Há cerca de dez anos, um grande gesto de amor ao próximo e inclusão social vem mudando a vida de crianças e jovens da cidade de São Caetano, no Agreste pernambucano. A atitude pode parecer distante aos olhos de muitos, mas para Leidijane Xavier é uma realidade que transformou a rotina dos jovens fiéis da cidade.
Ao ensinar em uma escola, a professora percebeu que os alunos com deficiência auditiva não frequentavam a Igreja da cidade e, por consequência, também não conseguiam realizar os sacramentos como a 1ª Eucaristia e a Crisma. Foi aí que Leidijane conversou com o padre e resolveu se preparar para ser catequista. Uma nova história começaria a ser escrita na Paróquia de São Caetano. “Formei a primeira turma de pessoas com deficiência. Além da turma de surdos, tivemos a catequese de crianças com síndrome de Down”, afirmou a professora especialista em Libras.
De acordo com Leidijane, a inclusão é necessaria em todos os âmbitos da sociedade. “As pessoas precisam ter condições de permanecerem nas Igrejas que participam. E na nossa paróquia as crianças se sentem mais próximas de Deus através da Língua de Sinais”, destacou.
A primeira turma formada na catequese foi em 2013. Em 2019, o grupo conseguiu concluir a formação para a Crisma. Além disso, Leidijane também traduz as missas. “Percebi que cresceu o número de pessoas com deficiência em nossa Igreja, tanto nas missas como nas comemorações religiosas. Agora os jovens conseguem sentir a mensagem. Fico muito satisfeita”, relatou.
Houve um momento em que marcou a professora de Libras. “Durante a confissão da Crisma, os Padres Luciano e Rivaldo fizeram lindas orações e todos os jovens ficaram de mãos dadas com as mães. Fiquei emocionada e grata por saber o quanto tudo aquilo era importante para aquelas famílias”, concluiu.
Há muitos anos a Igreja Católica tem se dedicado às práticas de inclusão social voltadas para as pessoas com deficiência, em algumas realidades este trabalho se torna mais difícil devido à ausência de colaboradores para o trabalho pastoral. Esta ação em São Caetano chamou a atenção de Dom José Ruy, que celebrou a Crisma destes adolescentes em dezembro, e fez questão de reforçar que “na inclusão do bem se encontra uma forma de comunhão, de amor. A inclusão nos momentos de oração não apenas é algo previsto na legislação, mas incentivado pelo Evangelho! Bendizemos a Deus por aqueles que ao traduzir em libras ou em outras formas de comunicação, tornam-se também evangelizadores ajudando outros a rezar, a permanecer em comunhão com Deus!”