Diretor do BC diz que desaceleração da inflação está em fase mais lenta

O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, disse nesta terça-feira (28/3) que a queda da inflação no Brasil pode ser vista em dois estágios. Ao repercutir a ata do ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça, Guillen disse que o primeiro estágio, já encerrado, foi impulsionado por medidas tributárias e commodities, e o segundo, em curso, é mais lento e é mais impactado pela política monetária, como citado na ata.

“Há indicação neste início de ano de resiliência dos núcleos. Neste segundo estágio a velocidade de desinflação é menor”, declarou durante participação em evento do Goldman Sachs, em São Paulo. “O segundo ponto é a questão das expectativas de inflação desancoradas até 2027, quase 100 pontos-base da meta estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Na penúltima ata trouxemos debate sobre os motivos para a desancoragem”, acrescentou.

Segundo ele, o Copom discutiu principalmente a desancoragem versus desaceleração doméstica e global dentro do balanço de riscos, sobretudo dentro de um cenário externo de deterioração. “Sobre a desancoragem, o risco de ser mais persistente e duradoura aumenta muito o custo da desinflação. É importante pensar sobre os motivos e como lidar para reduzir essa desancoragem”, ressaltou.

O diretor do BC disse ainda que a inflação brasileira é um problema de demanda, devido a maior quantidade de recursos na economia. Em sua avaliação, a política monetária deve atuar de “forma contracíclica”, com a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em patamar elevado, com o objetivo de frear as pressões inflacionárias.

“A gente procurou explicar o processo (de definição dos juros para conter a inflação). Acho que é um processo, um processo que requer paciência, serenidade para avaliação de todas as defasagens da política monetária”, disse Guillen, tendo em vista que um aumento da taxa de juros demora de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.

Arcabouço
Guillen reforçou que o novo arcabouço fiscal terá impacto na inflação por meio do seu efeito nas expectativas do mercado. “O canal principal do arcabouço fiscal afetando a inflação é via o canal expectacional, é afetando como vai se dar a ancoragem das expectativas, é afetando como vai se dar os prêmios de risco, esse é o canal que a gente considera mais importante para ter um efeito sobre a desinflação”, disse.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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