Será que vale a pena tudo mesmo para retomar o poder?

Do Repórter Política

Conforme os dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Caruaru possui 247.041 eleitores aptos a votar nas eleições municipais 2024, representando o quarto maior colégio eleitoral de todo Pernambuco e o maior do interior do Estado. Neste ano, o eleitorado caruaruense terá a missão de escolher a melhor opção, dentre os seis candidatos na disputa, para governar a Capital do Agreste, pelos próximos quatro anos, e as campanhas nas ruas já se encontram a todo a vapor na cidade, movimentando militâncias e promovendo eventos eleitorais, da zona urbana até a rural.

Derrotados nas urnas nas eleições 2022, quando não conseguiram renovar os seus respectivos mandatos na Alepe, os adversários históricos Zé Queiroz (PDT) e Tony Gel (MDB), agora, se encontram de mãos dadas, em 2024, parar darem aquela que parece a ser a última cartada nas suas respectivas trajetórias na política local, tentando impedir a reeleição do atual prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB), que é cria da atual governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), e após dois anos e seis meses de governo à frente da Prefeitura possui alto índice de aprovação, beirando a casa dos 70%.

E para chegar a um próximo mandato no Palácio Jaime Nejaim, o pedestista que pouco foi visto e trouxe recursos para Caruaru, no último período em que esteve representando a cidade na Assembleia, está fazendo de tudo um pouco para tentar convencer o eleitorado, que ainda tem algo a acrescentar na Capital do Agreste, mesmo com um plano de governo nada instigante, inspirador e diferente do que já foi e está sendo feito para contribuir de fato com as demandas atuais de uma das maiores cidades do Nordeste.

Além de uniões contraditórias com adversários a quem tanto criticou no passado distante e até recente, neste cenário de tentar retornar a todo custo ao poder, também está valendo contar com o apoio militante da imprensa chamada, neste caso, não marrom, mas atualmente laranja; com a presença de eleitores e de candidatos de outras cidades, nos seus respectivos eventos quase esvaziados e que em nada acrescentam ou vão acrescentar para com o futuro da Capital do Agreste; bem como até escondendo o vermelho do atual presidente do país, Lula, sua principal muleta de votos, mas principal opositor à vasta gama de bolsonaristas aptas a votar na cidade.

Na sua fixação desenfreada de tentar retomar a cadeira principal do Jaime Nejaim, está valendo para o pedetista tentar se aproximar e prometer tudo aquilo que acha ter direito até para quem de fato não conhece o seu trabalho. Neste cenário se encontram os novos e jovens eleitores, que representam uma fatia importante do eleitorado local e também serão determinantes para com a escolha do próximo prefeito de Caruaru.

Em tempos da maior edição dos Jogos Escolares Municipais de Caruaru, a velha tática de tentar adotar a já bastante batida “Onda Jovem” pode até cair por água abaixo, afinal, de ações concretas e que ultrapassam a barreira das eleições, os jovens caruaruenses de hoje já estão acostumados e entendem muito bem. Nada igual há anos anteriores, a exemplos de 2015 e 2016, quando os estudantes atletas do município foram desprezados pelo o até então prefeito Queiroz, com os cancelamentos seguidos dos tradicionais Jogos.

Será que vale tudo a pena mesmo para retomar o poder?

O Brasil enfrenta uma crise ética Samuel Hanan

Samuel Hanan

O Brasil atravessa uma crise ética. É patente a aceitação e banalização da perda dos valores morais evidenciada pelo comportamento dos governantes e pela anestesia da sociedade, em um péssimo exemplo para as futuras gerações.

Estamos nos tornando rapidamente um país que tem facilitado em muito a vida de criminosos, inclusive de facções organizadas e não é à toa que, segundo ranking da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é hoje o país com o maior número de homicídios do mundo. O Estudo Global sobre Homicídios 2023, no ano passado o Brasil registrou 45.562 homicídios, mais do que a Índia, a segunda colocada nesse ranking macabro, que somou 41.330 casos, mas tem população quase sete vezes maior que a brasileira.

Nossa situação é comparável à dos países em guerra, inclusive com notícias de intimidação e infiltração de agentes públicos, coagindo o serviço público a contratar com empresas de fachada. Qual é o limite?

A história recente é um alerta. Nos últimos 35 anos, o Brasil teve eleições de dois em dois anos, respeitando integralmente as leis e os resultados das urnas, como deve ser numa democracia. E o que aconteceu? Nesse período, elegemos cinco presidentes da República e acabamos empossando sete. Dois presidentes (Fernando Collor de Mello e Dilma Roussef) sofreram impeachment, um (Luiz Inácio Lula da Silva) foi condenado e preso após o exercício do segundo mandato e posteriormente foi “descondensado”. Outro (Michel Temer, que assumiu com o impeachment de Dilma), chegou a ser detido, mas não foi preso; um (Fernando Henrique Cardoso) saiu com baixíssima aprovação, praticamente e o último (Jair Bolsonaro), por inabilidade e diante das dificuldades impostas pelo sistema não conseguiu governar, perdeu a reeleição, está inelegível e ainda responde vários processos. O país está diante de uma anomalia muito grave e séria que não pode ser banalizada e relegada ao segundo plano, e sim enfrentada com urgência.

O Brasil é uma república federativa, democrática, que tem como alicerce a liberdade de expressão, política, de culto, econômica etc., e cuja Constituição Federal traz entre os objetivos fundamentais uma sociedade livre, justa e solidária, na qual todos são iguais perante a lei. A realidade, porém, é muito diferente. Não temos liberdade plena; somos uma sociedade tremendamente injusta, a começar pelas desigualdades regionais, sociais e de oportunidade, fortemente egoísta e solidária apenas nas tragédias, pois cultivamos privilégios para poucos e obrigações para muitos.

É muito difícil aceitar que os cidadãos comuns, se processados por crimes, sejam julgados por juízes de 1ª instância enquanto outros têm seus processos tramitando originalmente nas cortes superiores cujos magistrados, aliás, são nomeados pelos governantes. E estes privilegiados não são poucos, somam mais de 50 mil com foro por prerrogativa de função, número sem similaridade em nenhum outro país do mundo.

A sensação é a de que somos uma monarquia com mais de 50 mil regentes, ou de que estamos reeditando as capitanias hereditárias de 1530, quando o rei Dom João III, diante da imensidão do território brasileiro, então colônia portuguesa, criou 14 capitanias nomeando 12 donatários e conferindo a eles todos os privilégios e somente duas obrigações coletar e pagar tributos à Coroa. Os brasileiros das classes C, D e E de hoje se assemelham a vassalos modernos porque têm pouquíssimos direitos e muitas obrigações. Os donatários do Século XXI são os donos do poder, sempre beneficiados pelos mais diversos privilégios.

*Samuel Hanan é engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002). Autor dos livros “Brasil, um país à deriva” e “Caminhos para um país sem rumo”. Site: https://samuelhanan.com.br

ARTIGO — No Dia Nacional do Turismo setor está em luto pelas vítimas da catástrofe no Rio Grande do Sul

Hoje, poderíamos estar comemorando o Dia Nacional do Turismo com os números divulgados pela Embratur que mostram que, no primeiro trimestre de 2024, o Brasil registrou a maior receita da história com turismo internacional. Mas, infelizmente, a mesma força da natureza que encanta tantos turistas, mostrou também que temos que cuidar da nossa casa, do nosso planeta e comprovou a antiga máxima que cidade boa para o turista deve ser, em primeiro lugar, boa para o seu cidadão.

A calamidade que está acontecendo no Rio Grande do Sul é uma demonstração clara que nossas cidades, incluindo destinos turísticos consagrados como os da Serra Gaúcha, precisam de investimentos, atenção continua e não só nos equipamentos turísticos para estarem preparados para as intempéries da natureza.

Vivemos um momento difícil em que primeiro devemos socorrer as vítimas, dando-lhes toda assistência necessária, mas não podemos deixar de pensar em combater as causas e encarar essas questões de frente, criando condições para não apenas recuperar o que existia antes, mas também investir para que as variações climáticas – que já se apresentam como o novo normal – não se tornem uma grande calamidade como estamos presenciando agora.

Nós, como agentes do turismo, temos que encarar a responsabilidade e o dever de agir juntamente com nossas autoridades, em todos os níveis, para que nossos municípios recebam os investimentos necessários em infraestrutura para que se tornem seguros.

Assim como na pandemia, quando o turismo foi o primeiro a parar e o último a retomar suas atividades, essa catástrofe que estamos presenciando não termina quando as águas recuarem. O setor de turismo não volta ato continuo aos índices alcançados anteriormente. Precisamos sempre estar um passo à frente, tratando o setor como a grande indústria que é, geradora de empregos e renda, estabelecendo não só programa emergenciais, como foi o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) que salvou milhares de empresas e empregos, mas ações permanentes de investimentos e estímulo.

Que essa tragédia sirva de aviso para que nossos múltiplos destinos tomem providências antes de fatos semelhantes se consumarem. O turismo tem o poder de transformar um simples lugar em grande destino, impulsionando sua economia e melhorando a qualidade de vida de seus moradores, e por isso, no Dia Nacional do Turismo, não podemos falar do setor sem destacar a importância da sustentabilidade em todas as nossas atividades e o que está acontecendo no Sul do país nos mostra isso com clareza.

Respeitar os limites da natureza e entender seu fluxo para projetar o futuro de um destino não é mais um diferencial. É uma necessidade cada vez mais perene para aqueles que querem seguir com segurança pelos caminhos que nos levarão em direção ao país que buscamos.

Manoel Linhares, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH Nacional

ARTIGO — Crianças cuidando de crianças

Uma das pautas prioritárias das gestões estaduais e federal, recém-eleitas, é a Educação – tema foi recorrente na maioria dos governos municipais no pleito realizado há dois anos. É prioridade de inícios de mandato porque, em regra, não é prioridade de Estado real. Apesar de tratar-se de um direito previsto na Constituição Federal, a Política de Educação não tem sido bem encaminhada pelos governos.

Além disso, a Educação não é uma ilha e depende de fatores externos às políticas educacionais. O rendimento escolar, muitas vezes, também está ligado ao contexto socioeconômico dos estudantes e de seus familiares. As classes C, D e E, por exemplo, enfrentam o tema absurdo e persistente de crianças e adolescentes cuidando de outras pessoas da família, normalmente irmãos mais novos, em vez de focar sua atenção aos estudos.

Pesquisa publicada pelo UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), realizada em agosto de 2022 e que ouviu 1.100 meninas e meninos de 11 a 19 anos de todas as regiões do Brasil, constatou que 11% não haviam voltado às escolas após o isolamento social provocado pela pandemia. O dado representa uma evasão escolar de mais de dois milhões de estudantes no país. Entre as causas apontadas pelos ex-alunos, 28% destacaram o fato de terem que cuidar de familiares em suas casas. Dos 21% que seguiram estudando, mas que pensaram em desistir da escola nos três meses anteriores à pesquisa, 19% trouxeram este mesmo motivo.

A falta de creches e pré-escolas e de ensino em turno integral, especialmente para estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental, explica a maior parte dessa realidade preocupante. Um misto de exploração do trabalho infantojuvenil “invisibilizado”, aliado à fragilização do cuidado familiar, por vezes expondo crianças a ações arbitrárias das agências de proteção, como a retirada de crianças de suas famílias por negligência ou abandono, mesmo sendo essa negligência claramente do Estado e não das famílias. Também as crianças estão expostas a riscos de acidentes e negligências diversas, em vez de usufruírem do direito constitucional à Educação.

Perante essa realidade, é impossível se pensar no Direito à Educação sem o apoio às famílias em maior situação de vulnerabilidade. Ainda mais quando essa vulnerabilidade tem relação direta com o não atendimento adequado da própria Política Pública de Educação como é o caso da falta de vagas na Educação Infantil, tanto de creches quanto de pré-escolas, e da baixa oferta de turno integral nas escolas brasileiras.

José Carlos Sturza de Moraes é cientista social, mestre em Educação e atualmente coordena o Instituto Bem Cuidar (IBC), uma iniciativa da Aldeias Infantis SOS.

ARTIGO – Discutir reeleição é ignorar o grave momento nacional‏

*Luiz Carlos Borges da Silveira

A política brasileira anda aos trancos. Quando registra algum avanço em seguida sofre retrocesso. Atualmente estamos presenciando a incubação de mais um episódio que atesta esse ir e vir característico de nossa instabilidade, episódio esse fermentado pelos próprios políticos que demonstram não querer a solidez do sistema, mas levá-lo ao sabor de seus interesses. Trata-se da reeleição, que pela última minirreforma foi proscrita, ressalvada apenas para eleitos ainda sob os efeitos da norma anterior – caso dos prefeitos que neste ano poderão disputar um segundo mandato.

Reeleição no Brasil mostrou-se prejudicial ao sistema e à própria administração pública. Os mandatários tomam cuidados extremos na preservação da imagem objetivando conquistar novo mandato, prejudicando a gestão. Por exemplo, deixam de adotar projetos e medidas impopulares e chegam a esconder situações adversas mentindo ao povo. Foi o que se viu na campanha presidencial em 2014. Ao omitir a verdade e ocultar dificuldades prestam desserviço porque depois da eleição os problemas explodem com violência e a recuperação se torna lenta a dolorosa para todos. Prova disso são os problemas que o país enfrenta desde o ano passado.

A manutenção ou extinção da reeleição parece ser uma questão apenas de conveniência dos políticos, seus grupos e partido. Há menos de uma semana o presidente interino teve de fazer declaração pública contra o restabelecimento de reeleição, porque crescem confabulações e tratativas isoladas para a manutenção da reeleição presidencial. Aliados tratam abertamente do assunto, como fez o presidente da Câmara Rodrigo Maia, daí a manifestação oficial de Michel  Temer, talvez para evitar que houvesse inferência de que estivesse ele mesmo alimentando a ideia.

É inacreditável que as lideranças políticas esqueçam o Grave momento nacional que requer todos os esforços no sentido de superar os problemas e dificuldades. Deveriam usar a influência para contribuir com soluções, não para promover mais turbulência. Em verdade, estão preocupados com reeleição e outras maquinações interesseiras e buscam somente levar vantagem.

*Luiz Carlos Borges da Silveira é empresário, médico e professor. Foi Ministro da Saúde e Deputado Federal.

Coluna de sábado: Quem entende o dilmês? (ou Tchau, querida!)

Imagem

Por Menelau Júnior

“É uma bola que é uma bola…”. “Eu já testei e ela quica”. “…eu acho que a importância da bola é justamente essa, o símbolo da capacidade que nos distingue como…nós somos do gênero humano, da espécie sapiens (…). Quando nós criamos uma bola dessas, nós nos transformamos em Homo sapiens ou mulheres sapiens”.

O discurso acima, você sabe, foi feito ano passado pela presidente Dilma. Não tem pé nem cabeça, não tem lógica, não tem argumento, não tem nada. Não surpreende, portanto, que seu governo tenha sido da mesma forma.

O melhor é que acaba de chegar às livrarias um livro que disseca esse idioma extraterrestre que só Dilma e os petistas entendem: o dilmês. “Dilmês, o idioma da mulher sapiens”, do jornalista Celso Arnaldo Araújo, poderia ser divertido não fosse trágico: revela a completa incapacidade da presidente de elaborar um parágrafo com lógica. Após ter um presidente que se expressava muito bem (sem levar em conta os erros gramaticais, claro), ainda que fizesse questão de alardear sua ojeriza à leitura, o Brasil agora tem uma mandatária que não diz coisa com coisa.

Segundo o autor, “o que choca em Dilma não é a oratória em si. (…) O problema de Dilma sempre pareceu mais complexo. A forma primitiva da fala, da saudação à despedida, já traía na candidata o primarismo do pensamento e um desprezo generalizado”.

O prefácio, do grande estudioso da linguagem Dionísio da Silva, não deixa dúvidas sobre o conteúdo das 200 páginas: “Os dicionários já estavam desatualizados quando surgiu o dilmês, o português da Dilma. E a coisa piorou. Até a dicção da presidente dificulta a busca das palavras nos dicionários. Não adianta procurar. Sua sintaxe é quase insolente”

É mais um livro que deixa registrada a herança maldita do lulopetismo. Agora que Dilma é passado, teremos a oportunidade de estudar esse idioma sem lógica, sem conteúdo e sem sintaxe. O pior é que, além de um idioma incompreensível, Dilma e o PT nos deixam de herança 13 anos perdidos, com o fisiologismo, o populismo irresponsável e um país que prometia ser grande completamente quebrado.

Até a próxima semana.

Coluna de quinta: O abandono do Morro do Bom Jesus de Caruaru

Por Hérlon Cavalcanti

Em 2011 o nosso querido Morro do Bom Jesus foi alvo de holofotes da política estadual e municipal através da ação que pacificou o local e trouxe novos olhares de políticas públicas para aquela área e toda a comunidade dos bairros que envolve o Morro.

O tempo foi se passando, o Morro continua de pé, a sua igrejinha “assistindo” a tudo ano a ano.

Fazendo uma pesquisa e lendo alguns artigos publicados nas mídias sociais e nos jornais impressos de Caruaru de 2011 para cá, encontrei um “universo de promessas e possíveis benefícios que iriam acontecer para o nosso maior cartão postal de Caruaru, O Morro do Bom Jesus.

Encontrei tantas falácias e promessas vazias dos governantes e que não cumpriu nem com 10% do que foi proposto a realizar, ou seja, ficamos vendo o progresso chegar ao Morro com passos de tartarugas com paralisia infantil.

Em abril de 2012 foi inaugurada a Escola Municipal Dom Antônio Costa, naquela ocasião foi prometido mais conforto, segurança aos alunos e professores, como também o discurso do atual prefeito que ressaltava que o Morro foi sempre esquecido e que um “novo tempo estava chegando” e que as políticas sócias agora vão acontecer para os moradores? E que essa gestão subiu o morro para fazer histórias? Pois bem, o tempo passou no retrovisor do esquecimento e como um breu eterno, o nosso Morro assiste a tudo e continua a esperar esses novos ventos chegar.

Eu fico me perguntando aonde estão estas políticas públicas que os moradores do morro não conseguem enxergar? O que foi feito de fato que mudou a vida dos moradores dos bairros que cercam o Morro? Cadê a creche para que as mães pudessem deixar seus filhos e descer as ladeiras em busca de trabalho? Cadê a coleta de lixo que iria melhorar? A falta de estrutura é notória em toda aquela área.

Um espaço que poderia ser melhor aproveitado nos finais de semana com shows culturais, barracas de comidas típicas feitas pelos moradores da área que iria possibilitar uma renda extra, um olhar pleno de arte, lazer e socialização é isso que falta acontecer de verdade.

Falta vontade política para assumir a sua responsabilidade, chega de promessas, é hora de um governo que olhe as pessoas com o caráter de cidadãos e cidadãs.

O nosso Morro do Bom Jesus agradece ao empenho da Polícia Militar e a Polícia Civil que exerce o seu papel de forma digna e corajosa em meio a tantas dificuldades e falta de estrutura, eles conseguem dar um pouco de alegria aos seus moradores e a sociedade que sobe as ladeiras para curtir a paisagem e as belezas naturais da área mais nobre da nossa cidade.

Artigo: 18 de abril – Dia Nacional do Livro Infantil

Por Gabriela Kopinits, a Cigana Contadora de Estórias*

Há não muito tempo atrás a criança ainda era vista simplesmente como “um adulto em miniatura”, conceito medievalista ainda prevalente. Não se pensava a criança como um ser tenro, que necessitasse de cuidados especiais, de educação cuidadosamente elaborada para ela. O fato de uma criança nascer significava apenas um par de braços a mais para ajudar na lida e uma boca a mais para sustentar nas classes mais baixas ou um peão valioso no jogo dos casamentos e dotes arranjados por interesse político ou financeiro.

Até o que hoje conhecemos como estórias para crianças, muitas não foram absolutamente pensadas ou mesmo compostas para elas, entre estas clássicos como Chapeuzinho Vermelho e A bela adormecida (que no original se chamava A bela adormecida no bosque). Eram contos, em sua maioria com conselhos de bom comportamento embutidos, elaborados para as senhoras damas. Vejam o que aconteceu com a mocinha que não seguiu o conselho da mamãe! – dizia a história. Foi devorada por um lobo! – Arrematava o contador de estória, secundado por gritinhos de pavor das encantadoras mademoiselles.

Charles Perrault (1628-1703), contemporâneo e servidor de Luís XIV, foi quem primeiro teve a ideia de reunir esses relatos ouvidos nos salões da corte francesa no que seria o primeiro livro infantil. Publicado em janeiro de 1697 – Perrault já com 69 anos – o livro recebeu o nome de Histórias ou contos do tempo passado com moralidades com o subtítulo Contos da Mamãe Gansa (Histoires ou Contes du temps passé – Contes de ma mère l’Oye) e trazia os conhecidos A bela adormecida ao bosque (La Belle au bois dormant), Chapeuzinho VermelhoO Barba AzulO Gato de BotasAs fadasCinderela e Riquete de Crista.

A ideia do “adulto em miniatura” começou a mudar depois daí, graças também ao Renascimento, importante movimento cultural que marcou a transição entre o medievalismo e a nova cultura burguesa e afastou um bocado a Igreja da influência social. Os ares renovadores do Renascimento – depois a Revolução Francesa – abriram brechas no pensar ocidental que iriam trazer gratas consequências na vida cotidiana, entre elas a da educação menos rígida e opressora, especialmente nas classes mais ricas. No entanto, a criança só começou mesmo a ser vista como um ser especial, diferenciado, em meados do século XVIII, depois da Revolução Francesa e com o advento do Romantismo.

A educação infantil, propriamente dita, surgiu com o pedagogo alemão Friedrich Froebel que, de forma pioneira, em junho de 1840, fundou os Kindergarden (jardins de infância), associando a importância dos cuidados com a educação da criança, desde os seus mais tenros anos, para o seu correto e sadio desenvolvimento à imagem da plantinha sendo cuidada desde cedo por um atento jardineiro.

No Brasil, os livros ainda eram publicados pela Imprensa Régia, estrutura burocrática e de controle editorial trazida por D. João VI em 1808. Traduções de Perrault e dos folcloristas alemães Jacob e Wilhelm Grimm era o que havia. Foi só em 1894 que o jornalista carioca Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914) publicou o primeiro livro infantil do país: Contos da Carochinha, coletânea com 61 contos populares, “morais e proveitosos, de vários países, traduzidos e recolhidos diretamente da tradição oral”, como está dito na contracapa.

Mas o primeiro livro escrito de fato para as crianças aqui no Brasil, retratando a nossa cultura, as nossas tradições e valores, foi mesmo A menina do narizinho arrebitado, publicado por José (Renato) Bento Monteiro Lobato em 1920, dando origem a uma série de livros de amplo sucesso com os personagens do Sítio do Picapau Amarelo.

Narizinho, Pedrinho, Emília a boneca falante, o Visconde de Sabugosa, Dona Benta, Tia Nastácia e seus deliciosos bolinhos de chuva, o Saci e a Cuca, dentre outros queridos personagens saídos da genial imaginação de Monteiro Lobato, vêm acompanhando gerações de crianças desde então, rendendo ao escritor o justo reconhecimento de Patrono da Literatura Infantil Brasileira. Mas o reconhecimento maior mesmo veio através da Lei nº 10.402, assinada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso Lei, em 8 de janeiro de 2002, instituindo o Dia Nacional do Livro Infantil, a ser comemorado anualmente no dia 18 de abril, data do nascimento do grande Monteiro Lobato.

“Um país se faz com homens e livros”, disse o mestre. Viva, pois, o Dia Nacional do Livro Infantil!

*Jornalista, escritora e contadora de estórias

Coluna de quinta: Caruaru precisa fazer um museu para o cantor Azulão

Por Hérlon Cavalcanti

Quem nunca ouviu essa música, CARUARU DO PASSADO “Caruaru do meu Bom Jesus do Monte, pra quem vive tão distante por força do destino, ai Caruaru do meu tempo de menino” quem nunca cantarolou essa música na voz do nosso Francisco Bezerra de Lima (o Azulão).

Nosso pequeno grande artista Azulão, é sem dúvidas nossa maior referência musical de todos os tempos em Caruaru. Sua história de vida foi construída por muitos sacrifícios e sonhos. Ele nasceu no dia 25 junho de 1942 no Brejo da Taquara.  Nascido em uma família simples, desde criança em suas brincadeiras, o pequeno Chiquinho, gostava de cantar imitando Luiz Gonzaga. Seu amor pela cultura nordestina só aumentava.

O tempo foi passando, o menino virou rapaz. Caruaru na década de 1560 a grande sensação era os programas de auditório da rádio difusora de Caruaru. Por lá, tantos bons programas eram apresentados reunindo as famílias e toda a sociedade. Em uma certa manhã surge a figura de um rapazinho vendedor de picolé todo trajada de azul querendo se apresentar, foi então que o radialista Arlindo Silva em tom bem auto gritou: “Chama esse Azulão pra vim cantar”? Pronto, dali começou sua carreira de sucesso, o pequeno Chiquinho virou Azulão de Caruaru.

Depois o Maestro Camarão que criou a primeira banda de forró do Brasil Banda do Camarão, chama Azulão pra fazer parte do conjunto. Foi um sucesso sua participação. Azulão passou um período mais por ter luz própria começou a seguir sua carreira solo. Surgiram muitos bons compositores que a toda hora lhe entregava verdadeiras perolas que se transformaram imortalizadas em sua voz músicas como: Dona Tereza, Mané Gostoso, Caçote, Caruaru do passado, Trupê de cavalo, afogando a minha dor, nega buliçosa, eu não socorro não, a Rua Preta entre tantas outras.

Esses grandes sucessos levaram o nosso azulão aos grandes palcos do cenário cultural. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro conheceram a força desse grande guerreiro que a todo ano batia recordes de vendagens de discos, sendo aplaudido e reconhecido por Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Genival Lacerda, Jacson do Pandeiro, Jacinto Silva, Ary Lobo, Walmir Silva etc.

O grande Mestre Azulão se tornou uma figura querida, folclórica em nossa cidade, se tornou nossa maior referência cultural.

Sua história merece ser preservada e repassada para as novas gerações. Azulão precisa de um espaço digno, um lugar sagrado, um museu de alta qualidade para mostrar suas histórias. Quem sabe um dia o poder público possa enxergar isso. Tem que fazer por azulão em vida, depois que morre, vira nome de rua, Avenida, praça sei lá o quê mais. Isso é importante sim, mais não suficiente. Preservar e valorizar nossa cultura e seus artistas é tarefa de todos.

Está tudo errado nessa Câmara!

Daniel Finizola

Semana passada Caruaru ficou perplexo ao ver os vereadores votarem um aumento de mais de 60% nos seus vencimentos. Algo que está totalmente fora da realidade e que não condiz com a necessidade urgente de mudar a forma e os meios de se fazer política no país. Não sou contra um vereador ganhar salário, mas que em primeiro lugar, ele exercite de forma participativa e transparente a sua função de legislador. Papel fundamental no desenvolvimento de políticas públicas para o município e no monitoramento das ações do Executivo.

Em segundo lugar, o contexto social e econômico no qual está inserido os municípios não favorece esse tipo de aumento. Mas parece que uma das Câmaras mais corruptas do Brasil é incapaz de exercitar tal raciocínio. Para começar, basta analisar a forma como se costura a política para o período eleitoral. Entenda que a grande maioria foi eleita por legendas pequenas, mal sabem as diretrizes dos partidos que representam. Isso demostra como os nossos vereadores não desenvolvem projetos coletivos de sociedade, mas projetos individuais de poder. O ridículo segue! Se dermos uma olhada nas redes sociais de muitos vereadores, constantemente postam fotos de ações assistencialistas, clientelistas, que não condizem com a função para a qual foi eleito.

A lista é grande. Vai de trocar lâmpada de um poste a uma festa de bairro. A passagem de ônibus aumentou e não vimos um vereador se pronunciar. Mas quando uma rua é calçada, logo surge o “pai ou mãe” da obra, seja vereador ou pré-candidato/a. Enquanto isso, eu pergunto: cadê as comissões que deveriam debater cultura, educação, mobilidade urbana, orçamento de forma transparente e didática para o cidadão/ã? Em que momento elas se reúnem? Qual o método utilizado para os trabalhos? Em que momento a população é ouvida? Quem não lembra da resposta absurda que muitos vereadores deram à imprensa sobre o PCC dos professores? “Nós não lemos o projeto”. Algo que mexeu diretamente com a vida de vários servidores e servidoras, ou seja, a irresponsabilidade e a falta de zelo com o bem público reina na casa José Carlos Florêncio. Os conselhos, instrumentos democráticos e constitucionais de participação popular, clamam pela presença dos vereadores. Sou conselheiro municipal de cultura e nunca vi um vereador se fazer presente nas reuniões. Acredito que muitos não sabem nem qual é a função de um conselho, nem das conferências.

Estão mais preocupados em disputar votos para reeleição a partir de obras assistencialistas do que desenvolver políticas públicas que deem autonomia ao cidadão/ã. É a reprodução da lógica política do século XIX. E quando você pensa que já viu e ouviu de tudo na Câmara de vereadores de Caruaru, vem o vereador Nino do Rap justificar o aumento, ‘devido a quantidade de pessoas que vão à sua casa pedir dinheiro’, afirmando que ‘um milhão seria pouco’. Vergonha! E a coisa piora. Na sessão da terça-feira, 8, tivemos que ouvir o Presidente da Casa, Leonardo Chaves, dizer que a Câmara não era “casa da mãe joana”. A declaração machista, sexista e misógina veio porque entidades estudantis exerciam seu direito democrático de protestar contra o aumento descontextualizado do salário dos vereadores.

As declarações do Vereador Nino do Rap e do Presidente da Casa, Leonardo Chaves, somadas a prisão de dez vereadores e a forma assistencialista que os edis atuam, demostram que pagar nove mil reais aos vereadores já é um absurdo. Está evidente que a maioria esmagadora dos vereadores que hoje ocupam a casa José Carlos Florêncio não representa a população caruaruense e seus anseios. As declarações estapafúrdias dos vereadores não condizem com uma cidade de 330 mil habitantes que é referência cultural e política para o país.

É preciso urgentemente sonhar, intervir e transformar esta realidade.

Daniel Finizola – Educador, Artista e vice-Presidente do PT/ Caruaru.