Os Estados Unidos deixaram de ser o destino favorito dos brasileiros para comprar bens de luxo. É o que aponta o estudo “Luxury Goods Worldwide Market Monitor”, desenvolvido pela consultoria global Bain & Company em parceria com a Fundação Altagamma, que reúne fabricantes italianos do segmento de luxo. De acordo com o levantamento, o chamado “super dólar” fez com que os consumidores do País direcionassem seus gastos em bens de alto valor agregado para o mercado interno.
A força da moeda norte-americana não só espantou os turistas, como fez os próprios nativos migrarem para a Europa na hora de comprar bens de luxo. No entanto, ainda que os Estados Unidos tenham sentido a estagnação do mercado local, eles continuam liderando globalmente o faturamento do setor, acumulando 78,6 bilhões de euros em 2015, o que representa um aumento de 20% em relação a 2014. Para se ter uma ideia, o valor gasto em bens de luxo apenas na cidade de Nova Iorque ficou na casa dos 27 bilhões de euros, superando todo o Japão com seus 20 bilhões de euros.
Outro ponto detectado pelo estudo da Bain & Company é o investimento das marcas de luxo em produtos mais acessíveis para atingir uma gama maior de consumidores. Entre os automóveis, por exemplo, a pesquisa apontou os SUVs como tendência em modelos de entrada, que servem de ponte para os carros de maior poder aquisitivo, como os esportivos. Esse também é um dos indicadores do quanto as marcas de alto padrão começam a se preocupar com os preços para se manter competitivas.
De acordo com o sócio da Bain & Company e especialista em mercado de luxo, Gabriele Zuccarelli, definir o posicionamento de preço é hoje a maior preocupação das marcas desse segmento. “O desafio é ampliar o acesso à marca através de produtos de entrada sem prejudicar a imagem de exclusividade e o faturamento nos preços mais altos”, comenta o sócio.