Feirantes rebatem fala de secretário estadual sobre suposta influência das feiras para aumento no número casos de covid-19

Em entrevista à Rádio Jornal Caruaru, na última segunda-feira (18), o secretário estadual de Justiça e de Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, creditou às feiras realizadas, no último bimestre do ano passado, como um dos possíveis fatores responsáveis pelo aumento no quantitativo de casos de covid-19 registrados, neste início de janeiro, na região Agreste.

“Nós estamos creditando isso [aumento dos casos], infelizmente, àquele período de fim de ano, aquelas feiras que aconteceram, que coincide também com o período de férias […]. Se houver necessidade, nós podemos fechar parques, podemos fechar praias. O que nós não vamos admitir e nem queremos é que a população pague pela vida de seus entes queridos”, destacou à Rádio Jornal, Pedro Eurico.

“O governo não deixará de tomar medidas restritivas se houver crescimento. Quero pedir a população que nos ajude também no Agreste. Não podemos ver esses números caminharem para uma superlotação das UTIs”, reforçou Eurico.

Repercussão

Em Caruaru, na região Agreste, uma série de feiras é realizada de forma constante tendo como a mais famosa a da Sulanca. As afirmações do secretário causaram apreensão nos sulanqueiros, que agora temem por uma nova interrupção das atividades do empreendimento.

“Se a Feira de Caruaru fechar de novo, vamos morrer de fome. Atualmente, não existe mais auxílio emergencial do Governo e não temos como sobreviver. Todos viram a situação difícil em que ficamos no ano passado, quando houve a paralisação da Sulanca. Para a sobrevivência da cidade, a feira não pode parar”, comentou o sulanqueiro Osmar Pedro.

Procurado pela reportagem, o presidente da Associação dos Sulanqueiros de Caruaru, Pedro Moura, questionou as afirmações de Pedro Eurico quanto a suposta influência negativa das feiras de Caruaru e dos demais municípios que compõem o Polo de Confecções do Agreste (Santa Cruz do Capibaribe e Toritama) para o aumento no número de casos de covid-19, na região.

“A realidade é que as feiras do Polo de Confecções não estão provocando o aumento em relação aos casos do novo coronavírus. Todos os protocolos estão sendo cumpridos. Por exemplo, na Feira de Caruaru, mais precisamente no setor da Fundac, bombeiros civis vêm realizando fiscalizações nas 12 entradas, verificando o uso de máscaras, álcool em gel e aferindo as temperaturas de todos. Além disso, em toda feira da Fundac existem 12 lavatórios, que se encontram à disposição para que os comerciantes e compradores possam fazer a higienização”.

“Já no setor da Brasilit foram instaladas cancelas, onde os profissionais de Saúde de Caruaru só permitem a entrada das pessoas, com as utilizações de máscaras, álcool em gel e após a medição de temperatura. Além disso, todos os feirantes estão orientados a não atender os consumidores sem máscara. Portanto tanto os clientes como os feirantes se encontram cumprindo o protocolo da covid-19. Também é importante frisar que esse aumento no número de casos se deve a várias outras situações que ocorreram, como por exemplo, as Eleições Municipais 2020, onde inúmeras aglomerações foram registradas. Ou seja, as feiras não podem ser acusadas como responsáveis pelo crescimento de casos de coronavírus na região”, finalizou Pedro Moura.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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