Neste mês de dezembro, a Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE) comemora 25 anos de sua criação. A comemoração ocorreu na manhã desta quinta-feira (12.12), no auditório do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), no Recife, com uma apresentação sobre a história da Central e homenagem aqueles que fazem parte dessa história. O serviço foi instituído pelo Governo de Pernambuco para contribui com a manutenção da esperança de quem aguarda por um órgão ou tecido para transplante, intermediando todo o processo, desde o diagnóstico de um potencial doador até o procedimento em si. A CT-PE foi a primeira do Norte e Nordeste e precede até mesmo a criação do Sistema Nacional de Transplantes, de 1997.
Nesses 25 anos, mais de 22 mil transplantes foram realizados para salvar diversas vidas. O maior quantitativo foi de córnea, com mais de 12,3 mil procedimentos, seguido de rim (4,5 mil) e medula óssea (2,7 mil). “Todos esses transplantes só puderam ser realizados com o auxílio permanente de todas as equipes envolvidas no processo, desde o diagnóstico, captação e do transplante, além do trabalho de acolhimento e sensibilização das famílias. Mas nada disso seria possível sem o gesto nobre de solidariedade dos familiares que autorizaram o ato. Sabemos que a doação de órgãos e tecidos ocorre em um momento de dor, mas a autorização mostra a nobreza e a generosidade para que outras vidas possam continuar”, afirma o secretário estadual de Saúde, André Longo.
“Esse momento de comemoração é importante para lembrarmos de onde viemos, onde estamos e que temos capacidade e condições para ir muito mais além, por meio do trabalho de equipe, a união de esforços e dedicação de uma cadeia de profissionais. Nosso maior desafio é continuar fortalecendo a política de transplante do Estado, reduzindo o tempo de espera e a mortalidade em lista. Vamos continuar trabalhando com garra para que a doação seja entregue à sociedade e que cada cidadão tenha seu direito de se tornar doador garantido dentro dos diversos hospitais do nosso Estado”, reforça a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes.
No Brasil, a doação de órgãos e tecidos precisa ser autorizada por um parente de até segundo grau do doador. “A doação é um assunto que precisa ser abordado em vida. Estamos permanente, com o auxílio dos veículos de comunicação, levantando esse tema para esclarecer como funciona todo o processo, tirar as dúvidas da população e acabar de vez com alguns mitos que envolvem o tema. Todos precisam ter as informações necessárias para pensar sobre o assunto e poder exercer plenamente o seu direito pela doação e, com isso, mudar vidas”, frisa Noemy.
BALANÇO DE 2019 – Neste ano, entre janeiro e outubro, foram realizados 1.378 transplantes. Desse total, foram 647 de córnea, 324 de rim, 210 de medula óssea, 133 de fígado e 39 de coração.
De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), na análise até o terceiro trimestre do ano, Pernambuco ocupa o primeiro lugar no Norte e Nordeste no número de procedimentos de coração, rim, pâncreas e medula óssea. “Esse ranking demonstra o compromisso do Governo de Pernambuco em prestar assistência à população que necessita de transplantes. Mostra também a excelência dos serviços prestados no Estado, beneficiando pernambucanos e, como o SUS não tem barreiras, pacientes de diversas regiões do país”, afirma o secretário André Longo.
O secretário ainda reforça a importância de se debater o tema com a comunidade para diminuir o número de negativas pela doação, que, atualmente, está em 40%. Isso significa que das entrevistas com os familiares dos potenciais doadores, quase metade nega a doação.
FILA DE ESPERA – Atualmente, há 1.448 pacientes aguardando um órgão ou tecido em Pernambuco. A maior fila é a de rim, com 1.087 pessoas, seguida de córnea (188), fígado (113), medula óssea (29), coração (17) e rim/pâncreas (14).
Importante destacar que, desde meados de 2017, Pernambuco mantém o status de córnea zero. Isso significa que todo o paciente que tem indicação para o procedimento, e os exames necessários para ser inscrito na fila de espera, faz o transplante em até 30 dias.
EM VIDA – Além da doação de órgãos e tecidos após o falecimento, também é possível prestar esse gesto de solidariedade em vida com parte do rim, fígado e pulmão, além da medula óssea. Nesse último caso, a pessoa interessada em doar deve ir ao Hemope para fazer seu cadastro e coleta de uma amostra de sangue, para a realização dos exames de compatibilidade. Com isso, é possível ajudar alguém de qualquer lugar do Brasil e do mundo. Em Pernambuco, o cadastro do doador de medula óssea é feito nas unidades do Hemope do Recife, Caruaru, Garanhuns, Serra Talhada, Arcoverde, Ouricuri e Petrolina. Para ser um doador, o interessado, que deve ter entre 18 e 55 anos, participa de uma palestra sobre o assunto e assina um termo de consentimento, além de preencher uma ficha com informações pessoais.