Escândalos de corrupção impulsionam demanda por certificações de auditoria

As duras lições impostas por escândalos como Petrolão e Lava Jato têm surtido efeito, como fomentadoras de investimentos em áreas de auditoria. O Instituto dos Auditores Internos do Brasil – IIA Brasil, acaba de divulgar dados que comprovam a tendência de as empresas investirem em qualificação de seus profissionais. Segundo a entidade, o primeiro semestredeste ano terá quase 60% de crescimento no número de auditores que obtiveramuma das certificações internacionais do Instituto, no comparativo ao mesmo período de 2016.

A busca por qualificação tem aumentado nessesanos de crise econômica e política. Ano passado, por exemplo, quase 50 profissionais obtiveram algumas das cobiçadas certificações como a CIA (Certified Internal Auditors) – considerado o principal selo da carreira no mundo. O dado representa um crescimento de 52% em relação a 2015. Trata-se de certificações internacionais dificílimas de conquistar, que em geral, leva-se entre 1 e 3 anos para obtê-las. Elas foram criadas e são emitidas pelo The IIA – The Institute of Internal Auditors, o maior organismo de auditoria do planeta, com mais de 160 mil associados. Por aqui, a gestão e emissão é realizada pelo IIA Brasil.

Na visão de Fábio Pimpão, diretor de normas ecertificações do Instituto, o mercado está compreendendo que é preciso, nãosomente ampliar as áreas de auditoria interna com contratações, mas também investir com afinco em qualificação. “Os escândalos de fraudes que vivemos, aliados ao temor de consequências da Lei Anticorrupção, têm acelerado a corrida por selos que garantem o preparo de profissionais, tornando-os mais competitivos e éticos. É um processo fundamental para elevarmos os valores corporativos no país”, avalia.

O executivo lembra que há 10 anos, haviam no país apenas 50 auditores internos que possuíam alguma das certificações internacionais. Atualmente há 500 e o número será expressivamente ampliado até 2020. Pimpão cita como exemplo a região de Curitiba, capital paranaense. Em2007 haviam apenas cinco empresas que possuíam áreas de auditoria interna. “Hoje, são cerca de 50 companhias, o que representa uma média de 500 profissionais em atuação”, comenta.

Muito a caminhar

Embora os números de crescimento sejam significativos, o nível de auditores certificados no Brasil ainda está longe do ideal, da média de nações desenvolvidas. Do total de auditores internos associados ao The IIA América do Norte (Estados Unidos, Canadá e Caribe), 90% possuem algum tipo de certificação reconhecida mundialmente. No Brasil, esse dado alcança apenas 13% dos brasileiros associados ao IIA Brasil. “O alerta é claro: estamos evoluindo, mas é preciso que governos e companhias privadas ampliem investimentos de incentivo à qualificação. O país clama por ética corporativa”, ressalta Pimpão.

Além da CIA, outras cinco certificaçõesprofissionais compõem o quadro do The IIA: a CFSA – indicado a quem atua no mercado financeiro; a CGAP – específico para auditores governamentais; a CRMA – com foco em gerenciamento de riscos; a CCSA – que orienta na condução de mudanças organizacionais; e a QIAL – estruturada para líderes de carreira. Há também a QA – Quality Assessment, que avalia, com rigor, a qualidade das áreas de auditoria interna.

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