Debate marcado por polarização entre Paulo e Armando

O último debate eleitoral, realizado na noite desta terça-feira (2), na Rede Globo, com os candidatos ao Governo de Pernambuco antes da eleição do próximo domingo (7), foi polarizado entre os dois principais postulantes, o governador Paulo Câmara (PSB) e o senador Armando Monteiro Neto (PTB), em volta de temas que já vêm sendo tratados durante o pleito e caro aos candidatos: a Operação Torrentes e a Reforma Trabalhista. Maurício Rands (PROS) e Dani Portela (PSOL) também distribuíram críticas aos candidatos mais bem votados.

Em pergunta a Dani, Monteiro voltou a ligar Câmara à operação policial na Casa Militar. O petebista disse ter ficado “estarrecido” ao ver “a Polícia Federal entrando no signo do poder”. “A denúncia alcança figuras notórias e ligadas ao núcleo mais forte do governo”, disse ele. “É algo absolutamente intolerável, desviar dinheiro que deveria ir para assistência na Mata Sul, no momento mais difícil para as pessoas”, acrescentou. A psolita, todavia, não entrou na dobradinha, mas criticou os dois adversários, destacando que a corrupção ocorre em palanques amplos.

Posteriormente, o petebista disse que Câmara foi delatado por um dos diretores da JBS. O socialista, então, afirmou que o diretor estaria preso por mentir e, inclusive, teria delatado um dos candidatos ao Senado da coligação de Monteiro.

Câmara, por sua vez, trouxe a reforma trabalhista e o desemprego à baila para criticar Monteiro. Chamou diversas vezes o senador de “patrão”, disse que ele foi “contra o trabalhador” e que queria “confundir o eleitor”, enquanto reiterava que era “servidor público há 25 anos” para se contrapor. “Você (Monteiro) foi ministro na área que era para gerar desenvolvimento, mas trouxe desemprego, o ‘ministro do Desemprego’. Foi a época de maior desemprego no Brasil”, apontou. “Eduardo Campos foi o maior governador que Pernambuco já teve e Armando o traiu, porque só votou contra o trabalhador”, afirmou, em alusão à menção de Monteiro no debate anterior, destacando que foi o candidato de Campos ao Senado, em 2010.

Já Rands, além de se autocongratular e repetir algumas promessas, afirmou reiteradas vezes que o Estado precisa tomar o poder político perdido com Câmara. “Paulo, o seu governo não teve força política para trazer recursos federais”, disse o candidato do PROS. “É preciso recuperar essa força política, essa capacidade de gestão”, acrescentou.

Dani agradeceu o apoio recebido, anteontem, da Rede, que pediu o cancelamento da candidatura do ex-prefeito Julio Lossio (Rede). Parafraseando o presidenciável Guilherme Boulos (PSOL), a psolista disse: “Estou vendo aqui os 50 tons do PSB”, em alusão ao fato de todos os candidatos presentes terem alguma relação com o partido. “Todos aqui já foram governo antes, já estiveram juntos em eleições passadas”, disse. E, por fim, cobrou coerência a Rands, cujo partido da vice, PDT, ainda está na secretaria de Agricultura do governo do PSB.

Alvo de criticas diretas ou indiretas pelos adversários nos blocos iniciais, o governador buscou fazer dobradinha com Rands, em determinados momentos, enquanto Monteiro tentou fazer o mesmo com os candidatos do PROS e do PSOL, ora com sucesso, ora também sendo alvo de alfinetadas. Nos blocos finais, Câmara e Monteiro se evitaram, mas repetiram críticas. Visando à impressão de tom informal, o petebista repetiu a estratégia de não usar paletó. Já o socialista tentou em algumas situações repetir trejeitos de Campos, ao olhar para a câmera e enfatizar que o adversário queria confusão. Dani manteve o estilo crítico, sem poupar adversários.

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *