Folhapress
A indefinição do cenário eleitoral materializada na estagnação dos pré-candidatos na pesquisa Datafolha de domingo (10) fez o DEM ampliar seu leque de possibilidades e procurar o PDT para conversar sobre uma possível aliança entre os dois partidos, que figuram em diferentes campos políticos.
Segundo um integrante da cúpula do DEM, a aproximação entre as duas siglas já está se dando nos bastidores, com trocas de sinais de simpatia. Na semana passada, o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, disse que o único partido com o qual descarta aliança é o MDB do presidente Michel Temer.
Nesta quarta-feira (13), o presidente da Câmara e pré-candidato à Presidência da República, Rodrigo Maia (DEM-RJ), conversa com o ex-governador Cid Gomes (PDT-CE), irmão de Ciro. Na semana que vem, a conversa deve ser com o próprio Ciro.
O PDT vinha tentando manter em sigilo o encontro de Cid com Maia. O receio de Ciro é de que uma aproximação com legendas de centro-direita possa melindrar o PSB e o PC do B, atrapalhando eventuais alianças.
Desde a semana passada, Ciro intensificou conversas com as siglas de esquerda. A ofensiva tem como objetivo blindá-las do assédio do PT, que iniciou uma disputa com o PDT pelo apoio de ambas. Apesar do esforço, as duas já sinalizaram que só anunciarão aliança no final de julho, quando o quadro eleitoral se tornar mais previsível.
O DEM ainda mantém a pré-candidatura de Maia. Além de isso dar conforto para que os integrantes da legenda não tenham que assumir uma aliança agora, há o entendimento interno de que Maia, com seus de 1% a 2% de intenções de votos, não está muito diferente dos demais candidatos de centro, como Geraldo Alckmin (PSDB), que oscila entre 6% e 7%.
Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, Maia oscila entre 0 e 4%, e Alckmin, entre 4% e 9%. Ciro oscila entre 6% e 11%. Com a margem de erro, entre 4% e 13%. De acordo com um participante da campanha de Maia, uma pequena parcela do partido apoia a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL); outro grupo, um pouco maior, defende aliança com Alckmin; mas a maioria tem uma visão mais pragmática.
Por pragmático entenda-se, além de não descartar de imediato a candidatura própria, deixar portas abertas para apoio a Alckmin ou a Ciro, mas também a Alvaro Dias (Podemos) ou a Josué Alencar (PR), que ainda não se lançou pré-candidato a qualquer cargo. Uma das prioridades do partido é garantir a recondução de Maia à Presidência da Câmara.
Um eventual apoio a Ciro, no entanto, não é tratado abertamente em nenhuma das duas legendas. No DEM, há quem defenda que, se não houver candidatura própria ou se a aliança não se der com um partido com maior identificação ideológica, que a legenda desobrigue seus quadros de apoiá-lo.
É Cid quem tem sido responsável por articular uma aproximação do Ciro com o PP e com o DEM. Ele disse à reportagem que a prioridade é fechar alianças com siglas de esquerda, como PSB e PC do B, mas que Ciro não deixará de dialogar com partidos de centro.
“Nós vamos dialogar com todos. Ciro é candidato a presidente e, sendo eleito, é fundamental que tenha uma base de apoio baseada em princípios éticos e transparentes, o que não inclui o MDB”, disse ele, lembrando que Ciro tem uma boa relação com dirigentes do DEM e do PP no Ceará.