Pedro Augusto
A população local atualmente encontra-se perplexa como o grau de violência pode ter aumentado de um dia para o outro em Caruaru. Se não bastassem as já rotineiras ocorrências de homicídios, assaltos, arrombamentos, atropelamentos, dentre outros tipos de crimes que têm sido registrados a todo o momento na cidade, esta semana os caruaruenses tiveram de assimilar mais um desses casos que geralmente ficam marcados na memória de todos por bastante tempo. Embora estivessem em casa e fossem considerados cidadãos de bens, integrantes de uma mesma família acabaram sendo impiedosamente assassinados na noite da última terça-feira (21), no Sítio Lagoa do Paulista, na zona rural.
De acordo com informações repassadas pela Polícia Militar, os agricultores Geraldo José da Silva, o “Nilson”, de 61 anos, e Joselma Pereira da Silva, de 52, estavam dentro de casa na companhia dos filhos Geraldo José da Silva Filho, o “Geraldinho”, de 23 anos, e Maria Madalena Pereira da Silva, de 24 anos, quando foram surpreendidos com a chegada de quatro criminosos fortemente armados. Sem tempo a perder, os assassinos acabaram efetuando vários disparos contra as vítimas e, em seguida, roubaram as motocicletas XRE 300 de propriedade dos filhos do casal. Tanto Joselma como Maria Madalena morreram no local, já Geraldo e Geraldinho foram encaminhados para o HRA em estado grave.
Baleado com quatro tiros de revólver, o idoso acabou falecendo poucas horas depois, enquanto o jovem respirava com o auxílio de aparelhos já no Hospital da Restauração, no Recife, até o fechamento desta matéria. Geraldinho foi atingido com dois tiros, sendo um na cabeça e outro no abdômen.
Quanto a Joselma e Maria Madalena, elas acabaram sendo alvejadas, respectivamente, na boca e na cabeça. Segundo informações de moradores da comunidade, a família executada era bem quista por todos, bem como não possuía qualquer envolvimento com o crime. Os relatos dos populares acabaram sendo confirmados pela Polícia Civil já na manhã da última quinta-feira (23), na sede da Delegacia Regional de Caruaru.
Na data e local, o chefe da Divisão de Homicídios do Agreste, Bruno Vital, confirmou em coletiva as boas condutas das vítimas, porém não quis dar mais detalhes sobre a dinâmica da tragédia. “Podemos adiantar que todo o aparato policial da Delegacia de Apuração Especial de Homicídios foi acionado para atuar neste caso, bem como destacamos os trabalhos do IC e da Polícia Militar. Os crimes foram covardes, já estamos de posse de algumas informações, mas não podemos adiantá-las para não atrapalhar as investigações. As mortes tiveram características de latrocínio (assalto seguido de morte), mas ainda é cedo para descartarmos outras possibilidades. Os assassinos podem ter forjado uma situação, neste caso os roubos das motos, para encobrirem um crime de execução.”
De acordo com o perito criminal Bruno Santos, que também participou da coletiva, a série de mortes ocorreu de forma bastante intensa. “Constatamos um desalinho elevado na cena do crime denotando possíveis brigas e correrias. Não podemos confirmar o número exato, porém mais de uma pessoa esteve participando dos crimes. Devido às dificuldades de iluminação do local, já que se trata de uma área da zona rural, tivemos de fazer uma perícia complementar já na manhã da última quarta-feira (22). O perito do caso, Carlos Lima, está empenhado para oferecer subsídios que possam levar a polícia a identificar e, posteriormente, prender os bandidos.”
Com o objetivo também de contribuir com a polícia na captura dos criminosos, o Disque-Denúncia Agreste está oferecendo recompensa de R$ 2 mil. As informações podem ser repassadas tanto pelo telefone 3719-4545 (DD Agreste), como pela internet: www.disquedenunciape.com.br. “Já recebemos algumas informações a respeito dos crimes e as repassamos para a Civil. Mas é importante que a população continue contribuindo para que possamos chegar ao mais rápido possível à prisão desses assassinos. Nunca é demais relembrar que o anonimato é garantido e as informações estão passíveis de repasse de recompensa”, destacou o coordenador do Disque-Denúncia Agreste, Alexandre César.
Motos
Durante a coletiva de imprensa, equipes da Polícia Civil e do Instituto de Criminalística acabaram se deslocando para Serra dos Cavalos, também na zona rural da cidade, onde encontraram as duas motocicletas que foram roubadas na série de mortes. Apesar de estarem totalmente carbonizados devido ao ateamento de fogo por parte dos executores, os veículos apresentaram características correspondentes às motos que foram levadas. Uma perícia no local foi realizada pelo IC.
Despedida
Bastante queridos pela comunidade do Sítio Lagoa do Paulista, as vítimas acabaram arrastando uma verdadeira multidão para a Capela de São José, onde seus cadáveres foram velados. Na sequência, os parentes, amigos e jornalistas que estavam fazendo a cobertura do velório seguiram em comboio pela BR-232 até o Cemitério Parque dos Arcos, onde já no fim da manhã da última quinta-feira (23), os corpos acabaram sendo sepultados.
