O esporão de calcâneo é uma protuberância óssea na região inferior do calcanhar que surge, principalmente, devido a micro traumas de repetição na região do calcâneo, causando uma calcificação que tem formato semelhante à espora de galo. É confundido com a fascite plantar, inflamação da fáscia plantar, membrana de tecido conjuntivo presente por toda a sola do pé, do calcanhar à base dos dedos. O problema atinge indivíduos de 40 a 60 anos, sendo mais comum nas mulheres, por estar relacionado à questão hormonal que intensifica a diminuição da elasticidade da fáscia plantar. Não é observado em crianças e adolescentes.
Segundo o Ministério da Saúde, 10% das pessoas que têm esporão de calcâneo e estão na faixa etária dos 40 aos 55 anos de idade não sentem nenhuma dor no calcanhar, tornozelo ou pé. Nas que têm mais de 60 anos, a ausência de sintomas é observada em até 50% das pessoas. É comum que a dor surja após um período de descanso ou assim que a pessoa se levanta e apoia o peso do corpo sobre o pé afetado ou, ainda, depois de ficar em pé, imóvel, por muito tempo, ou também após realizar atividades físicas intensas. Nessas situações, a dor chega a ser tão forte que a pessoa não consegue ficar em pé e caminhar.
São vários os fatores de risco mais comuns para o surgimento do esporão de calcâneo, como explica a ortopedista Priscila Lemke, especialista em pé e tornozelo do SEOT (Santa Efigênia Ortopedia e Traumatologia): “podem ter os pacientes que têm pé chato, ou pé plano; que tem o pé cavo, com um cavo muito elevado; atletas que correm em terreno muito plano e utilizam calçado inadequado; pessoas que desenvolvem alguma atividade laboral e necessitam ficar muito tempo em pé ou muito tempo andando, entre outros”. Por ser uma região que recebe grande parte do peso do corpo, o sobrepeso também entra no rol de fatores de risco.
Para o diagnóstico, o especialista leva em conta o histórico de atividades do paciente e exames clínicos e de imagem, como raio-X e ultrassonografia. Confirmado o problema, o tratamento, na maioria dos casos, é conversador: repouso, compressas de gelo e elevação do pé. Sobre a prevenção, a ortopedista orienta: “pessoas que passam muito tempo em pé devem utilizar um calçado confortável, com um pequeno salto ou palmilhas ortopédicas, para que o peso do corpo seja distribuído por todo o pé. Calçados planos e sem amortecimento, como sandalinhas rasteiras, são propensos a causar o esporão de calcâneo”, explica.
Também são válidos para o tratamento do esporão de calcâneo os exercícios de alongamento ao acordar ou depois das atividades do dia a dia e, principalmente e de extrema importância, a realização de fisioterapia motora para fortalecimento muscular. Em casos mais raros, há o recurso das infiltrações com corticoides no local e cirurgia para a remoção do esporão. “Em persistindo os sintomas, é fundamental que as pessoas busquem atendimento médico especializado para que todo o processo seja bem conduzido e bem acompanhado. E o mais importante: nunca se automedicar; medicamentos precisam ser prescritos pelo médico ortopedista para evitar problemas maiores”, conclui Priscila Lemke.