentou em uma delegacia de São Paulo afirmando ter participado dos assassinatos, mas já no dia seguinte, a PF informou não haver sinais de que o relato fosse verdadeiro, já que Gabriel teria apresentado uma “versão pouco crível e desconexa com os fatos até o momento apurados”. Dantas foi libertado no dia seguinte.

Um novo suspeito foi detido em 8 de julho. Apontado como suposto mandante dos assassinatos e suspeito de envolvimento com o narcotráfico, o colombiano Ruben Dario da Silva Villar foi preso inicialmente por apresentar uma identidade falsa ao prestar depoimento sobre o caso. Vilar negou qualquer envolvimento na morte de Bruno e Dom. Mesmo assim, a PF pediu que ele permanecesse detido durante as investigações. Somente em 22 de outubro, ele foi autorizado a deixar a prisão, mediante pagamento de uma fiança de R$ 15 mil; o uso de tornozeleira eletrônica; a entrega de seus passaportes e o compromisso de não deixar Manaus. Ele voltaria a ser preso em dezembro, por descumprir as condicionantes impostas pela Justiça.

Em 23 de julho, o MPF denunciou Amarildo, Jefferson e Oseney à Justiça Federal em Tabatinga (AM), por duplo homicídio e ocultação de cadáveres. Na denúncia, os procuradores apontam que os dois primeiros confessaram ter matado e escondido os corpos de Bruno e Dom. Para os procuradores, “os elementos colhidos no curso das apurações apontam que, de fato, o homicídio de Bruno teria correlação com suas atividades em defesa da coletividade indígena. Dom, por sua vez, foi executado para garantir a ocultação e impunidade do crime cometido contra Bruno.”

Em janeiro deste ano, a PF apontou Ruben Dario da Silva Villar, o Colômbia, como mandante e mentor intelectual do crime.

“Estas mortes não podem ficar impunes. O Poder Judiciário brasileiro não pode condenar apenas três pessoas”, afirmou o procurador jurídico da Univaja, Eliesio Marubo. “Conversamos com o ministro [da Justiça e Segurança Pública] Flávio Dino e pedimos a ele uma investigação mais apurada, inclusive do grupo que dá sustentação política ao conjunto de atividades ilegais que acontecem na região. É preciso apurar os caminhos do crime na região amazônica.”

Na última sexta-feira (2), o Ministério dos Povos Indígenas anunciou a criação de um grupo de trabalho para promover a segurança e combater a criminalidade no Vale do Javari. O grupo será formado por dez ministérios, que trabalharão em parceria com a Funai e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para propor medidas concretas de combate à violência e com o objetivo de garantir a segurança territorial dos povos indígenas que vivem na área. Entidades de povos indígenas também participarão das discussões.

Linha do Tempo – Bruno Pereira e Dom Philips – Arte/Agência Brasil

Em momentos opostos, Vasco e Fla disputam clássico pelo Brasileiro

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Vivendo momentos opostos na temporada, Vasco e Flamengo disputam clássico pela 9ª rodada do Campeonato Brasileiro, a partir das 20h (horário de Brasília) desta segunda-feira (5) no estádio do Maracanã. A Rádio Nacional transmite a partida ao vivo.

Ocupando a penúltima posição da classificação da competição nacional com seis pontos conquistados, o Cruzmaltino tem um início de temporada muito negativo. Fora da Copa do Brasil e sem disputar uma competição internacional, a equipe de São Januário soma oito partidas sem vitórias no Brasileiro, com uma sequência de três derrotas consecutivas, a última de 2 a 0 para o Fortaleza no estádio do Castelão.

Segundo o auxiliar da equipe profissional do Cruzmaltino, Claudio Maldonado, a equipe tem se esforçado para retomar o caminho das vitórias: “Sempre tentamos trabalhar na semana, trabalhar muito para entrar e competir em cada jogo no nível máximo. Não temos o que reclamar dos jogadores, pois cada um está indo no limite. Eles sentem o momento que estamos passando, mas temos que ter sabedoria de saber que ainda há muitos jogos a serem disputados no Brasileiro. Estamos numa posição que não gostaríamos, mas sabemos que há uma evolução do time”.

Um reforço para o clássico é o atacante Pedro Raul, que cumpriu suspensão na última rodada. Já a lateral-direita deve ter o retorno do uruguaio Pumita Rodríguez. Com isso, o Vasco deve entrar em campo com: Léo Jardim; Pumita, Capasso, Léo e Piton; Jair, Galaza, Carabajal e Alex Teixeira; Pec e Pedro Raul.

Apesar de ainda não ocupar as primeiras posições do Brasileiro, o Flamengo vive um momento de retomada na temporada, em especial após a vitória de 2 a 0 sobre o Fluminense, na última quinta-feira (1), que lhe valeu a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil.

Ao ser questionado sobre os próximos desafios do Rubro-Negro, Jorge Sampaoli afirmou, em entrevista concedida após a classificação na Copa do Brasil, que sua equipe tem que estar preparada: “O Flamengo tem que estar preparado. Penso já no clássico de segunda-feira [contra o Vasco]. Depois penso no Racing [próximo compromisso pela Libertadores]. Não posso pensar no Racing antes do Vasco. Penso que no clube que estou, que na minha carreira é o maior que já estive, tenho que pensar jogo a jogo. Essa é a mentalidade”.

Porém, para o clássico com o Vasco, o técnico argentino tem alguns problemas para escalar seu time. Com um desconforto no músculo posterior da coxa esquerda, o zagueiro Léo Pereira é desfalque certo. Outra possível ausência é o atacante Gabriel Barbosa, que no Fla-Flu saiu de campo com muitas dores na perna esquerda. Assim, um possível Flamengo para o jogo é: Matheus Cunha; Wesley, Fabrício Bruno, David Luiz e Ayrton Lucas; Pulgar, Pablo Maia, Gerson e Arrascaeta; Pedro e Gabigol (Everton Cebolinha).

Transmissão da Rádio Nacional

Rádio Nacional transmite Vasco e Flamengo com a narração de André Luiz Mendes, comentários de Waldir Luiz, reportagem de Rodrigo Campos e plantão de Bruno Mendes. Você acompanha o Show de Bola Nacional aqui:

Potencialidades e ameaças da inteligência artificial

Por Maurício Rands

Um recente manifesto de 350 cientistas e dirigentes de empresas, entre eles Sam Altman (OpenAI), Demis Hassabis (Google DeepMind), Geoffrey Hinton e Yoshua Bengio (Prêmio Alan Turing, tido como um Nobel da tecnologia), faz um alerta sobre o que significam os últimos avanços da inteligência artificial (AI). O manifesto argumenta que “debelar o risco de extinção representado pela IA deve ser uma prioridade global ao lado de outros riscos como pandemias e guerra nuclear”. Seus autores defendem alguma regulação ou, no mínimo, a autorregulação. Alguns, chegam a pedir uma moratória aos desenvolvedores de IA. Como toda a vida e a produção humanas baseiam-se na linguagem, é lógico que estamos diante de uma revolução. Pela primeira vez, a linguagem está sendo criada por máquinas. Por isso, os riscos vão além da gradual substituição de humanos. Grandes contingentes vão perder relevância e serão afastados do mercado de trabalho. Escanteados. Poderemos ter sociedades ainda mais divididas. Com muitos excluídos da vida digital. E, portanto, do mercado de trabalho, da ciência, da informação e das artes.

A IA alimenta-se do que está na internet. Onde abunda a desinformação que é potencializada pela organização dos algoritmos que mentem e discriminam para capturar a audiência. Seus modelos de linguagem, a IA gera-os a partir do que ela colhe no mundo digital. E aí surge a pergunta: como um chatbot de IA vai distinguir o que é fake news do que é realidade objetiva? Diante de uma tecnologia tão disruptiva, muitos se apressam com vaticínios apocalípticos. Como os feitos pelo manifesto sobre uma ameaça de extinção gradual da civilização. Alguns, como Eugenio Bucci (O Estado de São Paulo, 3/6/2023) chegam a acreditar nessa hipótese de extinção por IA.

Porém, como em outras ameaças, pode não ser ingenuidade supor que a humanidade tem condições de prevenir os desastres anunciados. As ferramentas de IA, pelo menos no horizonte próximo, ainda não têm certos atributos que permanecem próprios aos seres humanos. Como observa Pedro Dória (O Globo, 3/6/23), os softwares de IA produzem textos, imagens e sons a partir de “padrões de informação que nós mesmos geramos”. Ainda não exibem capacidade cognitiva autônoma. A IA é prodigiosa. Mas ainda é destituída do sentimento, que é específico aos humanos. Não tem a criatividade, a originalidade e a capacidade de contextualizar. Nem de produzir os valores que cada um de nós adotamos no exercício do nosso livre-arbítrio. Dia desses coloquei no prompt do Chat Gpt4 dois versos de Moisés Sesyon, poeta popular do Açu-RN, e desafiei-o a fazer a glosa. O que retornou foi uma vergonha que faria rir de desprezo nossos poetas do Açu ou do Pajeú. 

Mas não se podem afastar as ameaças que decorrem da expansão da IA. Elas inscrevem-se entre os problemas planetários como o aquecimento global, a destruição nuclear, a desigualdade e a exclusão. Trata-se de desafio a ser enfrentado com eficiência e planejamento. Que exige coordenação democrática e uma educação de qualidade e mais equitativa para todos. De modo a que todos os cidadãos, beneficiados pelo acesso a uma educação digital inclusiva, possam participar dos processos decisórios. Tarefas que só a democracia pode cuidar plenamente. Que não se podem deixar apenas aos poderosos controladores das Big Techs. Nem sequer a uns poucos ministros das cortes supremas. Necessário ouvir todos os setores das sociedades. Uma regulação da inteligência artificial deve combinar o incentivo ao desenvolvimento tecnológico e à liberdade de expressão com a possibilidade de que a sociedade escolha os valores éticos a serem preservados e estimulados. Entre eles, a inclusão de todos na fruição dos benefícios das inovações. E, não menos importante, a preservação da vida no planeta. Humana, como também de outras espécies animais e vegetais.  Os parlamentos já começaram a tarefa, como os da Austrália e o Europeu. Este último está propondo um código de autorregulação aos provedores de redes sociais e serviços de mensageria. Um dia, quem sabe, o planeta poderá contar com regulação global, aprovada a partir de tratados que brotem da experiência das legislações inicialmente aprovadas pelos parlamentos nacionais. O manifesto dos cientistas e desenvolvedores de IA talvez possa ser visto nesta perspectiva. A de que o assunto já se tornou grave e estratégico demais para ser deixado apenas à pequena comunidade das Big Techs, de

cientistas e de desenvolvedores dos novos sistemas de IA.

Maurício Rands, advogado formado pela FDR da UFPE, PhD pela Universidade Oxford