Crescimento de 1% do PIB não tem “qualidade”, dizem especialistas

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A divulgação do crescimento de 1% do PIB, comemorada principalmente pelo Governo Federal, pode não ser inteiramente boa: é o que acreditam os especialistas do Comitê Macroeconômico do ISAE — Escola de Negócios. Segundo eles, ao analisar todas as variáveis do cálculo, percebe-se que indicadores importantes, como o consumo das famílias, continuam negativos.

“A produção da Agroindústria está computada para a Indústria, e não para a Agropecuária. E a produção econômica dos serviços ligados ao Agronegócio estão computados para o setor de serviços. Portanto, só o crescimento da Agropecuária causou reflexos. A indústria cresceu pouco e o setor de serviços decresceu”, explica o um dos membros do Comitê, Christian Frederico da Cunha Bundt — o grupo, que é formado por professores da instituição, economistas e executivos de grandes empresas, realiza semanalmente uma análise de oito dados divulgados pela Pesquisa Focus, do Banco Central: PIB, Produção Industrial, Inflação-IPCA, Taxa Selic, Dívida Líquida do Setor Público, Taxa de Câmbio, Balança Comercial e Investimento Direto no País.

O documento com a análise desta semana também aponta que nenhum dos indicadores de investimento ficou positivo. “A demanda das famílias, do governo e o investimento em máquinas, construção e pesquisa diminuíram na comparação com o quarto trimestre do ano passado e primeiro trimestre desse ano”, detalha o especialista.

De acordo com a análise, a falta de confiança e insegurança causada pela crise política ainda é a principal vilã do avanço econômico. “Isso freará o crescimento previsto para 2017 e 2018, que não era expressivo e será ainda menor” — a expectativa hoje é de 0,50% e 2,40, respectivamente. “Sem confiança não há consumo, nem aumento de produção ou empregos, e a economia não crescerá sustentavelmente”, salienta Christian.

Agronegócio

Principal responsável por levar o PIB a 1%, o setor, que foi vedete do último trimestre, continua a sofrer com problemas que afetam a sua produtividade e lucratividade. O comitê destaca as condições do transporte de cargas e pouca capacidade de armazenagem. “É um fator pernicioso pois não permite que o empresário do agronegócio estoque a quantidade necessária de grãos, obrigando-o a vender quando o preço não está necessariamentefavorável. Esperamos que a cotação do dólar ajude e facilite as exportações e complemente a boa produtividade da lavoura”, completa Christian.

A publicação completa com os índices e análise pode ser acessada semanalmente no site www.isaebrasil.com.br/comite-macroeconomico.

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