Em três anos, principais empresas investigadas na Lava Jato demitiram quase 600 mil funcionários

As dez maiores empresas investigadas na Lava Jato demitiram quase 600 mil trabalhadores entre o final de 2013 (pouco antes da deflagração da operação, em março de 2014) e de dezembro de 2016. Os dados são de levantamento do jornal O Estado de S. Paulo.

Além do cerco das investigações, também são apontados como responsáveis pelo encolhimento no número de postos de trabalho dessas empresas a recessão e a queda do preço do petróleo e dos gastos do governo. A pesquisa considerou os funcionários diretos e terceirizados.

Mas o impacto desse conjunto de fatores também se refletiu no fechamento de vagas indiretas. De acordo com a reportagem, empresas do setor de óleo e gás, como a Petrobras, foram atingidas pela redução da cotação do petróleo, hoje próxima de US$ 50. Só a Petrobras demitiu 259.907 funcionários no período de três anos. Dos 446.291 que trabalhavam para a estatal em dezembro de 2013, apenas 186.384 resistiam na companhia em dezembro de 2016.

Já as grandes construtoras tiveram de lidar com o alto endividamento da população, que deixou de comprar imóveis, e com a conclusão – ou interrupção – de projetos de infraestrutura, diante da deterioração das contas do governo.

Os 600 mil postos de trabalho fechados apenas nessas dez empresas citadas na Lava Jato equivalem a 5% do total de pessoas que entraram na fila do desemprego entre 2013 e 2016, que foi de 11,2 milhões de pessoas.

Empreiteiras como a Queiroz Galvão, a Engevix, a OAS e a Mendes Júnior estão entre as que pediram recuperação judicial, assim como a Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras para a construção de sondas de petróleo, informa o Estadão. A Engevix, por exemplo, viu seu quadro de funcionários diminuir 85%: caiu de 20 mil para 3 mil em apenas três anos.

Em entrevista ao jornal, o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, os cortes também se justificam por projetos de expansão baseados em previsões pouco realistas. Na avaliação dele, após a descoberta do petróleo do pré-sal, instalou-se um clima de euforia que levou à tomada de decisões de governo e de negócio sem sentido econômico.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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