Escolas da série A desfilam hoje e amanhã no Sambódromo do Rio

Desfile da Escola de Samba Império Serrano no Rio de Janeiro

A Marquês de Sapucaí receberá hoje (21) as primeiras sete escolas de samba que desfilam este ano no Rio de Janeiro. Hoje e amanhã (22), passam pela avenida as 14 escolas da Série A, antigamente conhecida como Grupo de Acesso por reunir as agremiações que buscam uma vaga no Grupo Especial.

Nas noite de domingo (23) e segunda (24), será a vez das 13 escolas da “primeira divisão” do carnaval, grupo que tem como maiores campeãs a Portela, a Mangueira e a Beija-Flor.

A apuração das notas da série A será realizada na quarta-feira de cinzas, logo após o fim dos resultados do Grupo Especial. A previsão neste ano é que a campeã da Série A suba para o Grupo Especial, e as duas últimas colocadas caiam para o grupo que desfila na Avenida Intendente de Magalhães, na zona norte.

Primeiro dia
A primeira escola a desfilar hoje, às 22h30, será a Acadêmicos de Vigário Geral, comunidade da zona norte do Rio de Janeiro. O enredo será “O Conto do Vigário”, e vai falar sobre as farsas que marcaram a história do Brasil desde a colonização, levando engano e frustração ao povo.

Em seguida, a partir das 23h15, quem entra na avenida é a escola Acadêmicos da Rocinha, que vai contar a história de Maria Conga, mulher congolesa que foi escravizada e trazida para o Brasil, onde lutou e fundou um quilombo na Baixada Fluminense. Chamado “A guerreira negra que dominou dois mundos”, o enredo também vai contar que, após sua morte, no fim do Século 19, Maria Conga ganhou importância espiritual para os praticantes de religiões de matriz africana.

A Unidos da Ponte, de São João de Meriti, é a terceira escola desta noite, a partir de 0h. Seu carnaval falará sobre memória e eternidade, em um enredo que abordará também a sobrevivência do samba.

Quarta escola, a Unidos do Porto da Pedra, de São Gonçalo, iniciará seu desfile a partir de 0h45. A escola homenageará a baiana, em um enredo que contará a história das mulheres negras da Bahia, sua chegada ao Rio após a Abolição e o destaque cultural que possuem como uma das alas mais importantes do carnaval.

O intelectual negro Luiz Gama será o tema do desfile da Acadêmicos do Cubango, escola de Niterói que será a quarta a desfilar, a partir da 1h30 de sábado. Considerado Patrono da Abolição da Escravidão no Brasil, o escritor chegou a ser escravizado e, depois de livre, estudou Direito por conta própria e atuou na defesa de outros negros que buscavam liberdade. Além de contar sua história, a escola vai questionar seu apagamento e reivindicar uma sociedade com mais igualdade entre brancos e negros.

A Renascer de Jacarepaguá será a primeira escola da zona oeste a entrar no sambódromo, a partir de 2h15, e seu enredo prestará uma homenagem às benzedeiras. O desfile vai falar de sincretismo religioso e das heranças africana e indígena, exaltando a diversidade cultural do país em contraponto ao discurso de ódio e à intolerância.

A tradicional Império Serrano, verde e branca de Madureira, vai encerrar o primeiro dia de desfiles atravessando a Sapucaí a partir de 3h05. Com o enredo “Lugar de Mulher é onde ela quiser!”, a escola vai falar sobre empoderamento feminino e mulheres que inspiraram outras na busca por igualdade de gênero, com destaque para figuras da própria escola, como tia Maria do Jongo e tia Eulália.

Sábado
Os desfiles da série A continuam amanhã, também a partir de 22h30. A niteroiense Acadêmicos do Sossego abrirá a noite celebrando a história dos Tambores de Olokun, cortejo pernambucano de maracatu.

A partir de 23h15, a Inocentes de Belford Roxo vai homenagear a jogadora Marta, contando sua infância, a superação das dificuldades no futebol e o sucesso coroado pelos títulos de melhor jogadora do mundo. O desfile vai reivindicar igualdade entre homens e mulheres e a valorização do futebol feminino.

A Unidos de Bangu é a terceira escola da noite, e entra na Sapucaí a partir da 0h15 de domingo. Com o enredo “Memórias de um Griô”, a escola vai usar o ponto de vista dos tradicionais contadores de história da cultura negra para narrar o sequestro dos povos da África, a escravização no Brasil e o racismo que persiste nos tempos de hoje.

O desfile da Acadêmicos de Santa Cruz começa em seguida, a partir de 0h45. A consagrada Ruth de Souza será o enredo, que fará samba com a biografia e a carreira da atriz, que morreu no ano passado e é considerada uma das mais importantes da história do país.

Rebaixada no ano passado, a Imperatriz Leopoldinense desfilará revisitando a homenagem que fez em 1981 ao compositor Lamartine Babo. O carnavalesco Leandro Vieira, campeão pela Mangueira, também assina o desfile da escola de Ramos, que entra na avenida a partir de 1h30.

Penúltima escola da série A a desfilar, a Unidos de Padre Miguel contará a história da capoeira a partir de 2h15. O enredo vai falar de ancestralidade e da perseguição sofrida por essa manifestação cultural, que foi proibida dois anos após a Abolição da Escravidão e só foi liberada em 1932.

A Império da Tijuca encerra os desfiles da série A na madrugada de domingo, e vai entrar na Sapucaí a partir de 3h05. O enredo, com o título “Quimeras de um Eterno Aprendiz”, vai contar a história do pedreiro Evandro Santos e de sua militância em prol da educação e do acesso à leitura, que culminaram na criação da Biblioteca Comunitária Tobias Barreto, que teve apoio do arquiteto Oscar Niemeyer.

Agência Brasil

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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