Especialistas dão dicas para driblar preços elevados de convênios médicos

Correio Braziliense

Com aumentos anuais que superam largamente a inflação, os planos de saúde estão tomando partes cada vez mais significativas do orçamento familiar. Para os que acreditam que o serviço é fundamental para ter uma assistência médica de qualidade, especialistas garantem que é possível buscar opções mais em conta, mesmo com os reajustes elevados. No entanto, é preciso paciência, pesquisa e uma boa análise do perfil pessoal para não sobrecarregar o orçamento.

Antes de pesquisar qual plano se adéqua melhor às necessidades da família, é preciso um planejamento, explica a vice-presidente do Conselho Diretor da Associação de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci. “É importante que a pessoa analise sua renda e saiba qual é valor que pode ser usado para as despesas com o plano de saúde”, aconselha. “Isso evita que o consumidor extrapole seu limite de gastos e fique endividado”, acrescenta.

Depois de decidida a quantia que poderá ser empregada pagar pagar o plano, é importante escolher a operadora que atenderá melhor o perfil do consumidor, tanto em termos de preço quanto de qualidade e amplitude do serviço. Para isso, é importante ficar atento à reputação da empresa, indica o coordenador da Comissão de Saúde da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), Sérgio Vieira. “O consumidor pode pesquisar se a empresa é devidamente regulamentada através do site da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)”, aconselha. “No site, é possível ver também o índice de reclamações de cada operadora.”

No momento da escolha do plano, diante das muitas opções existentes, ter prioridades definidas ajuda a evitar gastos desnecessários. “Há uma variedade grande de opções, mas é esse o momento de pôr o planejamento em prática”, afirma Maria Inês. “A pessoa precisa saber o que deseja com o plano de saúde, entender seu perfil como paciente, além de colocar na ponta do lápis quais doenças vão exigir procedimentos específicos”, indica a vice-presidente da Proteste.

Foi o que fez a correspondente bancária Izabella Nogueira, 27 anos. Depois de muito tempo sem ter um plano de saúde, devido aos custos altos, ela optou por abrir mão de viagens e outras formas de lazer para pagar o serviço para a filha. “Depois que engravidei, decidi economizar ao máximo para poder garantir assistência para ela”, conta. Avaliando seu histórico patológico, Izabella escolheu um plano que a contemplasse também. “Como eu tive uma inflamação renal e fui muito mal-atendida na rede pública de saúde, decidi procurar um convênio acessível, mas com cobertura para mim e minha filha”, explica.

No entanto, o marido de Izabella ficou de fora da assistência médica. “Nossa renda é limitada, então tivemos de deixá-lo fora do benefício. Só pelo meu plano, pago R$ 403; com o da minha filha, gasto mais R$ 303. É quase o salário mínimo que recebo trabalhando”, afirma a correspondente bancária. “Como meu marido é autônomo e não tem um salário fixo, preferimos manter assim a contratar um plano coletivo, que sairia mais caro. Mesmo não pagando o serviço para ele, às vezes as dívidas nos deixam tão apertados que minha mãe me ajuda a pagar a assistência médica”, acrescenta. Izabella conta que pesquisou bastante antes de escolher o plano, e que a opção individual foi a mais vantajosa que encontrou.

É o que indica o advogado especialista em planos de saúde, Rodrigo Araújo. Segundo ele, analisar as opções coletivas e individuais são essenciais para quem pensa em economizar. “Normalmente os planos coletivos, principalmente os empresariais, são, inicialmente, mais baratos do que os individuais”, aponta. No entanto, como os reajustes dos coletivos não são controlados pela ANS, o barato pode sair caro, explica o advogado. “Com o passar dos anos, o plano coletivo acaba pesando mais no bolso do que a opção individual”, alerta.
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Coparticipação
Uma alternativa para os que, ainda assim, acham as opções de planos individuais e coletivos caros, é contratar os planos de coparticipação. “Nessa modalidade, o valor da mensalidade costuma ser menor, e, quando o consumidor for utilizar algum serviço, paga uma parte do procedimento”, explica Araújo. “Mas essa opção só é vantajosa para quem é mais jovem e não possui doenças crônicas. Pessoas com mais idade e que utilizam o plano com frequência podem ser prejudicadas com essa alternativa”, observa Araújo.

Caso as opções tradicionais ainda não sejam atraentes, a regionalização pode ajudar a manter o valor do serviço mais em conta, explica Sérgio Vieira, da Abrange. “Se você não costuma viajar, ou viaja apenas uma vez por ano, o plano regionalizado é uma opção mais acessível. Até porque não precisamos de 50 opções de um mesmo serviço, três ou quatro alternativas já são suficientes”, destaca.

Outro detalhe que pode baratear os custos com saúde privada é a chamada hotelaria, aponta Maria Inês Dolci. “O tipo de quarto que você escolhe para internação influi diretamente no preço da mensalidade”, conta. “Se você prefere um quarto individual, o valor será maior do que o cobrado por um plano que prevê quarto compartilhado, por exemplo”, explica.

Para os que já possuem plano de saúde, mas precisam aliviar no orçamento, a melhor alternativa é tentar uma negociação com a operadora. “Em alguns casos, é possível fazer um downgrade, no qual se diminui a quantidade de serviços ou a qualidade deles, mas, em compensação, se paga menos”, indica Araújo. “Não é uma opção que agrada muito o consumidor, mas é uma maneira de ele não sair da operadora e ter que lidar com novas empresas e contratos”, acrescenta.

Caso não seja possível a renegociação, é possível optar pela portabilidade, ou seja, mudar de operadora, preservando as características essenciais do plano. “A portabilidade permite que o consumidor troque de plano sem ter que cumprir novo prazo de carência. A nova empresa contratada é obrigada a aceitar o tempo estabelecidos no contrato anterior”, indica Veira, da Abramge.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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