No dia 11 de maio deste ano, após a morte de uma gestante no Rio de Janeiro, dias depois de ter recebido a vacina da Oxford/AstraZeneca, o Ministério da Saúde (MS) decidiu interromper temporariamente a vacinação de grávidas e puérperas com o imunizante produzido no Brasil pela Fiocruz. Isso gerou um grande alvoroço na população, fazendo com que muitas mulheres passassem a se questionar sobre a eficácia e benefícios reais da vacina.
“A decisão do Ministério da Saúde nada mais é do que uma cautela que o programa nacional de imunizações tem até o fechamento do caso, visto que até o momento não há estudos que comprovem a relação da vacina com o óbito da grávida”, afirma a especialista Andressa Oliveira, enfermeira, mestranda em Educação no Ensino de ciências e professora do Centro Universitário UniFavip, que acrescenta:
“A coordenação do Programa Nacional de Imunização explica que, enquanto a proporção de trombose e AVC (quadro apresentado pela gestante) pela vacina está em 1 caso a cada 100 mil, o número de óbitos em grávidas pela covid-19 é de 20 por 100 mil. Dessa forma, é importante que as gestantes se vacinem porque o risco de óbito por covid-19 é muito maior”, afirma.
Em contrapartida, vários casos de bebês que nascem com anticorpos contra a covid-19 estão sendo vistos no Brasil. No Acre, em Santa Catarina e na Bahia já foram registrados esses casos, evidenciando assim a transferência da memória imunológica de longo prazo (IgG) das mães para os bebês.
De acordo com Andressa, a passagem de imunidade da mãe para o bebê aconteceu através da transferência placentária, ou seja, os anticorpos chamados IGG, desenvolvidos pelo sistema imunológico da mãe depois da vacina, cruzaram a placenta e chegaram até o bebê.
“Vale salientar que a eficácia da proteção em recém-nascidos e o momento ideal de vacinação materna permanecem “desconhecidos”. Mais estudos serão necessários para quantificar anticorpos neutralizantes virais presentes em bebês nascidos de mães vacinadas antes do parto. No entanto, notícias como essas nos enche de esperança”, destaca a docente, que respondeu algumas perguntas importantes sobre o tema. Confira:
Diante do cenário pandêmico, a gestante deve se vacinar?
SIM. A OMS recomenda que as gestantes não sejam desencorajadas a vacinação, uma vez que os riscos pelo acometimento da covid-19 são ainda maiores que os possíveis efeitos colaterais provocados pela vacina.
Qual vacina deve ser tomada por gestantes e puérperas?
O Ministério da Saúde determinou que a vacinação de gestantes e puérperas (mães de bebês com até 45 dias) fosse restrita aos imunizantes da CoronaVac e Pfizer, até que estudos mais efetivos da Aztrazeneca sejam realizados.
Quem são as gestantes que devem tomar a vacina no momento?
Aquelas que tiverem algum problema de saúde devem ser imunizadas com doses da Coronavac/ Butantan e Pfizer.
Qual a orientação para gestantes que foram vacinadas com a oxford/astrazeneca?
O Ministério da Saúde orienta que elas aguardem o parto e o fim do puerpério (45 dias depois do nascimento do bebê) para tomarem a segunda e, assim, completar o esquema vacinal.
O que essas gestantes precisam fazer?
Apesar de a probabilidade de trombocitopenia ser mínima, ficar atento aos sinais de alerta. São eles: falta de ar severa, dor no peito, inchaço nas pernas, dor abdominal persistente, fortes dores de cabeça ou outros sinais neurológicos, como confusão e visão turva. Se surgirem, procure IMEDIATAMENTE, o serviço de saúde.