Debate em BH: dívida trabalhista e Aécio na Lava Jato

Folha de S.Paulo

No penúltimo debate dos candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, na noite desta terça (25), o deputado João Leite (PSDB) levou à plateia uma ex-funcionária de uma empresa de seu adversário, Alexandre Kalil (PHS), que o processa por causa de dívidas trabalhistas. Diante da insistência do tucano no assunto, Kalil, ex-presidente do Atlético-MG, partiu para o ataque contra aliados do rival. Disse ter “visto na imprensa” que Leite contará com a presença do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em sua campanha nos próximos dias, e provocou: “Na condição de investigado na Lava Jato, o povo mineiro vai receber bem o senador?”.

Leite é a aposta de Aécio para se fortalecer politicamente em Minas, após o PSDB perder o governo para o PT na eleição de 2014. Em pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta (26), Leite tem 48% das intenções de votos válidos, contra 52% de Kalil. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, eles estão em empate técnico.

Leite utilizou boa parte de seu tempo para afirmar que Kalil não recolhe FGTS e INSS de funcionários de suas empresas e deixa os salários atrasarem, enquanto, pessoalmente, leva uma vida de luxo. A estratégia foi a mesma dos programas de TV do tucano.

Kalil minimizou as críticas, sorriu em alguns momentos, disse que “essa lorota não cola” e culpou o rigor da Justiça do Trabalho pelos problemas com seus ex-funcionários – ele não confirmou nem negou que a mulher levada à plateia por Leite tenha trabalhado em sua firma. “Juro por Deus que eu não lembro da cara dela”, disse.

“Escândalo na minha empresa não tem, não tem Lava Jato. [A empresa] Deve, mas vai pagar”, disse Kalil. “Quando sair a delação da Andrade Gutierrez, vai ter gente com tornozeleira [eletrônica]. A Cidade Administrativa está chegando perto”, provocou, novamente em alusão a Aécio.

O senador Aécio Neves é investigado em um inquérito autorizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por, supostamente, ter atuado em uma CPI com o objetivo de esconder o mensalão tucano em Minas. Além disso, como a Folha revelou em junho, um assessor próximo de Aécio deve ser citado na delação de um sócio da OAS por suposto recebimento de propina na construção da Cidade Administrativa, durante o governo do tucano (2003-2010).

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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