Cerca de 40% dos senadores que escolherão o ministro do STF estão com pendências na Corte

Com poder de decisão sob os rumos e projetos para o país, cerca 40% dos senadores que vão ajudar na escolha do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) estão encrencados com a Justiça. Alvos de inquéritos e ações penais, dos 81 parlamentares, pelo menos 32 senadores são investigados na Corte. Ao decidir na escolha do sucessor do ministro Teori Zavascki, morto em acidente aéreo na região de Paraty (RJ) no dia 19 de janeiro deste ano, esses parlamentares estarão escolhendo também um dos juízes que julgarão suas pendências no tribunal.

Na lista de acusações, os parlamentares são investigados por crimes como danos ao erário, peculato, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos ou valores, formação de quadrilha, crimes eleitorais, difamação, violência doméstica, entre outros de menor gravidade.

Réu em uma ação na Corte pelo crime de peculato, suspeito de desviar dinheiro da verba indenizatória da Casa, o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é o líder em número de processos no tribunal. Alvo em outros 12 inquéritos no Supremo, o parlamentar é o segundo na linha sucessória do presidente Michel Temer, atrás do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). As eleições para mudança de presidência nas duas casas ocorrem nesta semana. Ontem (terça-feira, 31), o senador foi escolhido o novo líder do PMDB no Senado.

Renan acumula não só processos como polêmicas à frente do Senado. A última delas foi sua decisão de não acatar determinação da própria Suprema Corte, em liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio, que o afastava do cargo. Renan se recusou a assinar a notificação e a Mesa Diretora da Casa recusou-se a afastá-lo da presidência até que o plenário do tribunal decidisse o caso.

Considerado aliado de Temer, Valdir Raupp é o segundo na lista, com 10 ações tramitando contra ele, sendo sete inquéritos e três ações penais. Na votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o congressista votou a favor do afastamento. Dias antes, justificou seu voto afirmando que o governo tinha perdido a “credibilidade”. “O governo da presidente afastada perdeu a capacidade, a confiança e a credibilidade”, afirmou.

O líder do governo no Congresso Nacional, senador Romero Jucá (PMDB-RR), é alvo de oito inquéritos. O escândalo mais recente do atual líder o tirou do cargo de ministro do Planejamento já no governo Temer. Jucá ficou à frente da pasta por apenas 12 dias e foi pressionado a pedir demissão após revelação de conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, onde o parlamentar sugeria uma reação política à Lava Jato.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *