Pré-candidato à Prefeitura do Recife, o deputado federal João Campos tem cuidado pessoalmente de cada etapa da construção de seu projeto majoritário. Ontem, um dia depois de o senador Humberto Costa, liderança maior do PT em Pernambuco, declarar que seguiria resolução da nacional, apoiando a pré-candidatura de Marília Arraes, o herdeiro de Eduardo Campos almoçou, no Palácio das Princesas, com Paulo Câmara.
O governador é também o vice-presidente nacional do PSB. À mesa, também estavam o prefeito Geraldo Julio e Antonio Figueira. O encontro ocorreu enquanto a poeira, levantada pela decisão do PT de manter a candidatura própria na Capital pernambucana em detrimento da aliança com o PSB, ainda não baixou. Socialistas não pretendem tomar qualquer iniciativa em meio à tempestade, mas, como a coluna antecipou, a tendência de exigir, dos petistas, a entrega dos cargos segue de pé. Não houve ainda decisão concreta.
Essa, no entanto, é a linha de raciocínio que passou a predominar no PSB após os últimos movimentos dos petistas. Humberto Costa, como registramos em primeira mão em conversa na CBN, na última quarta, vacinou: “A campanha (do PT) não é contra o PSB!”. Destacou que o diretório nacional definiu uma linha de atuação para todo Brasil. Isso inclui quatro eixos: o resgate do legado do PT nacional, a disputa política com o governo Bolsonaro, a defesa do ex-presidente Lula e do legado do PT local.
A despeito dessa projeção, na prática, socialistas estão cientes de que o perfil de Marília não é de amenizar no embate, ainda que ela não vá recorrer a “baixarias”, como advogou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Essa não é a intenção da deputada. Ela, no entanto, não tem planos de pegar leve nas cobranças. Os socialistas não duvidam do esforço feito pela ala aliancista do PT e admitem que esse grupo foi “entubado” pela direção nacional. Ao mesmo tempo, no entanto, sinalizam que, mais cedo ou mais tarde, a devolução dos cargos será inevitável. Virou só uma questão de tempo.
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