Dilma compara lógica de estupro à da exclusão social

A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou, que a “lógica do estupro” está ligada diretamente à ideia de exclusão social. Citando dois exemplos do Rio de Janeiro, e ignorando os três recentes casos de estupro coletivo no Piauí, Dilma citou que vê com preocupação a violência contra as mulheres. As declarações foram dadas em audiência pública realizada em João Pessoa (PB).

“Queria falar sobre o que chamamos de combinação perversa da lógica do estupro, aquela que diz que a responsável pelo estupro é a mulher. Essa lógica de violência, de intolerância, que age e que atinge proporções que aqui no Brasil nunca vimos. A lógica do estupro coletivo com aquela moça lá no Rio de Janeiro. Quantas moças anônimas têm sido vítimas dessa lógica do estupro? Essa lógica é muito grave”, comentou.

Para Dilma, essa ideia está ligada diretamente à exclusão social, e lembrou de outro caso do Rio, desta vez ligado a preconceito. “Essa lógica do estupro tem se combinado com a lógica da exclusão. E essa lógica da exclusão teve uma grande representação também, infelizmente, na nossa cidade maravilhosa, que foi com o ato simbólico de uma babá ser proibida de sentar ou ir ao banheiro em ao clube de elite do Rio de Janeiro.”

A presidente afastada se referiu a um caso relatado na coluna do jornalista Ancelmo Gois, no jornal “O Globo”, em que uma babá teve proibido o uso do banheiro no Country Club do Rio. Segundo a coluna, o clube confirmou que uso do banheiro é “exclusivo para sócias, que deixam lá seus pertences.”

No dia 2 de junho, no Rio, ela também havia mencionado os dois casos. “Essas duas coisas são faces de uma mesma moeda, que é a lógica do privilégio, de achar que alguém tem mais direito que o outro. É achar que o filho do pedreiro não pode ser doutor. Essa foi a lógica que levou a uma médica negra que teve oportunidade de por conta da lei de cotas, como ocorreu com o Fies [Fundo de Financiamento Estudantil], com o Prouni [Programa Universidade para Todos], a dizer: ‘a casa grande surta quando a senzala vira médico.’ Foi essa lógica que nós interrompemos e que vinha de séculos”, afirmou na Paraíba.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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