Da Folhape
O ex-governador Marco Maciel é autor do programa “Compromisso com a Nação”, que determina as diretrizes da Aliança Democrática no processo de redemocratização do Brasil pós-regime militar de 64. O documento é reflexo de uma intensa articulação política da qual Maciel foi um dos protagonistas no sentido de levar Tancredo Neves à presidência, para garantir uma “transição sem riscos”.
Os pormenores desse episódio estão presentes no livro “Marco Maciel: um artífice do entendimento”, assinado pelo jornalista Angelo Castelo Branco e prefaciado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O lançamento acontece na noite de hoje, às 19h, na Academia Pernambucana de Letras.
O título é composto por trinta capítulos e mais de 70 fotos históricas que recompõem 50 anos da carreira política de Marco Antônio do Rego Maciel. O político pernambucano, formado em Direito, ocupou todos os cargos estratégicos no Legislativo e no Executivo: foi deputado estadual, duas vezes deputado federal (assumindo a presidência da Câmara no segundo mandato), ministro da Educação e Cultura, ministro-chefe do Gabinete da Presidência da República, senador por três mandatos, governador de Pernambuco e por duas vezes vice-presidente do Brasil.
Sacerdócio
De acordo com seu biógrafo, Maciel foi político a vida toda, uma dedicação integral herdada do pai, José do Rego Maciel, ex-prefeito do Recife e ex-deputado federal. “Marco Maciel é um ser político, dedicado à República. Ainda jovem o pai lhe disse: ‘Política é sacerdócio. Quando abraçar a carreira política, esqueça outra atividade na sua vida’ e assim Marco Antônio o fez”, conta Castelo Branco, que foi Secretário de Imprensa de Maciel.
Está presente no livro um capítulo importante na história do pensamento político brasileiro contemporâneo: o Compromisso com a Nação. “A construção desse documento ensejou o apoio pluripartidário à candidatura de Tancredo Neves e José Sarney. O Compromisso inspirou a transição do Regime Militar à redemocratização sem derramamento de sangue”, relata o biógrafo.
Maciel resume a ideia do programa em reedição do documento para a Biblioteca do Senado Federal: “Buscar sempre, entre o que nos separa, aquilo que nos pode unir, parece constituir o grande objetivo da Política, porque, se queremos viver juntos na divergência, princípio vital da democracia, estamos fadados a nos entender”.
Neste perfil, nomes como Roberto Magalhães, Gustavo Krause, Roberto Parreira, Antônio Araújo, Everardo Maciel, Joaquim Francisco, José Jorge e Nilson da Silva Rebello endossam o relato sobre Maciel. FHC em seu prefácio, acentua a confiança que tinha em seu vice-presidente por duas vezes. “Marco foi o vice-presidente dos sonhos. Quando estava no exterior, confiava tanto nele que nem me ocorria saber como iam as coisas: iriam do mesmo jeito caso eu estivesse no Brasil”, sublinha.
Este relato é o oitavo título da Coleção Memória, que destaca em biografias, figuras expressivas da história política e cultural de Pernambuco.