OPINIÃO: Sozinha à beira do abismo

Por BERNARDO MELLO FRANCO
Da Folha de S. Paulo

A delação de Ricardo Pessoa empurrou Dilma Rousseff de volta para a beira do abismo. Desde os protestos de março, o governo nunca pareceu tão frágil, e o desfecho da crise, tão incerto.

O chefe do “clube das empreiteiras” transferiu a delegacia da Lava Jato para o Palácio do Planalto. Em uma só tacada, envolveu dois ministros no escândalo, os petistas Aloizio Mercadante e Edinho Silva, e lançou suspeitas sobre o financiamento das duas campanhas que elegeram Dilma, em 2010 e 2014.

Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, Pessoa ainda entregou aos procuradores uma planilha com título autoexplicativo: “Pagamentos ao PT por caixa dois”. Se comprovados, os repasses podem desmontar o discurso do partido de que a prática de receber dinheiro em espécie ficou para trás com o mensalão.

De quebra, o delator acrescentou um novo verbete ao dicionário da corrupção, ao relatar que o tesoureiro João Vaccari se referia à propina como “pixuleco”. Nos últimos dias, o partido voltou a pedir a libertação do ex-dirigente preso, alimentando os rumores de que ele está ameaçando romper o pacto de silêncio.

Ninguém mais questiona a gravidade da situação. Entre sexta e sábado, Dilma convocou duas reuniões de emergência no Alvorada, atrasando a aguardada viagem oficial aos Estados Unidos. Passará a visita de quatro dias com a cabeça no Brasil, onde sua base se desmancha e a oposição tenta ressuscitar o fantasma do impeachment.

O repique da crise encontra a presidente mais fraca e mais sozinha, pouco depois de bater novo recorde de impopularidade no Datafolha. Enrolado em seus próprios problemas, Lula ensaia um afastamento e sinaliza que não saltará do precipício com ela. O PMDB retomou o clima de ameaças, lideradas pelo presidenciável Eduardo Cunha. As citações a Mercadante e Edinho fragilizam a blindagem que resta, a das paredes e janelas do palácio.

OPINIÃO: Mudanças na Previdência

Por MAURÍCIO ASSUERO*

O governo Fernando Henrique instituiu um redutor na aposentadoria evitando que as pessoas se aposentassem cedo e com valor integral. Tal instrumento foi considerado injusto por diversos segmentos da sociedade, inclusive pelo PT, mas ele tinha por objetivo não comprometer, ainda mais, a situação crítica da Previdência no Brasil. Em 2014 o déficit previdenciário foi da ordem de R$ 58 bilhões e uma estimativa inicial para 2015, já descartada, apontava para algo em torno dos R$ 66 bilhões antes mesmo de mudar as regras para cálculo de aposentadoria.

Acabar com o fator previdenciário era o sonho dos sindicatos e é perfeitamente entendido que após uma contribuição de 35 anos para a previdência o trabalhador queira manter seu sua renda ou seu poder aquisitivo. O problema é que a contribuição paga pelo trabalhador forma uma poupança que deveria ser suficiente para arcar com as despesas decorrentes da sua aposentadoria.

Mas isso não ocorre porque os benefícios acabam sendo pagos com a contribuição dos trabalhadores atuais, ou seja, a população economicamente ativa de hoje, que contribui para a previdência, é de fato a fonte de financiamento dos benefícios dos aposentados e esta população vai precisar das contribuições da populaça ativa vindoura (um modelo de gerações superpostas). Se o modelo de previdência que temos não prever a capitalização dos recursos ficará muito difícil equilibrar as contas (acho que estou sendo sonhador: é impossível cobrir o rombo da previdência no curto e no longo prazo com o sistema que temos.

A única maneira é aniquilar os aposentados e seus dependentes!)
A previdência privada tem esse caráter de manter a renda do trabalhador após sua aposentadoria. Tem alguns atrativas para que busca tranquilidade. Há planos de benefícios definidos (cujo maior inimigo é a inflação) e planos de contribuição definida (cujo maior inimigo é a taxa de juros). Por outro lado, as regras da previdência privada são rigorosas, dado que as empresas precisam cumprir a meta atuarial, isto é, verificar na data de hoje se os recursos disponíveis são suficientes para pagar as obrigações futuras.

As empresas aplicam seus recursos no mercado é possuem parâmetros de remuneração mínima e apesar da permissão para aplicar em renda variável há uma obrigatoriedade maior de aplicar em renda fixa (o objetivo é salvaguardar os fundos de perdas financeiras expressivas). No contexto atual, a previdência privada passa a ser uma boa alternativa.

Em termos do que se fez no Congresso pode-se dizer que tudo isso é uma decorrência da fragilidade do governo. Nós temos dois atores envolvidos no processo: um é o trabalhador que merece ter uma boa qualidade de vida e o outro é a previdência que deveria ter recursos para, no mínimo, ofertar esta qualidade de vida. A incompetência, os desmandos, a corrupção e outras mazelas transformaram a previdência social neste poço sem fundo. O pior é constatar que as medidas, mesmo com a alternativa proposta pelo governo, não resolve o problema: só aumenta a dor e a incerteza.

*Maurício Assuero é economista e professor da UFPE

OPINIÃO: Quatro pilares para alcançar uma gestão de excelência

Por Erik Penna*

Muito se tem falado sobre a excelência no mundo dos negócios. Mas como engajar toda equipe para conseguir uma alta performance e conquistar a verdadeira excelência nos resultados?

Um bom exemplo a ser seguido é o da maior e melhor empresa de entretenimento do mundo: a Disney. Ela recebeu no ano passado mais de 132 milhões de convidados e, através de uma gestão de excelência, consegue espetaculares níveis de retenção que chegam a 70% nos parques e 90% dos seus clientes da rede hoteleira retornam.

É possível destacar 4 importantes pilares na gestão de excelência Disney que, com muito trabalho e boa vontade, podemos aplicar em nosso cotidiano profissional. De propósito, enumero em ordem decrescente abaixo. Veja:

4) Rentabilidade: sim, a gestão de excelência de uma empresa objetiva o lucro, deseja superar as expectativas de clientes, mas também dos shareholders/acionistas com ótimos resultados financeiros no final ciclo contábil.

Mas só conseguem isso se:

3) Clientes externos: quando os clientes estão encantados com um atendimento espetacular e serviços excepcionais, conseguem propiciar uma verdadeira experiência de compra. Ferramentas como a denominada “Múltiplas Formas de Escuta” é vital para manter a empresa sempre oxigenada com pesquisas e opiniões de clientes. E o que dizer então da enorme atenção com tantos detalhes na hora de recepcionar as pessoas, desde a acolhida até a despedida nos parques ou hotéis? Pontos fundamentais numa gestão que surpreende e agrega valor e, por isso, o cliente se sente valorizado, feliz ao se deleitar com os chamados “momentos mágicos”, e a consequente e intensa aquisição de produtos e serviços ofertados pela Disney.

Mas isso se concretiza se:

2) Clientes Internos: quando os cast member – membros do elenco, como são chamados os funcionários na Disney, estiverem satisfeitos e motivados. É fundamental que os funcionários prestem um serviço de ponta. A qualidade do serviço interno precisa ser excelente, mas para isso acontecer, é fundamental ter profissionais bem treinados, engajados, com orgulho de vestir aquela camisa e que por tudo isso fazem verdadeiramente a diferença. É preciso identificar e reter talentos e, mais do que isso, valorizar o empenho de cada um, afinal: “Se não  puder se destacar pelo talento, vença pelo esforço.” (Dave Weinbaum).

Mas tudo isso só é possível se:

1) Liderança: líderes excelentes que inspiram pessoas e transformam resultados.
Tudo começa aqui, na liderança evolutiva, gestores compromissados com a mudança transformacional que guiam através do exemplo. Eles levam o treinamento a sério, motivam pessoas a agir pelo que acreditam e valorizam conseguindo, assim, extrair o máximo dos talentos que compõem a organização. Jim Collins, autor do livro “Empresas Feitas para Vencer”, ousa afirmar que o principal ativo das empresas não são as pessoas, são as pessoas CERTAS. São esses líderes que reconhecem e recompensam os funcionários extraordinários que fazem a diferença e, transbordando entusiasmo, cheios de uma atitude amigável e proativa, norteados diariamente pela matriz de prioridades da Disney: Segurança, Cortesia, Show e Eficiência, estão sempre determinados a conseguirem o aplauso exterior, mas também seu mérito e aplauso interior.

Não é por acaso que um dos motes do RH da Disney é “Contratamos atitude, depois treinamos habilidades”.

É fundamental, ainda, saber contratar respeitando a cultura organizacional. Só para dar um exemplo, a missão da Disney é proporcionar alegria aos seus clientes, portanto, Bob Iger, CEO da The Walt Disney Company, disse em entrevista à revista Veja que, para trabalhar lá, é preciso, entre outras características, ser otimista, bem humorado e empático.

O sucesso é uma consequência natural e a implementação desses pilares da excelência geram resultados espetaculares e marcas impressionantes. A Disney acaba de ser eleita a marca mais amada do planeta, segundo pesquisa feita pela APCO Worldwide.

Será que é possível aplicar isso em nossa gestão? Eu penso que sim, mas para quem acha que não, o próprio Walt Disney responde: “Eu gosto é do impossível porque lá a concorrência é menor”.

*Erik Penna é especialista em vendas, consultor, palestrante e autor dos livros “A Divertida Arte de Vender” e “Motivação Nota 10”.

Artigo:O que esperar?

Por Tiê Felix

Kant dizia que uma das questões fundamentais do homem é a resposta a seguinte questão: o que posso esperar?

É uma questão utópica e escatológica, remete ao futuro.

Pergunto então: o que podemos esperar?

Do Brasil? Nada!

A verdade seja dita: o Brasil é um país desumano. Um sujeito qualquer que ainda há de nascer, se por acaso vier a nascer nas terras tropicais do hemisfério Sul da América, verá realmente muita miséria e muita desgraça nesse país de faz de conta.

O Brasil não é lindo coisa nenhuma. Mesmo sua natureza é depredada continuamente pelo mau uso e pela ignorância dos poderes e do próprio povo. Os animais nem sequer são reparados, inclusive em sua beleza ou encanto. O brasileiro é incapaz de perceber tais coisas. Nem mesmo o clima, a alternância das estações do ano por aqui representam pouca coisa. Sabe-se que é calor desde sempre e que pouco há de diferença entre as estações de ano…

Mas temos de arranjar uma forma de elogiar, se for possível.

A politica é ainda mais ridícula, e a culpada de tudo. O Brasil é um belo exemplo do que não se fazer, de como não fazer qualquer coisa em qualquer aspecto do mundo social e privado. O melhor aprendizado que o Brasil tem a dar ao mundo é o mau exemplo, ou melhor dizendo, sua incapacidade de fazer coisas fáceis. Não há método nenhum no Brasil e todo método é imitação.

Não há como seguir exemplos estrangeiros e não há exemplos para o Brasil. Mesmo um exemplo dá errado se trazido ao Brasil.

O Brasil é o filho burro de sua época. Nasceu numa época idealista, uma época que todo o discurso histórico exalta. Renascimento,Reforma,ciência,grandes navegações:o que sobra para o Brasil?A incapacidade de fazer parte dessa história. Os séculos XV e XVI foram demasiados, para o Brasil não havia lugar dentre tantas ocasiões interessantes.

O Brasil é filho dos jesuítas, dos guerreiros de Deus. O que nos resta dos jesuítas? O catolicismo pós-catolicismo, ou seja, uma religião duas vezes falsa e por isso claramente empurrada dogmaticamente. O Brasil é positivista:acredita na ciência mesmo sem produzi-la. É o país dos bacharéis: tem mais lábia que ação e a oratória é o que define a verdade e não a veracidade mesma. O brasileiro gosta mesmo é da mentira: ela é mais realista num lugar em que tudo é mentira, até mesmo aquela promessa eterna de desenvolvimento que nunca aconteceu e nunca acontecerá pela cronicidade da nossa situação.

Quem quiser coisa mais conveniente que busque em si mesmo suas garantias.

Tiê Felix é professor

Artigo: SINIAV mostra indícios que deverá ser postergado

Por Ricardo Simões

O Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (SINIAV) promete monitorar a frota veicular circulante no Brasil, através de um chip de identificação por radiofrequência. O dispositivo deve conter informações sobre o veículo – número serial do chip, placa, chassi, código RENAVAM e também dados privados, para veículos de empresas. A implantação do sistema foi proposta na resolução do Contran 212, de 13 de novembro de 2006, e tem data de conclusão em 30 de junho.

O funcionamento é simples, o chip, deve ficar posicionado no para-brisa e é semelhante aos dispositivos de cobrança automática utilizados nos pedágios, envia informações por radiofrequência para antenas instaladas ao longo das vias que direcionarão as informações para as centrais de processamento, onde será verificada a situação do veículo rastreado.

Depois de implementado, o sistema deve trazer inúmeras vantagens para a gestão de trânsito. Entre elas, o perfil de deslocamento de veículos em uma determinada região, informações sobre a regularidade de taxas e impostos, cobrança de pedágio por quilômetro percorrido ou mesmo a fiscalização através do cálculo de velocidade média entre pontos.

O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) delegou a instalação do SINIAV aos Detrans de cada estado, responsáveis pelas informações de licenciamento dos veículos. As resoluções do Contran 412/2012 (que revogou a resolução nº 212/06) e433/2013 definem os procedimentos do sistema. Existem iniciativas e projetos pilotos em andamento no país, mas as infraestruturas, tanto por parte de cada estado quanto ao que compete ao Denatran, ainda carecem de preparativos para serem introduzidas na rotina dos motoristas.

Os Detrans precisam de orientações mais detalhadas em relação aos procedimentos de instalação e também sentem insegurança quanto ao padrão do sistema. A maior preocupação é o fato de não terem orçamento específico para o SINIAV, já que a resolução 412 do Contran não determina quem irá arcar com os custos de instalação e demais equipamentos.

De acordo com o Denatran, o sistema central, que reunirá os dados vindos de todos os estados, já está pronto para operar, o que falta é a integração dos Detrans ao sistema. O prazo está próximo, se os Detrans não têm orçamento e ainda não estruturaram uma rede de dados capaz de dialogar com o sistema central, tudo leva a crer que o prazo será novamente postergado.

OPINIÃO: Uma vontade basta

Por JANIO DE FREITAS*

Previsto para hoje e tido como início do processo de votação da reforma política, seja o que for que se passe na Câmara será o ponto culminante, por ora, do período mais desrespeitoso da maioria dos deputados com o país nos anos sem ditadura.

O que está para ser votado são escolhas tão importantes como o sistema eleitoral para compor a própria Câmara. De onde e como deve vir o dinheiro para financiar as campanhas eleitorais. A validade ou extinção das coligações de partidos. A duração do mandato de senador. O número de eleitores necessários para apresentação de um projeto de iniciativa popular, e ainda mais. Questões todas muito importantes para melhoria ou maior degradação da política e da democracia por aqui.

Foi feito um relatório a ser votado, como resultado de mais de três meses de discussões em uma comissão especial. Algumas conclusões não coincidiram com o desejo pessoal do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O relator Marcelo Castro fez alterações obedientes, mas sobrou alguma coisa inalterada.

Eduardo Cunha não admitiu que a comissão votasse o relatório, levando-a a adiar a decisão. Já que o relator se recusava aos gestos finais de servidão, Eduardo Cunha fez saber que iria substituí-lo. Logo, porém, optou por outra exorbitância: levaria o projeto para votação direta do plenário, com a já conhecida manipulação de sua tropa, desprezando o relatório e a opção final da comissão sobre os temas nela discutidos.

Nada do que tenha sido negociado ontem, sobre o encaminhamento a prevalecer, merece confiança até hoje. A vontade de Eduardo Cunha, já se viu bastante, não tem admitido concessões mais do que aparentes.

O PT, boquiaberto, tem dois ou três deputados em luta contra o presidente da Câmara, e o restante com participação, no máximo, pela distante periferia. O PSDB, com indigestão de impeachment, não se mexe, mas, como em expectativas anteriores, dirige a Eduardo Cunha acenos de simpatia significativa. A divergência começou entre peemedebistas, e peemedebistas vão fazer o número para decidi-la. Nele, Eduardo Cunha não opina: manda na maioria. Como se dá com quase todas as bancadas pequenas.

E pronto. Temos um instantâneo da republiqueta que, desse modo, define a cara de sua democracia.

PALOCCI

Joaquim Levy acrescentou, ao seu diga ao povo que fico, a informação de que considera estar o corte de R$ 69,9 bilhões do Orçamento “na medida adequada” e “sem risco para o crescimento econômico”.

Se essa é a medida adequada, por que batalhou pelo corte de R$ 80 bilhões, no início, e “entre R$ 70 e R$ 80 bilhões”, depois? E que crescimento econômico? Só se não tem risco porque não existe, nem em perspectiva.

No Brasil, a hipocrisia é uma forma de governar a economia. Joaquim Levy: uma saudade de Palocci.

QUE JUSTIÇA

O ministro Luiz Fux reivindica, para si e para seus pares no Supremo Tribunal Federal, vencimentos (no funcionalismo não se chamam salários) e benefícios que restauram um multissecular: nababesco. Mas os acompanha de uma razão solene: “a necessidade de valorização institucional da magistratura”. Não, é mesmo e só de valorização financeira e patrimonial.

Institucional talvez seja esta outra reivindicação: se condenados por improbidade, magistrados não perderiam o cargo. Ou seja, continuariam magistrados para condenar também acusados de improbidade.

*Janio de Freitas é colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo

Artigo: A crise atual

 Por Tiê Felix

Um dos projetos da modernidade, resultante das revoluções burguesas é a educação universal. Há quem pense que há uma predisposição natural ao homem em aprender e desenvolver aptidões. Quem pensa assim desconhece que naturalmente ninguém quer se dispor a realizar alguma atividade se não tiver um retorno mínimo, inclusive financeiro.

Ninguém, nem mesmo as crianças, se disporão a aprender seja lá o que for se não houver o mínimo de disciplina e imposição: a educação só é possível se é imposta. Os estudiosos da pedagogia não fazem pesquisas tentando entender o problema da educação no Brasil não somente como um problema de método e didática, mas também de ordem social e, sobretudo, individual. A educação pressupõe responsabilização, já que o aprendizado é condicionado por aquele que aprende principalmente. Como chamar atenção dos alunos quando eles não conseguem ver um horizonte para além da alegria de terminar a penúria dos seus estudos? Como provar que vale a pena estudar onde só vemos ignorância, como no Brasil? Onde foi que a educação deu provas de valor em nosso país?

Numa sociedade desigual e injusta não faz sentido estudar. Numa sociedade em que os interesses mesquinhos e das indicações políticas predominam, de que adianta estudar se não tiver um pistolão que lhe encaixe em uma posição de conforto social? Nosso problema é que não há uma percepção clara da fraqueza que cerca as posições tomadas pelos agentes públicos. Quando há uma grande gama de pessoas que apenas estão ali ocupando aquele espaço por ordem política pouco há que se fazer na prática. Sabem todos os indicados que somente ocupam aquele espaço provisoriamente e que não pode fazer muita coisa já que o seu candidato daqui há alguns anos vai sair do poder. Enfim, não há durabilidade nas ações; longo prazo nem pensar, tudo é provisório.

Uma sociedade que não calcula suas possibilidades e que não se planeja não realiza nada, vive no marasmo do atraso. O Brasil é assim em todas as partes. Pela falta de organização daqueles que governam pouco se pode fazer no que diz respeito as grandes questões de longo prazo. Toda a desesperança política que ronda a opinião coletiva não é mais do que a falta de percepção do que está sendo feito agora com o fim de amenizar os problemas do futuro.

A crise que atinge nosso país atualmente não foi prevista e nem sequer foi vista. Não pensem que durante as campanhas políticas o Partido dos Trabalhadores estava mentindo quando as pioras subsequentes. Eles nem sequer sabiam disso, não tinham domínio sob aquilo que faziam, assim como agora também não tem. Tampouco outros grupos políticos hoje fariam diferente. Nosso problema é de outra ordem, é da ordem da honestidade e realismo que nos falta em todas as esferas. A hipocrisia do faz-de-conta-que-faz mantém a aparência de funcionamento numa sociedade que tudo está falido, da educação à política.

O que vemos hoje é o reajuste dos lucros desmesurados que devem ser ressarcidos as classes que dominam. Quem paga a conta são os despossuídos, os que nada tem e nada terão porque não tem governo para eles.

Tiê Felix é professor

Artigo: Sete ações para potencializar os negócios em tempos difíceis

Por Erik Penna

Tenho escutado muita gente falando de crise e reclamando dos resultados, mas quando eu pergunto o que elas têm feito de novo e diferente para superar esse momento negativo da economia, muitas vezes fico sem resposta.

Um grande risco é ficar parado esperando a crise passar. É hora de se mexer, de sair da zona de conforto e buscar novos caminhos não trilhados durante os momentos de vaca gorda.

Se seguirmos os mesmos caminhos, colheremos não os mesmos números, mas sim, piores. Em tempos difíceis, é preciso fazer mais, ir além para conseguir um desempenho satisfatório.

Mas o que fazer? Enumero a seguir 7 ações para incrementar seus resultados:

1 – Otimismo

Diversas pesquisas apontam que o bom humor e o otimismo são fatores determinantes numa alta performance. Mas será que o otimista vende realmente mais que um pessimista? A resposta é SIM.

Vi recentemente, um case muito interessante de uma grande seguradora. Na contratação dos vendedores fizeram um teste e, assim, puderam dividir o grupo. Após um ano de trabalho, os otimistas venderam 37% a mais e 75% dos pessimistas desistiram do trabalho.

2 – Atrair novos clientes

É hora de ampliar possibilidades, ou seja, vender para novos clientes. Mas como atraí-los? Um caminho poderoso é a ferramenta tecnológica chamada “Link Patrocinado”, presente nos principais sites de busca. Pagando uma pequena quantia mensal (que você mesmo delimita a região a ser atendida e o valor que deseja investir), quando algum internauta pesquisar o segmento, seu site aparecerá no topo da lista. Saiba que num único dia são feitas aproximadamente 88 bilhões de buscas na internet. Isso significará mais contatos e orçamentos e novas oportunidades para vender mais.

3 – Aumentando o ticket médio

Há empresários que dizem estar assustados, pois a circulação de clientes na loja reduziu em 20%. Então se entra menos gente na loja, utilize o tempo que sobra para fazer uma venda consultiva, aquela que você primeiro precisa escutar, entender seu cliente para só depois atender. Treine sua equipe para criar uma verdadeira experiência de compra com seu cliente, assim conseguirá vender mais para o mesmo cliente.

4 – Diferenciação

Uma pesquisa da Nielsen aponta que, na hora de comprar, o cliente prioriza alguns requisitos em relação ao preço do produto. Um deles é a conveniência. Certa vez, precisei comprar uma peça para o automóvel da minha esposa e liguei para 2 lojas. O vendedor da primeira atendeu de forma regular e limitou-se a responder o preço. Já o segundo profissional foi muito cordial, escutou atentamente minha necessidade, apresentou as possibilidades para resolver meu problema e disse que, por uma pequena quantia a mais, a loja entregaria a peça em minha casa e instalaria no carro da minha esposa. Adivinhe em qual loja eu comprei?
Isso é diferenciação, conveniência para o cliente e qualidade no atendimento que  agrega valor e potencializa as vendas.

5 – Parcerias com não concorrentes

Que tal dobrar as possibilidades de vendas sem gastar um real? Já pensou em somar os clientes de outra empresa em seu banco de dados? Outro dia um restaurante e uma agência de viagem fizeram uma parceria interessante. O restaurante tinha cinco mil clientes cadastrados e a agência algo em torno disso também. Uma empresa divulgou o seu produto na base de dados da outra e novos clientes apareceram.

6 – Promova um evento

Mexa-se! Ficar parado reclamando não aumentará as vendas. Crie uma oportunidade e chame seu cliente! O que acha de fazer um evento e oferecer para ele? Outro dia, minha esposa recebeu um convite de uma concessionária de veículos para um coquetel de lançamento de um automóvel. Lá foram 200 pessoas e, com elas, muitas oportunidades de se fechar um negócio.

7 – Esforço extra

Reúna sua equipe, explique o momento atual e motive a todos para fazer um esforço extra. Peça para que cada profissional pense e se comprometa a dar um algo a mais nesse período. Anote no papel e cobre isso na próxima reunião de equipe.

Recentemente, criei uma palestra cheia dessas ações simples, fáceis e baratas, mas que, às vezes, na correria do dia a dia, não identificamos e não praticamos. Fique atento justamente a detalhes como esses, afinal, costumamos tropeçar nas pedras pequenas, pois as grandes vemos de longe.

Para se ter uma ideia da importância de inovar para não sucumbir, em 1973 a Exame/FGV elaborou um ranking com as 500 maiores empresas do Brasil. Atualmente, 77% dessas organizações simplesmente desapareceram conforme aponta um estudo da Fundação Dom Cabral.

Portanto, agora é a hora, inove, seja ainda mais proativo e saiba que, daqui a algum tempo, será muito motivador lembrar que o sacrifício foi momentâneo, mas a vitória ficará para sempre!

Erik Penna é especialista em vendas, consultor, palestrante e autor dos livros “A Divertida Arte de Vender” e “Motivação Nota 10”. Site:www.erikpenna.com.br

Opinião: Mais política menos ódio

Por Daniel Finizola 

Após eleger o congresso mais conservador desde os tempos da ditadura, o Brasil vive uma das piores ondas conservadoras de sua história. Hoje observamos nas ruas e nas redes sociais a propagação de um discurso odioso, machista, racista, que prega a intolerância e fere princípios democráticos e constitucionais.

Basta consultar a história pra perceber que o discurso de ódio ajudou a gerar figuras como Benito Mussolini e Adolf Hitler, governos marcados pela imposição de um modelo de sociedade sem nenhum respeito à diversidade cultural e política. Apesar de mais de sessenta anos da queda dos governos totalitários na Alemanha e na Itália as práticas fascistas estão vivas e com representações institucionais.

Nos últimos anos os governos do PT criou várias políticas de inclusão social que deram visibilidade e possibilidade de maior participação a negros e negras, LGBTs, mulheres e vários grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Não há dúvidas que isso vem mudando as relações de poder na sociedade, despertando uma reação conservadora de diversos setores.

É nesse contexto que o Brasil vem sendo tomado por pautas que não apontam para a solução dos problemas do país, mas para o acirramento das diferenças sociais e manutenção de velhas estruturas políticas e econômicas. Redução da maioridade penal, terceirização do trabalho, retirada do marcador de transgênico dos produtos, são algumas das pautas conservadores que tomaram a agenda política nos últimos dias. Mas como fazer uma disputa com a sociedade de forma qualificada, com o debate sadio, sem ódio, com mais política e participação?

Foi pensado nesse contexto e indagação que o coletivo MAIS, tendência local do Partido dos Trabalhadores, decidiu realizar uma roda de diálogo com o tema “Mais Política, Menos Ódio”. Participarão do debate a Dep. Estadual e Presidenta do PT/PE Teresa Leitão e o Professor da UFPE Marcos Pedrosa. A atividade é aberta ao pública e vai acolher novas filiadas e filiados. O encontro será no SINPRO (Sindicado do Professores de Pernambuco) R. João Tupinambá, 42 B – 1° Andar – Nossa Sra. das Dores – CARUARU – a partir das 14h.

Daniel Finizola é professor, artista e vice-presidente do PT/ Caruaru.

Artigo: Você usa o WhatsApp? Eu não!

Por Dolores Affonso 

Há algum tempo, logo que o WhatsApp virou uma “febre”, um amigo me perguntou: “Você não usa o WhatsApp?” E eu respondi: “Não, meu celular não é acessível.” Bom, ele não entendeu muito bem o que eu queria dizer, já que todo mundo usa o “zap”. Quero deixar claro que, atualmente, eu também uso! Mas não usava antes e não era pelo fato de não gostar ou de não conhecer, mas pela falta de acessibilidade dos celulares e smartphones.

Até alguns anos atrás, somente poucos aparelhos como o Nokia tinham um leitor de telas muito rústico que realizavas algumas tarefas, como ler informações dos contatos da agenda etc. E até pouco tempo, a acessibilidade em celulares era mínima e apenas alguns aparelhos como Moto X e Moto G da Motorola, Nexus da Google e Iphone da Apple tinham opções melhores de acessibilidade. Atualmente, o Android e o IOS estão com inúmeras opções de acessibilidade, e até o Windows Phone já começou a incluir recursos de acessibilidade como leitor de telas, ampliador, audiodescrição, legendas, opções de áudio diversas, conversão em texto do áudio do sistema, facilidade de navegação, entre outros aplicativos que podem ser baixados e configurados para realizar diversas outras tarefas.

Mas o grande problema ainda é o fato de a maioria desses recursos não vir habilitado ou instalado, o que dificulta para a pessoa com alguma deficiência ou necessidade especial, tendo em vista as dificuldades em mexer no dispositivo sem o auxílio  dos recursos de acessibilidade. No meu caso, como deficiente visual (baixa visão), não consigo habilitar os recursos sozinha. Primeiro pelo fato de muitos fabricantes já terem realizado alterações, como no caso de aparelhos com sistema operacional Android, e terem desabilitado o Talkback (leitor de telas nativo), o que impede sua inicialização automática na primeira vez em que se liga o aparelho.  E, por fim, a pessoa com deficiência visual, por exemplo, acaba dependendo de terceiros para instalar e/ou ativar o Talkback, quando é possível, pois muitas empresas excluem, desabilitam esta funcionalidade e fica muito difícil fazê-lo funcionar.

No caso do IOS, é mais simples habilitar o leitor de telas Voice Over, assim como os diversos recursos de acessibilidade existentes na aba acessibilidade nas configurações gerais do aparelho. Lá é possível habilitar fontes grandes, negrito, contraste etc., além do leitor de telas e audiodescrição para deficientes visuais. Também podemos mudar o áudio para mono ou habilitar recursos para aparelhos auditivos e legendas para surdos e deficientes auditivos. Outra possibilidade é habilitar o assistive touch e controle assistivo que auxiliam pessoas com mobilidade reduzida no controle e navegação.

Mas, como falei antes, nada disso vem habilitado e a pessoa com deficiência precisa pesquisar o dispositivo ou a internet para descobrir como deixar seu celular acessível.

Recentemente, encontrei a marca de celulares Doogee, uma empresa chinesa que está se instalando no Brasil e, durante o Congresso de Acessibilidade, enviei uma proposta sobre acessibilidade. Eles gostaram da ideia de tornar seus aparelhos acessíveis e, com isso, se dispuseram a oferecer dispositivos já configurados e habilitados com aplicativos e recursos de acessibilidade nativos do Android, como o Talkback, e instalados, como aplicativos de lupa, Libras, Braille, GPS etc., ou seja, o celular já vai pronto para o usuário. Fui convidada a testar seus aparelhos e tenho gostado bastante. Sempre há alguns pontos a serem relatados e melhorados, mas, no geral, estão conseguindo um bom trabalho e facilitando a vida das pessoas com deficiência.

Existem muitos aplicativos e recursos que ajudam as pessoas com deficiência, como por exemplo:

Escaner que converte texto em áudio; conversor de fala em texto (e-mail, SMS, texto etc.); GPS, que ajuda na localização, no direcionamento etc.; para chamar taxi, aumentar fontes, mudar teclado, melhorar visibilidade; navegação assistida; lupa; binóculos; leitores de tela; sintetizadores de voz; atendimento automático de chamadas; comando de voz para automatizar tarefas; ativar viva voz; leitor de livros; reconhecimento de cores, objetos, notas de dinheiro; pesquisa por voz; alarmes; aplicativos de Braille, Libras, aprendizado e muito mais.

Se você tem alguma sugestão de aplicativo, mande para nós, pois estamos enviando diversos relatórios, solicitações e indicações para a Doogee Brasil configurar os aparelhos já com o que há de melhor.

No futuro, estamos propondo que criem aparelhos diferentes, segmentando os recursos de acessibilidade por tipo de deficiência e necessidade especial, ou seja, celulares para deficientes visuais, auditivos, físicos, intelectuais etc.

Nenhuma empresa antes havia se preocupado com as pessoas com deficiência especificamente, então, o Congresso de Acessibilidade decidiu apoiar a iniciativa.

E, vale lembrar, que dá para usar o WhatsApp!

Dolores Affonso é coach, palestrante, consultora, designer instrucional, professora e idealizadora do Congresso de Acessibilidade (www.congressodeacessibilidade.com)