Após passar mais de 15 horas no Senado nessa segunda-feira (29), a presidenta Dilma Rousseff (PT) respondeu a todas as perguntas dos senadores, reafirmou a sua inocência diante das acusações que lhe são imputadas e declarou que o Brasil corre o risco de sofrer um golpe, caso seja consumado o seu impeachment. Esta é avaliação do líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), que acompanhou todo o interrogatório de Dilma e acredita ser possível uma virada de votos a favor dela.
“Corajosa e altiva, a presidenta reiterou a todos os parlamentares presentes no plenário do Senado, neste período triste para a história do país, que jamais cometeu qualquer crime de responsabilidade e que a democracia brasileira está prestes a ser golpeada se esse impeachment for consumado”, resumiu Humberto.
Para o senador, caso o Senado “chancele o golpe tramado meticulosamente” para derrubar a chefe de Estado eleita democraticamente pelo povo, Dilma terá direito de recorrer da decisão em instâncias superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF). “A defesa vai aprofundar o seu posicionamento para agir”, comentou.
Ele explicou que o presidente interino Michel Temer (PMDB) será empossado após a ratificação do afastamento da petista no Senado, mas quem vai dar a palavra final sobre o assunto será a Justiça.
“A presidenta falou sobre isso no seu interrogatório. Ela informou que não recorreu ainda em respeito ao Senado, que tem a responsabilidade constitucional do caso. Ela foi bem clara: são os senadores que têm, pela Constituição, o poder de me julgar”, declarou.
O parlamentar ressaltou que o momento para uma ação judicial é depois que julgarem e condenarem uma “presidente inocente”, sem crime de responsabilidade, caracterizando o golpe.
“Eu não recorro ao STF agora porque não acabei de tratar o problema aqui. O Senado não está compactuando com o golpe hoje. Não houve julgamento. Agora, no momento em que ele proferir uma sentença que não tenha por base um crime de responsabilidade provado, vamos agir”, disse Dilma.
Humberto, que desde o começo do processo de julgamento do impeachment da presidenta no Congresso Nacional se posicionou de maneira firme contra o que ele chama de “golpe”, prometeu fazer uma dura oposição ao governo Temer, se o impeachment passar. “Vamos dar continuidade à luta para dar legitimidade à presidenta da República, coisa que esse cidadão golpista não tem”, garantiu.