Aprovada em setembro, a proposta de formação de uma federação partidária entre PT, PCdoB, PSB, PV e PSOL é debate nas instâncias internas dos partidos. No Partido dos Trabalhadores, a iniciativa divide a opinião de lideranças e tendências da legenda. O secretário Nacional de Comunicação do Partido dos Trabalhadores, Jilmar Tatto, é um dos representantes petistas a se posicionar contra a proposição.
Segundo ele, a federação atropela o processo político, não garante o aumento da bancada, reduzirá o número de pré-candidaturas da sigla e inibe o surgimento de novas lideranças.
“Colocar a carroça na frente dos bois, ou seja, investir tempo e energia em debates burocráticos não contribui para o avanço da luta. Por outro lado, é um equívoco apostar que a “Federação” garantirá aumento de bancada no Congresso Nacional, considerando que os adversários também farão o mesmo movimento. Além disso, a Federação imporá uma natural redução do número de candidaturas e, mais do que isso, da diversidade da representação popular. Em particular, a tese contraria o movimento partidário de estímulo ao surgimento de novas lideranças nos mais diversos segmentos sociais”, critica.
O secretário de Comunicação ainda classifica a proposta como genérica. “[…] a proposta da Federação é genérica, faltando uma regulamentação detalhada para o seu funcionamento. Um processo que está a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF), e não daqueles diretamente envolvidos e afetados. Ou seja, os parlamentares detentores da representação resultante da vontade popular expressa nas urnas”, criticou.
Em artigo publicado no site do Partido dos Trabalhadores, o Comitê Nacional do DAP, que representa uma corrente interna da legenda petista, também se posiciona contra a federação partidária. “O Comitê Nacional do DAP, reunido em 30 de novembro, adotou posição frontalmente contrária à entrada do PT nessa federação. A lei da federação, adotada em setembro, vincula os partidos componentes da nova “agremiação partidária” por um mínimo de 4 anos – desde os senadores e deputados federais, até os deputados estaduais e vereadores, inclusive. A penalidade para quem sair da “agremiação” é a perda do Fundo Partidário e do direito de coligação. Luis Roberto Barroso, o presidente lavajatista do TSE, quer regulamentar até março (prazo máximo para valer nesta eleição), a federação com estatuto, programa, direção e finanças. O que vai ser do partido daqui a quatro anos?”, questiona.
A federação do PT com outras legendas divide opiniões de lideranças petistas. O instrumento é visto como uma forma de ajudar no projeto presidencial de Lula em 2022, contudo, internamente, integrantes da legenda avaliam que os impactos para o projeto nacional vão além da disputa para o Executivo federal. Alguns fatores que pesam são a divisão do fundo partidário, o impacto na eleição da bancada petista e as costuras para o pleito municipal de 2024.
Blog da Folha