Nos últimos anos o cenário econômico brasileiro enfrentou momentos conturbados em meio à crise do emprego, mas, se por um lado os jovens foram os mais afetados pelos percalços da economia, por outro, já podem respirar mais aliviados, pois os indicativos mostram sinais de uma retomada nas vagas de estágio em 2017 (19% maior, número que supera os postos perdidos em 2016), direcionadas justamente para esse grupo, que ainda frequenta as salas de aulas e está em início de carreira.
E, para esse ano, a expectativa continua animadora, aumentando ainda mais o otimismo dos estudantes. Os dados são da Companhia de Estágios – consultoria e assessoria especializada em programas de estágio e trainee – que divulga mais uma edição de seu estudo exclusivo que explora o impacto do atual quadro econômico sobre os candidatos a vagas de estágio e ainda revela os principais anseios e expectativas dessa parcela da mão de obra nacional.
Perfil dos candidatos
A pesquisa “O Perfil do candidato a vagas de estágios em 2018” contou com a participação de 5.410 estudantes de todas as regiões do país, especialmente do Sudeste, que figura na liderança das respostas (78%) desde o início do estudo, em 2016. Pouco mais da metade dos entrevistados é do sexo feminino e pertence à faixa etária entre 21 e 23 anos (33,6%), ultrapassando os mais jovens entre 18 e 20 anos (30,8%), que representavam a maioria na edição anterior. Já a participação de pessoas acima dos 34 anos apresentou crescimento pelo terceiro ano consecutivo e chegou a 7,5%.
Mais de 82% dos estudantes cursam o ensino superior atualmente e grande parte frequenta os últimos semestres da graduação. Dentre os campos de formação, a participação dos alunos dos cursos de Ciências Biológicas recuou no último ano, e houve um equilíbrio entre as duas áreas do conhecimento mais populares: 46,2% dos entrevistados são de Exatas, enquanto 45,4% fazem algum curso da área de Humanas.
Oportunidade é mais importante que remuneração
Apesar de boa parte dos estagiários receberem bolsa auxílio de até um salário mínimo (56%), a maioria dos estudantes afirma que a realização profissional é a principal prioridade: para 72% a chance de aprendizado é o ponto mais relevante na hora de escolher uma vaga de estágio. E, com a crise esse desejo se intensifica: para mais de um terço deles, adquirir experiência para se tornar mais competitivo no mercado de trabalho é a principal preocupação no momento. No geral, remuneração e benefícios ficam em terceiro plano.
O aprendizado é tão importante para esses candidatos que 52% deles declaram que a maior vantagem das vagas de estágio é, justamente, poder colocar o conteúdo aprendido na sala de aula em prática. Fica claro também o caráter complementar que o estágio tem na vida acadêmica do estudante, pois o segundo maior benefício indicado pelos entrevistados é a chance de conciliar os estudos com o trabalho.
Contudo, a concorrência é grande e o processo é exigente: 52% dos candidatos afirmam que não há diferença no nível de dificuldade / competitividade desse tipo de vaga com as oferecidas pelo mercado celetista.
Internet como ferramenta de busca
Os sites especializados são o recurso mais utilizado pelos jovens na busca por uma oportunidade (51% se cadastrou em até 5 sites de recrutamento no último ano, 34% se inscreveu em até 10 sites desse tipo). O principal meio para a procura da vaga passa também tem sucesso como principal caminho para chegar até ela: mais de 41% dos entrevistados que estão estagiando atualmente afirmam que conseguiram a vaga através de plataformas de recrutamento.
A indicação é o segundo fator mais promissor na conquista da vaga. As redes sociais também representam uma boa ferramenta na procura do estágio, e o LinkedIn é a escolha de 47% deles, se mantendo na liderança pelo segundo ano consecutivo, seguido pelo Facebook (27%).
Expectativas positivas
Esse ano os jovens estão ainda mais otimistas, 78% dos estudantes se declaram esperançosos em relação às oportunidades futuras. Em comparação com o levantamento de 2017 o número de candidatos a estágio ouvidos pela recrutadora que está confiante na recuperação do quadro econômico do país aumentou 2%, em contrapartida, apenas 10% revelam que ainda estão pessimistas –3% a menos em comparação com o ano passado.