Com intenção de ser alternativa de terceira via na disputa presidencial, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro fez seu primeiro gesto na direção de partidos do chamado Centrão. Moro declarou que não se pode generalizar e que há “pessoas boas” no Centrão. Na semana passada, Moro se filiou ao Podemos e, nessa quarta-feira, anunciou que o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore é parte de seu grupo de conselheiros.
— Existe uma linha de princípio que há ética na política. Existem partidos e pessoas no Centrão que são pessoas boas. Não pode fazer essa generalização. Dentro de cada partido tem bons indivíduos que podem somar com projeto e diálogo republicano — disse o pré-candidato à Bloomberg.
Conhecido por seu discurso anticorrupção, Moro, ex-juiz da Operação Lava-Jato, avalia que “houve uma perspectiva de mudança (no país) e as pessoas se frustraram porque expectativas não se confirmaram”.
— Muita gente sente aquele espírito de desolação, de que está tudo perdido. Precisamos apresentar projetos que tenham credibilidade — declarou o ex-juiz.
Segundo a Bloomberg, Moro está disposto a conversar com políticos de todos os espectros, com exceção do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula, líder nas recentes pesquisas de intenção de votos.
O ex-ministro de Bolsonaro contou à Bloombreg que está conversando com outros pré-candidatos à Presidência, como os governadores João Doria (PSDB) e Eduardo Leite (PSDB), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e a senadora Simone Tebet (MDB), mas que ainda não definiu o perfil da chapa que deseja liderar:
— O foco agora é a construção de um programa de governo.
Moro também tem apostado em assuntos como inflação, pobreza e o papel do Estado em um país extremamente desigual. Moro afirmou que acredita no livre mercado, disse que a inflação é um problema que precisa ser controlado com maior “credibilidade fiscal” e que empresas estatais ineficientes deveriam ser privatizadas.
Sobre a Petrobras, o ex-ministro disse que precisa estudar melhor a a situação da empresa.
— A Petrobras tem acionistas privados, uma intervenção que vai gerar prejuízos aos interesses dos acionistas certamente vai levar a indenizações bilionárias. É preciso ter um estudo para analisar se cabe privatizá-la. Se sim, como seria esse modelo. Não são respostas absolutas.
Apesar das críticas que sofre tanto de bolsonaristas, que o acusam de traição ao presidente, quanto de lulistas, que avaliam que ele foi parcial na condenação do petista, Moro garantiu que está pronto para a arena política:
— Eu não sou um novato. Tenho uma carreira que me precede em casos muito difíceis. Fui juiz da Lava-Jato, a maior operação de investigação contra a corrupção da história do Brasil. Se isso não me dá credibilidade e couro grosso, não imagino o que me daria — finalizou.
Agência O Globo