Seja de rua, bloco ou canção, seus três tipos existentes, o aniversariante de hoje (14), o frevo, tem conquistado espaço em outros ambientes diferentes daqueles onde os passistas fazem a tesoura, o saci-pererê, a pernada e entre outros dos seus passos básicos. É na sala de aula que um dos nossos ritmos musicais e tipos de dança folclórica mais característicos da cultura têm encontrado novos adeptos. Seja na prática do programa esportivo ou na teoria das aulas de História, crianças e adolescentes têm descoberto os inúmeros motivos do porquê um ano e meio sem frevo tem afetado tanto os pernambucanos.
O ritmo é tão especial que tem seu Dia Nacional comemorado em duas datas: 14 de setembro, data em que nasceu, no ano de 1882, o criador do seu nome, o jornalista Osvaldo da Silva Almeida, e em 09 de fevereiro, data identificada por historiadores como sendo a primeira da aparição do nome, em 1907, quando ainda era grafado com acento – frevô. No Colégio GGE, ele tem sido vivenciado o ano inteiro. Dentro do programa Esportivo, o frevo é um dos ritmos do módulo I da Dança. Muito além das movimentações básicas ensinadas, os estudantes conhecem a história do frevo, que surgiu no final do século XIX, durante o Carnaval.
”Trabalhamos o frevo em aulas práticas-teóricas. Os alunos se sentem desafiados, porque as movimentações exigem conexões corporais interessantes ao aprendizado. Alguns são receptivos logo no início e outros vão se familiarizando ao longo do tempo, mas a maioria passa a gostar, justamente, porque tem a identificação e a proximidade”, explica a professora de Dança do GGE, Gigi Albuquerque. A docente ressaltou ainda que os alunos não ficam apenas no básico e que aprendem também movimentos mais avançados do ritmo. Para isso, um jump é usado como material de apoio para o treinamento de saltos, com o objetivo de evitar lesões.
No aspecto histórico, o frevo exerce o mesmo fascínio. Patrimônio Imaterial da Humanidade, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (Unesco), o assunto se destaca na abordagem dos elementos culturais nas aulas da disciplina de História, inclusive com alunos de séries mais avançadas, como os que integram o Ensino Médio. Mesmo com a concorrência de tantos estilos musicais mais modernos e mais contemporâneos à garotada, eles logo associam o tema e percebem a influência do ritmo e da dança do frevo, principalmente no Carnaval de todo o País.
“Os estudantes passam a ver mais significado e a compreender a importância do frevo enquanto patrimônio quando compreendem a origem, as relações com o passado escravista brasileiro e percebem as marcas dessa história em um ritmo ainda tão adorado nos dias de hoje, principalmente no período de Carnaval”, ressalta a professora de História do Colégio GGE Júlia Ribeiro.
A educadora ainda ressalta a importância dos alunos saberem sobre a sua própria cultura, contribuindo com a manutenção entre as gerações. ”Acredito que para compreendermos a história dos outros (de fora), antes, precisamos ter uma boa compreensão acerca de nós. Quem somos, o que produzimos, de onde viemos? É fundamental tentarmos responder essas perguntas sobre nós, antes de tentar responder sobre outros. Por isso, a nossa história, de nosso povo, de nossas raízes é o que nos constitui enquanto sociedade”, avalia.
Além do programa esportivo e das aulas de História, o frevo ainda é abordado pelo Colégio GGE nas aulas de música, com a criançada conhecendo alguns de seus instrumentos básicos, principalmente no período carnavalesco. Originalmente, o frevo não tinha letra e era apenas instrumental.