Em entrevista virtual na tarde da segunda-feira (20), o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, chamou atenção para o fato de a epidemia do novo coronavírus em Pernambuco acompanhar o fluxo da BR-232. A afirmação foi para exemplificar o espalhamento do vírus pelo Interior do Estado.
Esse cenário é apontado também pelo o painel analítico da Covid-19 realizado pelo Centro Integrado de Estudos Georreferenciados (CIEG) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que é atualizado constantemente desde o dia 17 de março e ajuda a cartografar a geografia da pandemia em Pernambuco. O monitoramento mostra como a doença se espalhou pelo território estadual em pouco mais de 30 dias, estando presente hoje em 86 dos 185 municípios pernambucanos. O conteúdo está disponível para o público no site: www.fundaj.gov.br.
“A análise desses mapas mostra que a pandemia tomou Recife, tornando a cidade seu epicentro, depois, espalhando-se pelos municípios que constituem a região metropolitana (RMR). Concentração urbana, proximidade geográfica e migração pendular são alguns dos motivos que explicam essa dispersão dos casos confirmados”, afirmou o pesquisador da Fundaj e coordenador responsável pelo painel, Neison Freire.
Ao analisar dados disponibilizados pelo painel, observa-se que a elipse de distribuição do dia 18 de abril, por exemplo, com um desvio padrão, mostra o alto grau de concentração dos casos na RMR. O Recife, por exemplo, atingiu nesta segunda-feira (20), a marca de 100 óbitos em decorrência da Covid-19. Já são mais de 1.550 casos de infecção pelo novo coronavírus na Capital.
As outras áreas mais atingidas também estão na RMR: Olinda (223), Jaboatão dos Guararapes (204), Paulista (153), Camaragibe (105) e São Lourenço da Mata (68). Mas está sendo cada vez maior o número de casos registrados em municípios mais distantes geograficamente do epicentro estadual, a exemplo de Ipubi, Poção e Jatobá.
“Já não há território nas porções setentrional e meridional da costa pernambucana que não tenha alguma densidade de casos. Entretanto, a forte concentração de casos persiste no aglomerado urbano, surgindo um outro aglomerado em torno de Caruaru”, pontuou Neison Freire.
À medida que o contágio se intensifica pelo modelo histórico de ocupação do território, a disseminação avança em direção ao Interior, pelo seu principal eixo rodoviário, a BR-232 (difusão hierárquica). Aos poucos, o sertão pernambucano vai sendo tomado pela pandemia, demonstrando a mudança no perfil de contaminação.
“A RMR concentra 80% dos casos, por isso se fala mais nela no momento. Mas é natural que haja uma expansão da doença para o Interior. E isso está seguindo o fluxo da BR-232”, apontou André Longo.
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