Falência de lotéricas é responsabilidade da Caixa Econômica

As lotéricas, que atuam como importantes correspondentes bancários por todo o País, responsáveis em 2016 por 66% das transações da Caixa Econômica estão ameaçadas de extinção. Isso ocorre por conta de grande defasagem no repasse que a CEF faz para cada transação bancária que as lotéricas realizam, deixando-as no no vermelho. Hoje, o valor deveria ser, pelo menos, 63% maior. Em média, uma lotérica tem 60% de seu atendimento concentrado em serviços de grande apelo social, as transações bancárias: pagamento de contas, saques, depósitos, etc. E, em lojas localizadas no interior dos Estados ou em regiões mais pobres, esta média cresce para até 80%.

Somente no ano de 2016 foram 500 lotéricas fechadas, o que gerou 2 mil desempregados. “Não queremos brigar. Queremos atenção e uma solução da Caixa para nosso problema. Lotéricas estão fechando, funcionários sendo demitidos e a população mais carente sente isto também, pois é na lotérica que eles podem recorrer para serviços bancários. Temos um papel social também ao levar serviços bancários às pessoas”, afirma Adriana Domingues, Diretora de Comunicação da ALSPI – Associação dos Lotéricos.

Para protestar e tentarem ser ouvidos, mais de 2 mil lotéricos, de todo o Brasil se reuniram no dia 30 de março na Avenida Paulista, em São Paulo, para reivindicar uma solução. Na data, uma comissão da Associação dos Lotéricos entregou as reivindicações dos empresários lotéricos a representantes da Caixa Econômica, que não se manifestou a respeito até o momento.

Números
Em 2016, as lotéricas foram responsáveis pela maior parte das transações bancárias da CEF (66% da quantidade de transações e 55% do valor transacionado, o que representa 5,8 bilhões de transações bancárias), no entanto, as lotéricas estão trabalhando no vermelho e falindo.

Os repasses para cada transação bancária são 63% menores do que o necessário para que a lotérica cubra os custos da operação. Atualmente, para cada transação, a CEF repassa em média R$ 0,54, enquanto o valor deveria estar na ordem de R$ 0,88. O reajuste, acontece a cada 20 meses, sempre abaixo da inflação do ano.

Além disso, a Caixa não arca com o custo do carro forte para transporte do dinheiro que é da própria CEF, o que causa mais um déficit para as lotéricas.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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