Artigo: Como emagrecer comendo? Confira os segredos da alimentação que ninguém divulga

Por Vinícius Possebon

O que a mídia divulga em peso é que, se você quer emagrecer, precisa ingerir menos calorias do que gasta. A princípio, isso faz muito sentido, pois se você ingere menos alimento do que seu corpo precisa, ele usaria a reserva de gordura para gerar energia e continuar funcionando normalmente.

Porém, nosso corpo não é uma máquina e existe uma infinidade de coisas que são mais importantes do que a queima de calorias. Ele nos avisa quando estamos com fome e qual é a hora de parar de comer. O problema é que hoje em dia temos uma infinidade de alimentos industrializados, processados e com sabores muito acentuados, que estragaram o mecanismo automático que nos mantém no peso ideal. Como ele foi alterado, surgiram essas dietas malucas de 1.200 kcal que vemos por aí.

Isso que dizer que, se você tem uma alimentação ruim, é melhor que você coma menos dessa comida pouco nutritiva para que o impacto seja menor. Ou seja, se você come veneno todo dia, o melhor é diminuir essa quantidade de veneno para que ele não seja tão nocivo.

Você percebe o quanto isso é ridículo? O sistema de 1.200 kcal até faz com que as pessoas percam peso, porém, o preço pago por isso é muito alto: elas sofrem, passam fome e ficam o dia todo pensando em comida. Além disso, esse tipo de dieta não resolve o problema do emagrecimento para sempre.

Contar calorias não fará com que você emagreça definitivamente

Isso ocorre porque este tipo de sistema é muito cansativo, nem um pouco prazeroso e estressa bastante as pessoas.

O segredo é focar na qualidade

Quando se foca na qualidade e a quantidade é deixada de lado, começamos a restabelecer o sistema automático do corpo de se manter no peso ideal. Isso que dizer que, quando nos focamos em ingerir os alimentos certos, aqueles que são naturais, nutritivos de verdade, nosso corpo cuida das calorias por conta própria, mesmo que você coma além da conta. Desta forma, você se mantém sempre no peso ideal.

O que impede as pessoas de emagrecer?

Eu fiz essa pergunta para meus alunos e sabe o que a maioria respondeu? Que um dos maiores empecilhos para se chegar ao peso ideal era a compulsão por doces. Isso estava atrapalhando as pessoas, mesmo que elas estivessem fazendo os treinos corretamente.

De fato, se você gosta muito de doces, é bastante estressante ter que abdicar de todo e qualquer doce para conseguir o corpo desejado. Porém, a dieta focada na qualidade dos alimentos não impede você de comer os doces que gosta, ou de tomar uma cerveja no fim de semana, por exemplo. O estilo de vida alimentar perfeito precisar proporcionar também liberdade.

A mídia não mostra, mas o que a ciência divulga é que uma vez que seu sistema hormonal está funcionando corretamente, seu corpo começa a queimar o excesso de gordura naturalmente para que o peso ideal seja atingido. Isso porque o objetivo do organismo é manter o corpo saudável para que ele sobreviva.

Quando posso comer as coisas que gosto?

Como já foi dito antes, você não precisa abrir mão dos doces, da cerveja ou da pizza. O que importa é que a maior parte da sua alimentação seja composta por alimentos que equilibrem o seu sistema hormonal.

Isso quer dizer que, se você quer separar um dia da semana para comer as coisas que “engordam”, como brigadeiro, massas e sanduíches, tudo bem. Mas você também pode comer um pedacinho de doce todos os dias, desde que o restante da sua alimentação seja equilibrada.

Uma dica para comer chocolate sem culpa

Se você ama comer chocolate e não consegue largar o vício, lembre-se de que essa delícia pode ser uma comida saudável, desde que você coma o chocolate de verdade, não aquela “pasta de açúcar” do supermercado. Essa “pasta de açúcar” é aquele chocolate ao leite, que quase não tem manteiga de cacau e é uma verdadeira bomba de açúcar. Então, se você ama chocolate, prefira o de verdade, que seja, no mínimo, 70% cacau. Isso porque a manteiga do cacau é uma gordura saudável para o organismo e a presença do açúcar nesse tipo de chocolate é bem menor.

Seguindo um sistema de alimentação correto, sua vontade de comer esses doces carregados de açúcar desaparecerá gradualmente, pois você se acostumará ao sabor real da comida.

Esse é o sistema de alimentação que realmente emagrece. Ele não funciona apenas para perder peso naquele momento, mas sim, para a vida inteira, pois você não vive com restrições e reeduca seu organismo comendo os alimentos realmente nutritivos, sem se preocupar com quantidade.

Vinícius Possebon é personal trainer, palestrante e criador do Sistema de Emagrecimento Queima de 48 Horas. Facebook: https://www.facebook.com/queimade48horas

Opinião: A eleição é logo alí, mas ainda não é aqui!

Por Lino Portela

Nos últimos dias, a cidade foi tomada de fora a fora por discussões das mais diversas. Entrevistas, debates, reuniões, encontros e diálogos que trouxeram de forma antecipada e, na nossa  opinião, de forma precoce, a partida do processo eleitoral de 2016 em Caruaru.

Observamos o tom dos discursos e respostas, que, oscilaram, indo do construtivo ao messiânico, passando pelo personalismo, com retoques sutis de aplicação de estratégias já repetidas outras vezes de um tempo que já não existe mais.

O que não ouvimos em nenhum desses momentos foi a busca da sintonia com a opinião da sociedade. Para muitos dos que freqüentaram os microfones  locais e jornais, nos parece neste momento pouco importar o que o futuro eleitor tem pra dizer.

E uma frase tradicional ecoa novamente: “ ao povo a gente informa depois que decidir! “

Chamamos a atenção de que: com certeza a eleição é logo ali, mas ainda não é aqui!

Pois quem acredita que o que se diz atualmente é o que vai acontecer? E quem acredita no que se diz ?

Candidatos (as) postos, chapas prontas, mandatos antecipados, na leitura fria que olha pra você e diz: “ você é liderança, portanto seja candidato(a) ”.

E sem uma discussão responsável,  mais uma vez se repete o estratagema que forma a velha e conhecida “cauda eleitoral ”, que estará a mercê dos personalismos e divindades, muitos desses ressuscitados das cinzas para propor a salvação e a redenção da cidade, substituindo a discussão política das idéias pela simples paixão, ou coisas como um rosto bonito ou um cabelo bem cortado ou ainda uma voz eloqüente.

Que a sociedade também se apresente, para a margem do que está posto, trazer à luz sua opinião sobre o que quer e como quer o seu futuro, pois a margem de erro vai se aproximando de zero.

Que a sociedade utilize os espaços democráticos que serão disponibilizados ao longo do ano para discutir seu desenvolvimento, sua sustentabilidade, sua cultura, sua identidade e seu amanhã, participando, colaborando efetivamente e construindo um tempo que ainda há de vir, pois a cidade somos todos nós e não apenas alguns!.

Pra finalizar, opinamos que talvez não seja o novo o que a sociedade busque, mas com certeza deve ser algo mais inteligente, e que, tranquilamente pode ser ou não combinado com a novidade, pois, se pra cada tempo existe um povo, a atual geração de caruaruenses talvez não mais esteja disposta a acreditar nas histórias da carochinha, pois que, sem trabalho e responsabilidade social não há futuro nem pra você e nem pra Caruaru!

Lino Portela é Presidente do diretório municipal do PCdoB em Caruaru.

Coluna: 50 tons de sadismo

Por Menelau Júnior

As apaixonadas por Christian Grey dirão que estou morrendo de inveja, que este artigo é fruto de “recalque” e que os homens não entendem a alma feminina. Tudo bem, cada uma pode pensar o que bem entender – isso em nada muda minha opinião sobre o megassucesso 50 Tons de Cinza.

Vamos pelo começo: Jamie Dornan, o ator que interpreta o bilionário Christian Grey, é mesmo muito bonito. Grey seduz a virgem Anastasia Steele (a sexy-não-tão-bela Dakota Johnson) e a introduz no mundo do sadomasoquismo.

Pronto, a história é isso e nada mais. Baseado numa trilogia (essa é a primeira parte) que vendeu mais de 100 milhões de livros ao redor do mundo, 50 Tons de Cinza é, como se propõe a ser, uma adaptação bem fiel à obra original.

Os livros foram avidamente devorados por mulheres sedentas de algum ritual amoroso. Na falta de romantismo de verdade, passaram a acreditar que humilhação e pancadas são, sim, atitudes românticas. Pra quê chocolates e flores se você pode apanhar, não é mesmo? E, obviamente, a beleza de Grey e os prazeres que seu dinheiro pode oferecer acabaram por justificar a máxima de que “um tapinha não dói”.

Mas dói – e muito. Grey submete Anastasia a humilhações sem fim – sempre justificando que isso dará prazer a ela. A moça, inexperiente, deixa-se encantar pelo jovem podre de rico (mas a riqueza é só um “detalhe”, ok?) e, na tentativa de descobrir sua própria sexualidade, faz o papel de submissa nos moldes exigidos por Grey. Quando ela foge à regra, recebe um “castigo” – chicotadas e pancadas cujo som chega a lembrar o flagelo de Jesus em “A Paixão de Cristo”.

É claro que existem pessoas adeptas do sadomasoquismo. Não julgo preferências sexuais. Entretanto, na maioria dos casos, há uma espécie de reciprocidade nos rituais de algemas, correntes, chicotes e “palmadas”. No caso de 50 Tons, só existe uma moça totalmente manipulada que, em busca da descoberta do prazer, se deixa envolver por um jovem bonito e podre de rico (mas a riqueza, repito, é só um “detalhe”, ok?). Ganhar computador, TV, voo de helicóptero e um carrão novo não fazem nenhuma diferença.

Não sei se Christian Grey arrancaria tantos suspiros se fosse feio e pobre. Não sei se tanta gente o defenderia – apesar de seus traumas. Será que os rituais teriam o mesmo efeito quase hipnótico em mulheres sedentas de alguma coisa diferente? Não me cabe responder. A mim, Grey pareceu apenas um menino mimado, mal-amado, prepotente, arrogante e psicótico – e que tenta justificar tudo com base em seu “passado obscuro”.

Ah, claro, ele é mesmo lindo, charmoso e podre de rico. Mas todo o mundo sabe que isso nunca fez diferença, não é mesmo?

Menelau Júnior é professor

Artigo: Lembre-se, estamos numa democracia

Por Tiê Felix 

De vez em quando é bom lembrar que o Brasil é uma democracia, ainda que alguns a apontem como uma democracia nova e imatura. Em qualquer democracia todos aqueles que chegam ao poder são apontados, ainda que de forma medíocre, pelo próprio povo. Quer queiramos ou não, aqueles que lá chegam somente o conseguem por intermédio do voto popular. Todos são representantes através dos votos de muitos.

A questão é:porque mesmo sendo nós tão críticos no nosso cotidiano, ainda assim, votamos em canalhas e deixamos um sistema corrupto nos dominar de uma forma tão descarada como vemos? Talvez a dura resposta seja aquela de sempre.

Gostamos da corrupção, muitos vivem dela e tantos, vez ou outra, se beneficiam dela agradavelmente. O sistema de poder no Brasil é apodrecido pelas relações sociais marcadas por violência moral constante, em todos os âmbitos de nossa sociedade.

A subalternidade se mantém. Aquele mesmo que questiona antes, se cala na hora de falar por que teme a violência da imoralidade nacional. Estamos cheios de uma pretensa oposição, quando somos pouco democráticos e temos pouca capacidade de concessão de direitos e oportunidade.

Queremos tudo para o nosso privado, para os nossos colegas e particulares. Se cada cidadão pudesse colocaria somente aqueles seus que qualquer um por valor particular. Isso resulta do modo pelo qual vivemos as relações sociais cotidianas.

Sérgio Buarque em seu “Raízes do Brasil” faz a análise mais sucinta no que diz respeito a esse modo de viver à brasileira. A democracia é um mal entendido no Brasil porque somos personalistas e incapazes de instituir uma verdadeira burocracia nos termos de um Estado moderno. A burocracia só existe para aqueles que não conseguem acessar o aparelho do Estado em seu favor.

A democracia no Brasil diante mão não o é pelo seu próprio funcionamento interno; não existe democracia porque não existe uma sociedade democrática. O Brasil ainda vive tempos pré-históricos como democracia, simplesmente porque a grande maioria desconhece o que realmente constitui uma democracia, inclusive intelectuais.

Se quiser comprovar pergunte por ai.

 Tiê Felix é professor. 

Coluna: Agora que o Carnaval passou

Por Menelau Júnior

Dizem que no Brasil o ano só começa depois das festas de Momo. Se é assim, este será nosso primeiro fim de semana de 2015. E na próxima segunda, o primeiro dia de semana realmente útil.

E já que a folia passou, talvez fosse o momento de criarmos um pouco de vergonha na cara. Já não é hora de realmente nos indignarmos com o cinismo petista, que insiste em exaltar corruptos e negar seus crimes de lesa-pátria? Já não é hora de pararmos de fingir que somos um povo pacífico – mesmo sabendo que nos matamos à ordem de mais de 50 mil por ano?

Passado o carnaval, já não é hora de assumirmos o ônus do estelionato eleitoral a que muitos se curvaram – uma candidata que, agora se sabe, faltou com a verdade o tempo inteiro com o único objetivo de se reeleger? Não é  o momento de deixarmos de lado a gastança ensandecida e irresponsável dos últimos anos e economizarmos para os dias duros que estão por vir?

Também não é o momento de termos mais responsabilidade com o ambiente – o que significa economizar água e energia? E também não é  hora de refletirmos sobre o fanatismo religioso – que encontrou sua mais brutal expressão no grupo terrorista Estado Islâmico?

Passada a farra, é hora de exigir de nossos representantes medidas eficazes para acabar com a impunidade. O que fazer com os bandidos e assassinos travestidos de “menores”? O que fazer com o tráfico de drogas, que dizima parte de nossa juventude?

Enfim, seria bom que deixássemos de ser tão “farristas” e fôssemos mais responsáveis com nosso futuro. Que fôssemos menos hipócritas e mais severos com aqueles que nos enganam. Menos partidários, menos militantes, menos fingidos. Enfim, mais honestos – independentemente dos cargos que nos oferecem para silenciar diante da corrupção deslavada.

É pedir muito, eu sei. É acreditar muito – inclusive naquilo em que nem se pode mais acreditar. Afinal, vivemos num país em que tudo é motivo para comemorar, em que “roubar” faz parte do jogo político e em que hipocrisia é regra. Por isso tanta gente gosta do carnaval. Se a gente pensar direitinho no país que aí está, a gente chora. E rir não é o melhor remédio?

Menelau Júnior é professor

OPINIÃO: Dilma desmonta a classe C

Por FERNANDO CANZIAN*

O início do segundo mandato de Dilma Rousseff caminha para dar cabo ao que a presidente começou em sua primeira gestão: o desmonte da chamada “nova classe C”. Um retrocesso que marcará o Brasil e a biografia da presidente. Recessão com inflação alta conspiram para fazer o serviço.

Entre empresários já se fala em queda de mais de 2% do PIB neste ano, com aumento do desemprego. E inflação acima de 8%.

PIB “zerado” do ano passado, paralisia nos investimentos das empresas, Petrobras, queda abrupta no consumo e provável racionamento de energia e água derrubarão a economia, por um lado.

De outro, é um clássico entre empresas no Brasil cortar custos (demitir e produzir menos) na crise e tentar manter margens de lucro, mesmo à custa de vender menos. A competição dos importados para impedir esse comportamento estará comprometida por conta do dólar mais caro, que encarece a compra de produtos similares vindos do exterior.

A inflação renitente veio para ficar por algum tempo, agora inflada com energia, combustível e outras tarifas mais caras. Para derrubá-la, haverá mais sacrifício em termos de crescimento.

A principal conquista das últimas décadas no Brasil, a ascensão de mais de 40 milhões à chamada “classe C” (hoje 54% da população), será a primeira grande vítima desse processo.

O último Datafolha dá uma pista: na média do país, a popularidade de Dilma despencou 19 pontos entre dezembro e fevereiro. Entre todas as regiões, foi no Nordeste, esteio eleitoral e de popularidade de Lula e Dilma, onde o tombo foi maior: 24 pontos.

O Nordeste foi a locomotiva da ascensão social nos dois governos Lula. A região cresceu em velocidade “chinesa” durante vários trimestres antes de Dilma, tirando milhões da miséria.

PAÍS POBRE

Mas, mesmo com todo o “boom” dos anos Lula, o Brasil segue um país pobre: 67% das famílias têm renda mensal até R$ 2.172,00. Qualquer corrosão no poder de compra via inflação (principalmente de alimentos, onde o grosso é gasto) destrói o orçamento de dois terços da população. É isso o que está em curso.

O inferno em que Dilma se meteu em termos de popularidade é o espelho do inferno em que ela meteu quem se acostumou a ascender ano a ano até meados de seu primeiro mandato. Isso acabou.

O Datafolha mostra pânico entre os entrevistados: 62% esperam mai d(eram 39% há dois meses) e 57% que o seu poder de compra caia (34% em dezembro).

Será devastador sobre o consumo o sentimento de que as coisas tendem a piorar, afetando produção, emprego e toda a capilaridade da economia.

Principalmente quando as coisas de fato estiverem piorando, como já estão. Diz muito o fato de, em janeiro, os saques líquidos (depósitos menos retiradas) das cadernetas de poupança terem sido os maiores desde 1995, em um total de R$ 5,5 bilhões. Está faltando dinheiro entre as famílias.

A conjuntura já seria ruim o bastante se não fosse o fato de Dilma ter arruinado também os “subterrâneos” da economia. Agora, a presidente precisa cortar e aumentar impostos para economizar cerca de R$ 66 bilhões em 2015 e, minimamente, readquirir alguma credibilidade.

Vai doer. Vale a pena rever uma das principais campanha do PT na eleição. Visionários.

*Texto extraído da Folha.com.

Opinião: Alguns problemas morais

Por Tiê Felix 

Em certos tempos de crise moral a inversão de valores e o moralismo excessivo tomam a frente do rumo das ideias e concepções das pessoas. É aquela conduta cristianizada de quem passou toda a vida em pecado e resolve do dia pra noite servir ao bem e ao justo para assim superar as suas máculas e as da sociedade. Agora que se vê claramente qual é a identidade brasileira – do progresso submisso a ordem – muitos querem resolver tudo com apenas um gesto, aquele mesmo do senhor de engenho. Estamos fadados ao paliativo porque a reflexão não é um habito dominante em nenhum setor da sociedade.

Como vivemos toda nossa história sob a égide de uma dominação impositiva, a consciência de si brasileira é pouco clara. Mesmo numa reflexão séria sobre temas tão problemáticos como a corrupção endêmica pela nossa ignorância sistemática corremos o risco de reafirmar a mesma estrutura de poder que desde sempre condena o Brasil ao fracasso. Em um país de fracassados o moralismo é o melhor caminho para a resolução de dilemas morais coletivos. A vergonha que sentimos, ainda que travestida de crítica, nos indica que nosso trabalho é em em vão, que o Brasil não é capaz de reconhecer coisa alguma, nada que lhe apareça e que possa encaminha-lo a algum rumo a algum projeto.

De agora em diante corre-se o risco de vivenciarmos um retorno exploratório em todos os setores do trabalho em função da ideia generalizada de que é cultural as práticas corruptas. Esse provavelmente é o maior argumento em favor de um aumento exploratório, sobretudo daqueles mais fragilizados numa sociedade de senhores. Não nos esqueçamos que o lado mais fraco sempre perde e que de agora em diante o discurso moralista irá se fazer presente em vários setores da nossa sociedade com o fim de erradicar o mal da corrupção no interior das nossas relações sociais.

A palavra crise está por demais desgastada. Precisamos perceber que a crise no Brasil nos é peculiar e não trivial.

Tiê Felix é professor.

Opinião: O Estado faliu

Por Tiê Felix

Somente numa democracia de palhaços é que um homem do naipe de Renan Calheiros fala em democracia. Somente num país sem história é que é possível uma câmara de vereadores ter um auditório com o nome de um vereador que há mais de 20 anos não sai do seu lugar e já se homenageia mesmo vivo. É a democracia dos palhaços.

O Estado faliu, a sociedade está prestes a ruir se já não estiver ruído. Nenhum órgão público funciona exatamente como devia; o dinheiro que era pra ser não é. Hoje sabemos que é de propósito. Não funciona de antemão já para que novos recursos venham e mais roubos aconteçam.

Todos querem tirar sua parte. Somos realmente aproveitadores.

Mesmo com a anunciação do novo nome para a Petrobras os escândalos não param de se suceder. A vergonha é grande, somente pra quem tem vergonha. Chego a pensar que se não houvesse o mínimo de código moral e religioso neste país estaríamos muito próximos de uma anarquia violenta como já vemos também. Só no Rio de Janeiro são tantos tiros que as balas estão perdidas encontrando corpos. Por aqui liga-se para a polícia mas não se atende. O 190 não funciona. A sociedade que é roubada responde de forma semelhante. Porque tantos ladrões, porque mesmo quando se faz um “pacto pela vida” se mata mais? Porque aqueles que deveriam ser exemplares, já que instituem, não o fazem, são ladrões. São extremamente ignorantes, essa é a verdade.

E se roubassem isso ou aquilo tudo temem todo lugar do mundo existe ladrão. O problema é que eles roubam tudo, até a dignidade e o serviço da sociedade. Quem não se sente, honestamente, deslegitimado em um país em que o que é é apenas de fachada? O serviço prestado, até bem intencionado, é logo relegado ao segundo plano em nome do faz de conta que toma conta de todas as instituições de hospitais até universidades. Onde só tem aproveitador mesmo aquele que é honesto termina por ceder as maracutaias.

A crise está longe de acabar e o remédio para ela somente vem do povo, se ao menos o povo não for tão hipócrita quanto são os nossos políticos. Mesmo falando de impeachment acho improvável que isso ocorra já que somos autoritários e sem vergonha em maioria, semelhante aos nossos representantes. Ninguém mais queira dizer que nem todo político é ladrão; eles mesmos não fazem questão de mudar essa frase, são egocêntricos demais para isso.Não estão nem ai!

Que a sociedade aprenda com o que sente na pele com todos estes aumentos abusivos.Todas as contas estão chegando e para quem é honesto o Brasil é por demais oneroso e o retorno é ridículo.

Tiê Felix, professor.

Opinião: Presidente franciscano

Por José Lucas da Silva

O que mais chama a atenção do visitante no pequeno, mas organizado Uruguai, não são as atrações turísticas de Montevidéu. Nem as rodovias bem conservadas e as cidades limpas do país vizinho. Nem o teleférico que conduz o visitante a uma bela praia em Piriápolis. Nem a interessante Playa de los Dedos no famoso balneário de Punta Del Este. Nem a conservada cidade histórica de Colonia Del Sacramento. Mas a popularidade do presidente da República Oriental do Uruguai.

Quando se chega à rodoviária Tres Cruces na capital, logo se ouve falar bem do presidente de singular estilo de vida. Os motoristas de táxi, os vendedores ambulantes, os guias de turismo, entre outros, se referem a José Mujica com palavras elogiosas, não importando se o assunto é puxado por um nativo ou visitante.  Esse senhor de quase oitenta anos é admirado em seu país e no exterior pelo seu jeito simples de viver, mesmo na condição de primeiro mandatário do país.

Ao ser eleito não quis fixar residência no palácio presidencial no centro de Montevidéu. Preferiu continuar morando em sua chácara num bairro periférico da capital, onde cria galinhas e bois. Também renunciou ao veículo oficial e se desloca para seus compromissos num fusca azul 1987, à semelhança de um cidadão comum. Segundo os uruguaios, até a sua linguagem é a de um homem simples do campo.

Pepe Mujica, como é carinhosamente chamado, é desapegado até de seu salário de presidente. Como já é aposentado, ele doa o dinheiro aos pobres e justifica a sua atitude dizendo “pobres não são os que têm pouco. São os que querem muito! Eu não vivo na pobreza, vivo com austeridade, com a renúncia. Preciso de pouco pra viver.”

Num encontro internacional de chefes de estado, um sheik árabe ofereceu um milhão de dólares – pasmem ! – pelo seu fusca, que não vale mais que três mil dólares. Ficou surpreso com a generosa proposta, mas não vendeu. Disse que ia pensar no caso. O líder uruguaio ainda não sabe o que faria com o dinheiro: está em dúvida se doaria para a universidade tecnológica ou para o programa de moradias populares.

Além de sua notória humildade, Mujica também é conhecido por suas ideias revolucionárias, como essa sobre o poder: “O poder não muda as pessoas, só revela quem realmente são”. Ao comentar a prioridade que o seu governo dá à educação, ele assim se expressou: “Vamos investir primeiro em educação, segundo em educação, terceiro em educação. Um povo educado tem as melhores opções na vida, e é muito difícil que os corruptos mentirosos os enganem.”

Esses motivos são suficientes para entendermos porque Pepe Mujica é tão querido em seu país. Muitos uruguaios afirmaram que ele só não foi reeleito no último pleito, porque a constituição do país não contempla o instituto da reeleição. No próximo dia primeiro de março, ele passa a presidência para Tabaré Vázquez, que já foi presidente antes de Mujica. Assim o governo do pequeno país sul-americano passa das mãos de um agricultor para as de um médico. Torcemos para que o povo uruguaio continue a ter um chefe de estado sério e comprometido com as causas populares.

José Lucas da Silva é professor 

Opinião: Sete “elefantes brancos” na Câmara de Municipal de Caruaru.

Por Hérlon Cavalcanti

A Câmara de Vereadores de Caruaru, a casa do povo, a casa das grandes discussões politicas. Essa casa que nos últimos anos, passa momentos delicados com os desfechos da operação ponto final 1 e 2, proferido pela justiça e seus órgãos competentes. Na realidade Caruaru espera que de fato sejam apurados e que os culpados venham a ser punidos ou absorvidos.

Mais o que me levou de fato como cidadão a pensar escrever esse texto que trás o titulo sete “elegantes Brancos” na Câmara de Vereadores de Caruaru?

Então vamos lá!

Em 2012 a Câmara de Vereadores através da sua presidência que naquela época ocupada pelo vereador do PCdoB Lícius Cavalcanti na entrega da reforma estrutural, em conjunto com os demais vereadores, aprovaram em requerimento a ideia de construir sete estátuas de personagens que marcaram a nossa história.

Confesso que a ideia é muito salutar com a intenção de valorização da nossa gente, da preservação da memoria e da nossa história. O processo de escolha se deu envolvendo alguns integrantes da ACACCIL, pesquisadores e memoristas da cidade que depois de alguns debates, chegaram à conclusão dos setes personagens escolhidos, são eles:

Joao Salvador (Primeiro 1º Prefeito de Caruaru)

Prazeres Barbosa (Professora e Atriz)

Lidio Cavalcanti (Poeta, Compositor e Radialista)

João Condé (Escritor e Advogado)

Luísa Maciel (Poetisa e Artista Plástico)

Álvaro Lins (Escritor e critico literário)

Azulão (Cantor e compositor)

As estátuas foram confeccionadas pelo artista Plástico Manoel Claudino da Silva, do ateliê das Artes de Pesqueira. A Câmara informou, ainda, que sondou o artista plástico Caxiado para criar os monumentos, mas, por questão de custos e prazo de entrega, acabou contratando outro profissional. Enfim as obras de artes foram pouco a pouco sendo construídas e entregues a Câmara e a população de um modo em geral, ocupando o lado esquerdo do hall de entrada da casa.

Depois de entregues as obras, podemos observar, e no meu caso como filho de um dos homenageados (Lídio Cavalcanti), que o resultado final não foi nada agradável, as estátuas quase nada têm haver com a realidade física dos personagens trazidos, os traços dos rostos ficaram diferentes, mal acabados mudando a fisionomia e o perfil dos homenageados. Uma obra que custou aos cofres públicos muita grana, e pelo seu resultado final tornou-se caro. Mais tudo bem a intenção de fazer a história acontecer superava esses obstáculos.

Passado dois anos desse feito, hoje resolvi trazer uma discussão que vai além de questões politicas, vai além de picuinhas ou qualquer outra coisa.

O problema é que as estátuas foram construídas e nunca houve por parte da Câmara a preocupação e o respeito de se fazer uma solenidade de entrega à população, ou um ato simbólico, em respeito aos familiares dos personagens escolhidos que já se foram e aos vivos como: Azulão e Prazeres Barbosa.

Muitas são as possibilidades de fazer um evento político e cultural, uma situação que não se alcança pela limitada compreensão do que é uma casa do povo e do que fazer quando chama para si situações que poderiam dialogar com uma mudança cultural de seu lugar.

O único sentido que acaba sendo possível pensar é que ideias interessantes acabam virando meros objetos sem sentido e entulhando cada vez mais o vazio que um espaço político precisa construir para sua cidade.

A casa do povo não consegue se fazer em homenagem ao povo que faz sua história.

O futuro é que vai dizer se aquelas estátuas de fato possam virar monumentos de busca de estudos por parte das escolas, alunos e profissionais da área, ou então serão esquecidas largadas ao leu, virando de fato “elefantes brancos” manchando a memoria de tantos que fizeram de suas vidas uma verdadeira entrega de amor e arte por Caruaru.

Hérlon Cavalcanti- Escritor e jornalista