Mesmo com o aumento da vacinação e com a redução dos casos de Covid-19, a confiança dos donos de pequenos negócios apresentou queda no mês de setembro. A Sondagem das Micro e Pequenas Empresas, realizada mensalmente pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), detectou uma redução no nível de confiança dos pequenos negócios de 1,3 pontos em setembro, fazendo com que ela caísse de 100 pontos, em agosto, para 98,7 pontos, o que interrompeu um crescimento que vinha sendo verificado mês a mês, desde março.
De acordo com o presidente do Sebrae, Carlos Melles, a incerteza que tem pairado no país em relação aos preços, à possibilidade de racionamento de energia e de falta de insumos, por exemplo, tem levado as empresas a serem mais prudentes em suas estratégias. “A alta recente dos combustíveis e a inflação, que pressionam custos dos pequenos negócios, podem ter contribuído para interromper a tendência positiva da confiança das MPE nos últimos meses. Vale ressaltar que, apesar dessa queda em setembro, o terceiro trimestre ainda fechou com resultado positivo, mas acende o sinal amarelo em relação à continuidade da recuperação”, comenta Melles.
Dos três setores analisados, apenas o de Serviços apresentou um leve aumento (de 0,2 pontos) no nível de confiança no mês de setembro. Tanto Comércio quanto Indústria, pelo segundo mês consecutivo, apresentaram uma queda de, respectivamente, 3,7 e 1,5 pontos. “A queda do comércio foi influenciada por uma piora da situação das empresas e pela redução do nível de otimismo, com a perspectiva de queda nos negócios nos próximos meses e de redução de novas vagas de trabalho previstas”, explica o presidente do Sebrae. Já a redução do nível de confiança na Indústria pode ser explicada, principalmente, pela queda no indicador de estoques, que apontam para um aumento dos estoques excessivos e piora da situação atual dos negócios.
Comércio
O Índice de Confiança das MPE do Comércio, em setembro, caiu 3,7 pontos e desceu para 92,9 pontos, o menor nível desde junho de 2021 (91,8 pontos). A queda da confiança das MPE do comércio pode ser resultado de uma redução da satisfação das empresas com momento atual e pela queda das expectativas de curto prazo. Em setembro, a queda foi disseminada em todos os segmentos analisados: o varejo restrito, que há cinco meses vinha apresentando resultados positivos, caiu 4,9 pontos; o segmento de comércio de material de construção caiu pelo segundo mês consecutivo e recuou 3,0 pontos; lojas de autopeças e pequenas revendedoras cederam 0,2 ponto. Os estabelecimentos comerciais da região Sul foram os que mais contribuíram negativamente para o resultado do setor: a confiança caiu pelo segundo mês consecutivo, acumulando queda de 14,5 pontos retornando para 95,9 pontos, menor nível desde maio de 2021 (95,1 pontos). Mas a queda também ocorreu nas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste (redução de 4,7 pontos e 3,0 pontos, respectivamente). Apenas a região Nordeste apresentou um aumento na confiança (+3 pontos).
Serviços
Apesar de positivo, o resultado das empresas do setor de serviços mostra que há uma desaceleração em curso. O Índice de Confiança das MPE de Serviços (MPE-Serviços) acomodou-se ao variar 0,2 ponto (indo para 96,8 pontos). “O resultado é uma combinação da percepção de uma desaceleração da atividade no momento, mas com perspectivas positivas ainda para os próximos meses”, ressalta Melles. A alta da confiança não foi homogênea entre os segmentos do setor. Houve melhora da confiança, pelo segundo mês consecutivo, das empresas dos segmentos de serviços prestados às famílias e de serviços profissionais. Os serviços de transportes e demais se mantiveram relativamente estáveis e os de informação recuaram 2,0 pontos. Pela ótica regional, as MPE do setor de serviços da região Nordeste surpreenderam com alta de 10,5 pontos na confiança, atingindo 99,2 pontos, o maior nível desde fevereiro de 2014.
Indústria de Transformação
A confiança das MPE da Indústria de Transformação manteve sua tendência de queda ao recuar 1,5 ponto, em setembro, para 102,0 pontos. Apesar do resultado, ainda se mantém acima do nível neutro de 100 pontos e com resultado superior aos demais setores pesquisados. Em relação aos segmentos da indústria, o resultado foi heterogêneo: as micro e pequenas empresas produtoras de vestuário e metalurgia e produtos de metal, este vivendo uma escassez de insumos, mantiveram a tendência de queda da confiança pelo segundo mês consecutivo, com redução de 6,9 pontos e 6,8 pontos no índice, respectivamente. Os segmentos de refino e produtos químicos e alimentos recuperaram as perdas sofridas em agosto; enquanto os demais segmentos continuam melhorando. No âmbito regional, a redução ou paralisação da produção devido à falta de insumos pode ter sido o que mais influenciou a queda na região Sul. Já as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste avançaram 4,5 pontos, enquanto Sudeste se manteve estável.
No entanto, as expectativas da indústria avançaram. O índice de expectativa das MPE da Indústria subiu para 105,4 pontos, o maior patamar desde novembro de 2020 (106 pontos), puxado pelas perspectivas de produção para os próximos três meses.