Cinco pessoas em casa e uma renda de R$ 100 para todos. Essa é a realidade de Rúbia Ferreira da Silva, 33 anos, que vive juntamente com quatro filhos em uma casa de madeira no bairro dos Coelhos, área central do Recife. Rúbia está no contingente da população brasileira que é enquadrado em situação de extrema pobreza. Tanto no Brasil como em Pernambuco esse contingente aumentou – isso significa que mais pessoas estão vivendo com renda inferior a R$ 140 por mês de acordo com a linha proposta pelo Banco Mundial. Segundo a pesquisa divulgada pelo IBGE, no Brasil, 15,2 milhão de pessoas viveram em extrema pobreza no ano passado contra os 13,5 mi de pessoas em 2016. Em Pernambuco, 1,2 mi de pessoas viveram na situação em 2017 enquanto em 2016 foram 1,1 milhão de pessoas.
“A minha renda é das latinhas de lixo que eu fico catando durante a semana. Com as latinhas que eu recolho, consigo ganhar entre R$ 20 e R$ 30. O aluguel do barraco que eu vivo com meus quatro filhos custa R$ 100, mas meu ex-marido que manda o dinheiro pra eu pagar”, contou Rúbia, que ainda tem mais cinco filhos, mas que não moram com ela. “O dinheiro que pego eu compro comida porque roupa é de doação das pessoas”, disse.
De acordo com o economista da Fecomércio-PE Rafael Ramos, esse é um reflexo da crise econômica. “Com a crise, vem o desemprego. E o desemprego é um dos principais causadores desse cenário. Isso faz reduzir a renda, o que diminui o rendimento médio da família”, explicou Ramos, ao acrescentar que Pernambuco foi um dos estados em que o desemprego atingiu de forma mais intensa. Na última pesquisa do IBGE, referente ao terceiro trimestre de 2018, Pernambuco apresentou a quarta maior taxa de desocupação no Brasil, o equivalente a 703 mil pessoas. No País, 12,4 milhões de pessoas estão desempregadas.
Da mesma forma, o número da população que vive na pobreza cresceu. Esse cenário abrange as pessoas que têm rendimento de até R$ 406 por mês. No País, mais 2 milhões viveram nessa situação entre 2016 e 2017 – o contingente passou de 52,8 mi de pessoas para 54,8 mi de pessoas. Em Pernambuco, esse número passou de 3,7 mi de pessoas para 3,8 mi de pessoas. “A maior incidência está nos estados do Nordeste, região que apresenta os maiores índices de pobreza”, comentou o analista da pesquisa do IBGE, Leonardo Athias.
Esse resultado é estrutural no País, segundo a socióloga Maria Eduarda Rocha. “Isso é a extrema polarização no Brasil, uma concentração de renda. Ou seja, há uma diferença grande de quem ganha muito e de quem ganha pouco. A partir da crise econômica muitas pessoas migraram do trabalho formal para o informal ou perderam o emprego”, analisou a socióloga.
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