O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública contra o Partido Progressista (PP) por improbidade administrativa. O pedido, feito por integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato do MPF, pede o pagamento de mais de R$ 2 bilhões de ressarcimento ao erário, a suspensão dos direitos políticos de dez parlamentares e perda dos direitos de contagem e fruição da aposentadoria pelo Regime Especial. Além disso, os procuradores pedem a perda dos cargos daqueles que cumprem mandato.
Os alvos são os deputados federais Nelson Meurer (PP-PR), Mário Negromonte Júnior (PP-BA), Arthur de Lira (PP-AL), Otávio Germano (PP-RS), Luiz Fernando Faria (PP-MG) e Roberto Britto (PP-BA), além dos ex-deputados federais Pedro Corrêa (PP-PE), Pedro Henry (PP-MT), João Pizzolatti (PP-SC) e Mário Negromonte (PP-BA) e de João Genu, ex-assessor do falecido deputado José Janene.
“As evidências colhidas ao longo da investigação apontam que o dinheiro ilícito da corrupção da Petrobras foi empregado para o enriquecimento ilícito dos participantes e para financiar campanhas eleitorais”, diz a Procuradoria da República no Paraná. A ação foi ajuizada no dia 22 de março.
Os esquemas
A investigação apontou dois esquemas de desvios de verbas da Petrobras envolvendo o partido. O primeiro esquema diz respeito à identificação de um enorme e complexo estratagema ilícito executado em prejuízo da Petrobras, ao menos no período de 2004 a 2014. Um cartel de empreiteiras fraudava procedimentos licitatórios da estatal em obras gigantescas, inflando indevidamente os lucros obtidos.
Nesse contexto, a ação de improbidade administrativa imputa ao Partido Progressista, a seus integrantes e a terceiros o recebimento de propinas a partir de contratações realizadas no âmbito da Diretoria de Abastecimento da Petrobras com as empreiteiras Engevix, OAS, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, Camargo Correa, Odebrecht, UTC, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, individualmente ou por meio de consórcio, além da Jaraguá.
De acordo com o MPF, o montante de propinas originado desta primeira parte do esquema de cartelização chega, ao menos, a R$ 410 milhões, equivalentes a 1% dos valores dos contratos obtidos, que era pago a título de suborno. Desse total, a ação aponta que 60% eram direcionados para o Partido Progressista e seus integrantes, e 40% eram distribuídos entre executivos da estatal e operadores financeiros.
No segundo esquema, foram reunidas provas de que a Braskem, empresa do Grupo Odebrecht, também pagou propina ao PP e seus integrantes. Em troca, Paulo Roberto Costa velava por seus interesses junto à Petrobras. Embora o esquema tenha perdurado de 2006 a 2012, ele teve especial expressão na renegociação do contrato de fornecimento de nafta, em 2009.
Nesse esquema paralelo ao cartel de empresas, o montante de propinas pagas para a agremiação partidária e seus integrantes, segundo a apuração, chega ao menos a R$ 49 milhões, equivalentes à conversão para moeda nacional de US$ 24,5 milhões. Esse montante equivale a 70% do montante das propinas, que a ação indica ter sido destinado ao Partido Progressista – o restante seria destinado a Paulo Roberto Costa.
De acordo com nota divulgada pela PGR, na ação “se pediu que sejam aplicadas as sanções mais graves, referentes às situações que geram enriquecimento ilícito, e subsidiariamente as demais sanções”.