Convênio deverá garantir continuidade de Centro Social

Pedro Augusto

As ações filantrópicas desenvolvidas por Werburga Schaffrath, a irmã “Werburga”, terá continuidade mesmo com a sua ausência física no Centro Social São José do Monte, no Bairro São Francisco, em Caruaru. Após mais de cinco décadas administrando esta entidade sem fins lucrativos, que tem como principal objetivo garantir a sobrevivência de milhares de pessoas, através do oferecimento dos mais variados tipos de serviços, ela se transferiu para o Convento Nossa Senhora do Carmo, no Recife, onde passará a residir, nos altos de seus 89 anos. Durante a despedida da religiosa, que aconteceu no último dia 27, na sede do Centro, dezenas de beneficiados fizeram questão de demonstrar os sentimentos de carinho, respeito e gratidão em relação à obra de vida dela.

Dentre as presentes estiveram às populares Maria Auxiliadora e Emanuela Rodrigues. Bastante emocionadas, elas ressaltaram o papel determinante da irmã Werburga nas trajetórias de ambas. “A irmã é tudo para mim e na vida de meus filhos! Acolheu a minha família, quando eu estava desempregada, me deu comida, dormida e trabalho, tudo, por amor ao próximo! Só tenho a agradecê-la!”, disse aos prantos, Maria. “Minha mãe, eu e meus filhos fomos assistidos pelo Centro e não sei do que seria da minha família, se não fosse à irmã Werburga. Essa despedida é de cortar o coração!”, complementou Emanuela.

Desde a sua fundação, em setembro de 1969, que o Centro Social São José do Monte, tem voltado todas as suas atenções para prestar serviços a famílias carentes. Durante as comemorações dos 50 anos de fundação, a fundadora e gestora da entidade destacou a missão de se fazer bem ao próximo. “Realizar filantropia não é fácil, mas nunca medimos esforços para ajudar os mais necessitados”. Já na sua despedida, ocorrida na semana passada, ela fez questão de agradecer. “Obrigado a todos que realizaram as suas doações, que trabalharam, e também que aprenderam, através daqui!”.

Devido às dificuldades financeiras, que por sinal, sempre fizeram parte da história do Centro, este último só não irá fechar às portas por causa do convênio que será firmado entre os seus representantes e a Prefeitura de Caruaru. Foi que destacou o secretário municipal de Governo, Rubens Junior. “Estamos em entendimento com os funcionários, eles já se encontram fundando uma instituição para que esta última represente a manutenção das obras da irmã Werburga. Em paralelo, a Prefeitura assumirá os serviços de educação, saúde e assistência social do local. As conversações irão se estender até este mês de janeiro, mas acredito que após o período de férias, tudo retornará ao seu eixo normal”.

Com as mudanças que estão previstas para acontecer, ainda há certa indefinição em relação à estrutura física utilizada, mas até as comemorações do Jubileu de Ouro, a instituição contava com ala principal, com capela, habitação das irmãs, lavanderia, horta, secretaria, depósito para alimentos e cozinha. Alem disso, também possuía um amplo salão multiuso (liturgia, eucaristia, festas e reuniões), jardim da infância atendendo a 130 crianças (três turnos), salas de brinquedo e parque. A Casa Kolping – uma das ramificações do espaço – oferecia oficinas de pífanos, de educação doméstica e culinária. Em outros locais eram promovidas oficinas de teatro, centro de estudos, biblioteca e orientações de catecismo, bem como ginástica especializada para idosos e oficinas de dança para jovens e idosos.

Por conta da crise econômica, uma baixa na instituição abalou a irmã Werburga, no primeiro semestre do ano passado: o fechamento da Casa Henrique. Na época, a religiosa lamentou que: “Infelizmente, encerramos nossas atividades por falta de apoio, principalmente por parte do SUS”. Alguns meses depois, mais precisamente no último dia 22 de novembro, a entidade soltou nota à imprensa comunicando o encerramento das atividades. “É sem sombra de dúvidas uma perda irreparável para tantas famílias que são ali acolhidas”, destacou, na oportunidade, o texto.

A confirmação da permanência dos serviços prestados pelo Centro soou como alívio para crianças, jovens, adultos e idosos, que foram ou ainda continuam sendo assistidos pela entidade. Esse foi o caso do autônomo Carlos Silva, que já teve um dos seus filhos contemplados pelas ações do espaço. “Aqui, ele recebeu educação, alimentação, participou de atividades de lazer, ou seja, teve oportunidade de se transformar em um homem de bem. Torço para que essa parceria entre o Centro e a Prefeitura vá para frente mesmo para que todos saiam ganhando. A obra da irmã Werburga não pode acabar!”, ressaltou.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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