O câncer ósseo ou do tecido osteomuscular é provocado por uma alteração na célula óssea ou do tecido muscular próximo ao osso, o que leva à proliferação de células anormais que conduzem a uma lesão tumoral. Em todo o mundo, os tumores ósseos correspondem a menos de 0,2% dos casos de câncer registrados. No Brasil, não existem dados consistentes sobre sua incidência. No mundo, segundo um levantamento feito pela American Cancer Society, o osteossarcoma é o mais recorrente entre crianças e adolescentes com idades até 20 anos, com 56% dos casos. Já o tumor de Ewing corresponde a 34% dos registros.
O ortopedista Maurício Paes, especialista em cirurgia do quadril, que atende no SEOT – Santa Efigênia Ortopedia e Traumatologia, explica que a doença pode ser benigna, sem maiores consequências, ou maligna e apresenta tipos primários e secundários. “Os primários crescem diretamente sobre os ossos e são mais frequentes em crianças e adolescentes, sendo os mais comuns o tumor de Ewing e o osteossarcoma. Os secundários surgem a partir de um processo de metástase, ou seja, tem origem em outro órgão, sendo os mais recorrentes os de mama, próstata, rim ou tireoide. Estes são mais comuns entre adultos, sobretudo aqueles com idades entre 60 e 80 anos”.
O especialista diz ainda que esse não é um tipo de doença recorrente, mas, para que o tratamento tenha êxito, requer diagnóstico precoce. “Apesar do baixo índice, em relação aos outros tipos de câncer, é alto, se olhado do ponto de vista dos cânceres pediátricos. A questão do diagnóstico é fundamental, mas, muitas vezes, a pessoa tem a doença em outra área e não sabe. Chega ao consultório do ortopedista com uma dor na coxa ou coluna, por exemplo, e, ao se investigar, chega-se à conclusão de que a lesão tem característica tumoral. Isso mostra que os sintomas só começam a se manifestar com a metástase óssea”.
Maurício Paes destaca que apesar de não cancerosos, os benignos precisam de atenção, já que podem comprimir estruturas próximas, como vasos e nervos, trazendo sérias consequências. “É necessário ficar atento aos sintomas, já que, nos casos secundários [metastáticos], a dor se apresenta na região acometida, sendo mais frequente na coluna ou próximo ao quadril ou coxa, fato que pode causar dificuldade de locomoção, se nos membros inferiores, ou movimentação, se nos membros superiores. Já nos casos primários, além da dor, pode haver alterações na anatomia local, com aumento da região, inchaço e vermelhidão. A princípio, a dor pode não ser constante, mas se intensifica à noite ou durante as atividades físicas, como caminhadas”.
O diagnóstico é feito por um médico especialista ortopédico, através de exames físico e complementares de raio-X, ressonância magnética, tomografia computadorizada, pet scan e biópsia óssea, além de exames de sangue e de urina. Já o tratamento depende do diagnóstico precoce. Segundo o médico, até a década de 1970, 90% dos pacientes morriam no primeiro ou segundo ano após o diagnóstico e as cirurgias mais usadas eram as de amputações. “Hoje, o tratamento é feito com quimioterapia, radioterapia ou cirurgia, dependendo do tamanho, tipo e localização do tumor no osso, e a sobrevida ultrapassa 70%. O membro acometido é preservado, na maioria dos casos, com o uso da quimioterapia associada à cirurgia, o que proporciona mais qualidade de vida aos pacientes”.