Pesquisadores da Universidade de Washington têm demonstrado que casos resistentes à radiação podem ser vulneráveis a terapias que afetam o fornecimento de substâncias utilizadas pelos tumores para se desenvolver; oncologista do HCor acrescenta que essa pesquisa tem obtido resultados preliminares bastante relevantes podendo potencialmente ampliar a ação das terapias tradicionais indicadas em situações deste tipo
Embora as terapias oncológicas tenham contado com inúmeros aprimoramentos nas últimas décadas, o tratamento para o câncer cervical, ou de colo de útero, como é mais conhecido, e que registra a segunda maior incidência entre as mulheres, não evoluiu tanto. Porém, um estudo recente realizado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, demonstrou que casos resistentes à radiação podem ser vulneráveis a terapias que afetam o fornecimento de substâncias que os tumores cervicais utilizam para se desenvolver dentro do organismo. “Essa pesquisa tem obtido resultados experimentais bastante interessantes em linhagens celulares resistentes à radioterapia podendo ter efeito aditivo às terapias tradicionais indicadas para casos deste tipo”, diz o Dr. Auro Del Giglio, oncologista do Hospital do Coração (HCor).
Ao analisar a evolução de camundongos implantados com células de câncer cervical humano, os autores da pesquisa conseguiram eliminar muitos dos tumores desenvolvidos pelos animais com uma combinação de radiação com três diferentes tipos de drogas diferentes. “Este método afetou o metabolismo dos tumores, ao interromper a habilidade de cada um deles em absorver glicose”, explica o médico do HCor.
Sem glicose, as células dos tumores analisados foram forçadas a buscar combustíveis alternativos, o que as fragilizou. Ao observar este estado de vulnerabilidade, os pesquisadores responsáveis pelo estudo atacaram-nas com radiação e obtiveram sucesso. A terapia foi testada contra quatro diferentes linhagens celulares de câncer cervical sem provocar efeitos colaterais negativos evidentes entre as cobaias. “Isso sugere uma grande probabilidade de que células saudáveis não sejam tão dependentes de glicose como ‘combustível’, quanto as cancerosas”, avalia o oncologista do HCor.