Eurico Miranda, ex-presidente do Vasco, luta conta tumor no cérebro

Folhapress

A sessão solene na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) na última terça-feira (21) foi marcada por homenagens ao aniversário de 120 anos do Vasco. Durante o evento, no entanto, chamou a atenção também o semblante frágil de Eurico Miranda, icônico dirigente do clube. O cartola polêmico e turrão de outros tempos deu lugar a um abatido e emocionado personagem. Sensível, chorou aos menos três vezes em cena pouco comum para sua famosa personalidade durante os discursos que lembravam a história vascaína. A emoção aflorada, apesar de rara num cenário histórico, passou a ser algo comum na rotina de Eurico nos últimos tempos. E não ocorre por acaso. O abalo emocional se dá por uma luta delicada e sofrida contra um tumor no cérebro nos últimos meses.

Após encarar o câncer na bexiga e no pulmão nos últimos anos, o agora presidente do Conselho de Beneméritos do Vasco se viu diante do problema no cérebro em 2018. O tratamento adotado foi uma radiocirurgia, opção que evita cortes, anestesias e internações. “O tratamento pega muito esse lado emocional mesmo. Não é fácil, mas vamos seguindo. A evolução tem sido boa. Mexe com o coração, mas não com o raciocínio”, explicou o dirigente. No decorrer do tratamento, Eurico Miranda ainda sofreu um derrame que lhe causou algumas sequelas temporárias. “Acaba afetando a parte motora. Mas estou superando também””, disse o cartola que tenta não se abalar com a sequência de problemas de saúde.

A caminhada que já era difícil durante a última gestão no comando do Vasco ficou seriamente comprometida. E Eurico Miranda, então, passou a fazer uso de uma cadeira de rodas. Seja em reuniões na sede náutica da Lagoa Rodrigo de Freitas, nas idas a São Januário ou em outros eventos, o dirigente se locomove desta maneira, apoiado por seguranças e assessores. Enquanto Eurico tenta se manter de pé, ainda que no discurso, seus aliados se preocupam com o agravo no quadro médico recente. A cena da emoção na Alerj já tinha sido verificada em encontros fechados em São Januário. Em sua sala – Conselho de Beneméritos – Eurico tem recebido pessoas próximas e se emocionado ao contar dos problemas recentes. A opção de conversar até mesmo com ex-aliados então afastados surpreendeu. Conversas seguidas de lágrimas se repetiram nas últimas semanas. Os mais próximos ainda explicam que a saída da presidência abalou o cartola. Para amigos e familiares, a saúde de Eurico “se regula” por seu momento político no Vasco. Se está no comando, as coisas melhoram. Se sofre derrotas internas, a fragilidade aumenta. Questionado sobre o futuro de sua recuperação, Eurico respondeu com a voz embargada. “Espero comemorar mais uns aniversários do Vasco”

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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